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Brasil

Anvisa autoriza importação de matéria-prima para produção da vacina Coronavac pelo Butantan

O material virá da empresa chinesa Sinovac, que mantém uma parceria com instituto para desenvolvimento e produção do imunizante contra a Covid-19; primeiro lote local deverá ficar pronto em janeiro de 2021.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou nesta quarta-feira (28) a importação, em caráter excepcional, de matéria-prima que deverá ser usada na produção de vacinas contra Covid-19 pelo Instituto Butantan. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O material será importado da empresa chinesa Sinovac, que mantém uma parceria com Butantan para desenvolvimento e produção da vacina Coronavac. A decisão ocorre após críticas do instituto sobre a demora da agência em autorizar o pedido, que havia sido feito em 23 de setembro.

Nesta quarta (28), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a demora na liberação provocaria um atraso no cronograma de produção da vacina Coronavac, a qual deveria ter sido iniciada na segunda quinzena de outubro.

Consultado pela Folha após o pronunciamento da Anvisa, afirmou que esse atraso deve ser de 20 dias, o que empurraria pra janeiro de 2021 a finalização do primeiro lote local. “Vamos correr, acelerar [a produção]”, disse.

O plano original do Butantan era receber 6 milhões de doses da vacina Coronavac já pronta ainda em outubro e, em seguida, fabricar no Brasil, até dezembro, outras 40 milhões de doses a partir da matéria-prima vinda da China. O aval para a importação das 6 milhões de doses foi dado na última semana. Faltava ainda, porém, a autorização para a matéria-prima, solicitada, segundo Dimas Covas, em 23 de setembro.

Inicialmente programada para ocorrer em reunião no dia 4 de novembro, a decisão da Anvisa foi tomada por meio de um novo procedimento, chamado de circuito deliberativo, modelo em que diretores podem adiantar a votação de determinados temas. A medida dá aval à importação de 120 bolsas, de 200 litros cada, “de formulado em granel usado na produção de vacina adsorvida Covid-19”.

De acordo com a agência, a autorização tem caráter excepcional, já que a vacina ainda está na última fase de estudos, e o uso do produto ficará condicionado à aprovação de seu registro. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem enfatizado que um compromisso de compra da vacina do Butantan pelo governo federal depende também desse aval.

À Folha o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, negou que tenha havido demora na análise do pedido do Butantan. Segundo ele, o pedido tinha informações que precisavam ser esclarecidas – uma delas eram dados sobre o volume a ser importado, de acordo com a agência.

“Dizer que deu entrada no dia 23 de setembro é a informação mais importante? Não. O processo não entra perfeito e passa pelas áreas internas da Anvisa para ser analisado. Não estamos falando de uma lista de compras que vamos fazer em alguma loja, mas de produtos que serão injetados em seres humanos, e a análise tem que ser bem feita.”

De acordo com Barra, as respostas do Butantan foram enviadas à agência na última semana. Ele nega que haja interferência política. “Questão política parece existir, mas fica do nosso muro para fora, como tem que ser”, disse.

Na decisão, a Anvisa diz ainda que o instituto “deverá manter o produto [em referência à vacina que for produzida] em suas instalações, e em perfeitas condições de acondicionamento, até que possa ser utilizado ou destruído”, e lembra que os estudos “ainda estão em andamento e não existe previsão de data para a vacinação”.


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