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Brasil

8 de Janeiro: metade dos acusados recusou acordo para se livrar de prisão, diz Veja

Proposta foi feita a cerca de mil denunciados, mas só 527 aceitaram até agora pagar multa, ficar longe das redes sociais e fazer curso sobre democracia

Embora o argumento de quem pede a anistia dos participantes dos atos de 8 de Janeiro seja o de que se tratam de pessoas comuns que não cometeram crimes graves e receberam penas desproporcionais, uma boa parte dos investigados no episódio teve a oportunidade de se livrar das acusações, mas rejeitou fazer um acordo para se livrar da prisão. As informações são da Veja.

Segundo estimativa do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, foi oferecida a possibilidade de um acordo de não persecução penal a dois terços dos processados — ou que dá perto de mil acusados de um total de 1.552 que tiveram a denúncia aceita pelo STF. Balanço feito pela Corte, no entanto, mostra que apenas 527 pessoas concordaram em firmar o acordo e receber penas alternativas, como pagamento de multa de 5.000 reais (opção para quem pudesse pagar), proibição de frequentar as redes sociais por dois anos e fazer um curso sobre democracia oferecido pelo Ministério Público.

Para Barroso, o dado serve para “desmistificar a ideia de que nós estamos lidando com o ambulante ou com a costureira que foi a Brasília invadir”. “São pessoas que têm o radicalismo ideológico a ponto de preferir a condenação a aceitarem o acordo de não persecução em bases bastante leves como estas que foram apresentadas”, disse o ministro em janeiro, durante entrevista. “Portanto há uma dimensão de postura de radicalidade que desmistifica um pouco a suposta inocência ou ingenuidade das pessoas que praticaram atos bárbaros de violência”, completou.
Ato em Copacabana

No último domingo, 16, durante ato na praia de Copacabana, o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados discursaram a favor da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. A estratégia é usar alguns exemplos de condenados para tentar fragilizar a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República. Durante seu discurso, ele citou o nome de cinco mulheres com mais de 60 anos que, segundo ele, estariam sendo perseguidas injustamente, e chegou a levar para o alto do carro de som a família de um dos condenados. “Hoje vamos falar sobre a vida de inocentes, sobre a vida de pessoas que não cometeram nenhum ato de maldade, que não tinham intenção e nem poder de fazer aquilo de que estão sendo acusadas”, afirmou.
Balanço

De acordo com relatório divulgado pelo STF, 2.172 pessoas foram presas em flagrante por ocasião dos atos de 8 de janeiro de 2023 e foram oferecidas 1.659 denúncias, sendo que 1.552 delas foram aceitas — 107 ainda estão em fase de recebimento. Dos mais de 898 réus responsabilizados criminalmente até janeiro deste ano, 225 foram condenados por crimes graves, segundo o relatório do Supremo.


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