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Após suspeitas de fraude, governo cancela leilão do arroz importado; secretário pede demissão

O leilão arrematou 263,7 mil toneladas de arroz importado, com objetivo de evitar alta dos preços.

O governo federal anulou hoje,11/6, o leilão de compra internacional de arroz após denúncias de que as empresas vencedoras não eram do ramo e não tinham capacidade para realizar a importação.

O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pediu demissão nesta manhã. Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o pedido foi aceito e ele será exonerado do cargo. Seu nome entrou na berlinda após denúncias do envolvimento da corretora de um ex-assessor no certame.

O leilão arrematou 263,7 mil toneladas de arroz importado, com objetivo de evitar alta dos preços. A crise foi instalada, no entanto, após o anúncio que empresas sem proximidade com o produto ganharam o leilão de importação.

Depois de convocar as empresas vencedoras, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) constatou que não haviam capacidade para entrega. O anúncio foi feito hoje pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, por Fávaro e pelo ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Um novo leilão será realizado, ainda sem data. Segundo Fávaro, a AGU (Advocacia-Geral da União) ajudará na elaboração do novo edital para que haja “mais transparência”.

Polêmicas após resultado

O leilão foi realizado pelo governo para suprir as perdas do Rio Grande do Sul. Entre as empresas vencedoras, havia sorveterias e locadoras de automóveis. Só uma das vencedoras, Zafira Trading, é do ramo, conforme revelou o Estadão.

Pretto argumentou que, como o leilão foi feito com Bolsas de Mercadorias, só se descobriu o segmento das vencedoras depois do resultado. “A partir da revelação de quem são essas empresas, começou os questionamentos se essas empresas teriam capacidade técnicas e financeiras para honrar os compromissos de um volume expressivo de dinheiro público.”

“Não tem como a gente depositar o dinheiro público sem ter as garantias de que esses contratos serão honrados”, admitiu. Segundo o presidente da Conab, o governo não realizou nenhum pagamento as vencedoras.

Um novo edital revisado será lançado, com auxílio da AGU e da CGU (Controladoria-Geral da União). “Vamos revisitar os mecanismos que são estabelecidos para esses leilões.

Saída de Geller

A permanência de Geller estava inssutentável. Ele já havia sido cobrado por Lula para que explicasse a possível relação entre sua família e uma das corretoras do certame.

A principal corretora do leilão, FOCO Corretora de Grãos, pertence a um ex-assessor de Geller. Conforme revelou o Globo Rural, Robson Almeida de França, trabalhou com o secretário enquanto deputado e é sócio de seu filho, Marcello Geller.

Fávaro negou irregularidades. “[Não houve] nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que, de fato, gerou um trasntorno e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, afirmou o ministro.

A exoneração do diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, que organizou o leilão, não foi confirmada. Ele foi indicado diretamente por Geller e também deverá ser substituído.


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