Amazonas
Terras indígenas na Amazônia Legal absorvem poluição causada pelas queimadas, diz estudo
Pesquisadores do Brasil, dos EUA e do México concluíram que um quilo de poluição na região da Amazônia legal causa 23 infecções e custa R$ 14 mil ao SUS.
Um estudo realizado por pesquisadores do Brasil, dos EUA e do México mostra que as terras indígenas na Amazônia Legal absorvem um quarto da poluição causada pelas queimadas na região. O relatório concluiu ainda que a preservação dessas áreas ajuda a evitar doenças e a economizar bilhões de reais em tratamentos médicos.
Segundo o estudo, para cada quilo de partículas poluentes jogado na atmosfera, em queimadas na região da Amazônia Legal, há 21 casos de infecção cardiorrespiratória, em moradores dos 772 municípios da área, e dois casos em territórios indígenas.
O preço médio para tratar cada paciente foi de R$ 635, ou seja, cada quilo de poluição na atmosfera gera um custo de R$14 mil para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Preservação geraria economia na saúde
Como as áreas indígenas da Amazônia Legal são responsáveis por 27% da poluição, a preservação dos territórios da região geraria uma economia em saúde de R$10 bilhões, por ano.
O estudo levou três anos para ser concluído e, nesse período, especialistas em sensoriamento remoto, economistas, epidemiologistas e ecólogos analisaram dados obtidos entre 2010 e 2022, pelo INPE, MapBiomas, Nasa e Ministério da Saúde. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Communications, Earth & Environment, do Grupo Nature.
Paula Prist, líder da pesquisa, explica que o principal vilão da poluição causada pelas queimadas é o chamado PM 2.5, partículas com menos de 2,5 milímetros.
“Ele é particularmente importante porque por ele ser pequeno, fica suspenso no ar por muito tempo, e consegue ser dispersado por longas distâncias. A gente quando respira, inala, ele se deposita no nosso organismo, por isso, que é tão maléfico para a nossa saúde”, explica Paula.
A poluição não respeita os limites dos municípios
Os cálculos mostram que para cada 1% de floresta derrubada dentro de um município da Amazônia Legal, em média, 82 moradores desta cidade apresentam alguma infecção cardiorrespiratória.
Nos últimos 30 anos, enquanto as terras indígenas perderam 1% da cobertura vegetal, 11.500km² de mata, as demais áreas perderam 20%, o equivalente a 800 mil km² de floresta destruída.
Os povos indígenas se organizaram e criaram a COIBA (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) para lutar pela preservação.
“A gente vê a natureza além de árvores. A gente vê na natureza, além de animais, além dos rios. São vidas, então a gente se importa com isso, né?”, explica Marciely Ayap Tupari, coordenadora da COIAB.
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