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Seca no Amazonas aumenta queimadas no Pantanal e leva estiagem pelo Brasil, mostra estudo

Todo o território nacional depende da umidade que é gerada na região e depois é empurrada pelo país.

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O Amazonas vive uma seca intensa, e a avaliação é a de que ela vai ser ainda mais dramática que a estiagem histórica de 2023, de acordo com informações publicadas no site g1. Para se ter noção da gravidade atual, as autoridades pediram que pessoas estoquem água e comida para enfrentarem a baixa dos rios em algumas regiões.

A seca no Norte também ameaça o restante do país. A falta de água na maior bacia hidrográfica do mundo é um risco não só para o Amazonas.

A seca aumenta os fatores que tornam os incêndios mais severos. No Pantanal, os focos de fogo se aproximam dos vistos em 2020, quando a queimada bateu recordes históricos. Enquanto isso, o Brasil bate o recorde de focos para o período dos últimos dez anos.

Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão ligado ao governo federal, em junho de 2023, quando a seca ganhou força, havia uma cidade sobre seca extrema em todo o território nacional; agora, são 82. Outros 44 municípios tinham sido classificados como em estado de seca severa; agora, são 735.

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1. Qual a situação da seca no Amazonas?
As autoridades vêm alertando a população de que o ciclo de seca de 2024 pode ser o pior da história, superando o desastre de 2023.

Com o ciclo de secas que se estende desde o ano passado, o estado não conseguiu se recuperar e começou a temporada com a situação mais grave que a vista antes, e a região já vive as consequências:

O Rio Purus, importante para o abastecimento e navegação, está com um déficit de água (menos chuva) maior que no ano passado.

Ao todo, 19 rios receberam neste ano menos água do que 2023, o que indica que a descida pode ser mais severa.
O Solimões, na altura da cidade de Tabatinga, já registrou uma descida de quase um metro em cinco dias.

A Defesa Civil estadual recomendou que moradores de regiões muito afetadas na última seca, e que ficaram isoladas – já que um meio de transporte importante no Amazonas é a navegação – estocassem água e comida desde já.

A associação que representa as empresas na Zona Franca de Manaus disse que há preocupação de novas perdas.

Para tentar evitar as perdas e o impacto no preço dos produtos, o governo federal anunciou um investimento de mais de R$ 500 milhões para a dragagem dos rios, processo que “escava” para que o rio possa ficar mais fundo e permitir a navegação.

Ainda não há como mensurar o estrago que pode ser causado, mas há como ter uma ideia, pelo que houve em 2023.

O Rio Negro, importante afluente da bacia amazônica, chegou ao nível mais baixo registrado em mais de 100 anos.
A seca afetou 62 cidades e impactou mais de 600 mil pessoas, centenas de animais morreram, e a economia viu uma perda bilionária para a região e para o país. Isso porque o Amazonas abriga um dos maiores polos de produtos eletrônicos, a Zona Franca de Manaus.

As empresas anunciaram gastos de R$ 1,4 bilhão pela falta de água, o que impactou o preço dos produtos que são distribuídos para todo o território nacional.

2. Por que o estado vive um novo ciclo de estiagem?
Segundo os especialistas, as bacias vivem ciclos de seca e de chuva, que criam o seu equilíbrio. No entanto, este ano, o volume de chuva foi muito menor do que o esperado.

“A estação chuvosa, que deveria estar acabando agora, foi muito baixa. De forma geral, vimos chover menos do que 5% do que deveria acontecer. Tivemos os níveis mais baixos registrados até então, diz Renato Cruz Senna, climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Isso é reflexo da união de dois fatores:

1)Atuação do El Niño:
De um lado, houve o El Niño, que aumentou a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Isso mudou os padrões de ventos e umidade, se traduzindo em menos chuvas e aumento das temperaturas, principalmente no Norte. O El Niño já acabou, mas por sua intensidade, seus efeitos ainda devem ser sentidos ao longo dos próximos meses.

2)Aquecimento do Atlântico Tropical Norte:
De outro lado do continente, há o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, que fica logo acima da linha do Equador e que também inibe a formação de nuvens. Isso também reduziu o volume de chuvas na Amazônia. O fenômeno é causado, principalmente, pelas mudanças climáticas.

A esperança dos especialistas é que, com a chegada da La Niña, quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico, haja mais chuva na região, e isso ajude a bacia a se recuperar e a situação não chegue às estimativas atuais, que são dramáticas.

“A gente precisa que a La Niña seja típica, ou seja, que ela aja como o esperado e traga a chuva. Isso é uma incerteza porque a gente teve um El Niño atípico, muito mais intenso, que mudou padrões e, justamente, intensificou a seca que estamos vendo”, disse Ana Paula Cunha, especialista em secas no Cemaden.

3. Como o que acontece no Amazonas afeta o Brasil?
O Amazonas é o maior estado do país, mas a seca que ocorre ali não reflete apenas em sua população. A seca de 2023 ditou o que ocorre hoje no país, e o agravamento da situação coloca todo o território nacional em alerta.

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Seca generalizada

Em 2023, os especialistas já previam que a seca no estado poderia alastrar a estiagem por boa parte do território nacional, incluindo o Sudeste, e isso de fato aconteceu.

A Amazônia é uma exportadora de umidade para o restante do país, e é esse processo que favorece a chuva em boa parte do território nacional. A umidade chega do oceano pela Foz do Amazonas e circula pela Amazônia, que empurra esse ar úmido para o restante do país.

A alteração deste ciclo leva a seca para além do Amazonas. Se não há umidade na Amazônia, não há como distribuí-la pelo Brasil, e o resultado é um efeito cascata com a seca em todo o território nacional. O Cemaden mostra que, este ano, a seca mais severa está generalizada.

A seca está tomando o país e vem pior do que o ano passado. Isso significa fogo em várias áreas do território, falta de chuva e impacto no abastecimento. O nosso sistema é interligado.
— Ana Paula Cunha, especialista de secas do Cemaen.

Ou seja, caso a situação siga se agravando, com uma La Niña menos impactante que o esperado, a seca vai seguir castigando todo o Brasil.

Fogo no Pantanal

A seca tomou o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, onde está o Pantanal. O bioma, que é a maior planície alagada do mundo, está se transformando em um lugar cada vez mais seco e, consequentemente, inflamável.

Um estudo inédito do Mapbiomas, que será divulgado nesta semana, mostra como a área coberta de água no Pantanal vem diminuindo desde 1985. Em 2023, a área alagada ficou 61% abaixo da média histórica. (Leia mais aqui)

Com a estiagem deste ano, o número de focos de incêndio no bioma já supera o registrado no mesmo período de 2020, ano recorde de queimadas.

Fogo pelo país

Além disso, com o tempo seco, o fogo tem se alastrado pelo país. Segundo o monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este ano é o maior em registros de focos de incêndio no país nos últimos 10 anos.


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