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Amazonas

Rios Negro, Solimões e Amazonas devem ter cheias de grandes proporções em 2023, prevê Serviço Geológico

1º Alerta de Cheias do Amazonas, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil, indica que níveis das águas devem superar cotas de inundação.

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O 1º Alerta de Cheias do Amazonas de 2023 indica que os níveis dos rios Negro, Solimões e Amazonas devem superar as cotas de inundação neste ano durante o pico, que ocorre entre maio e junho. As informações foram divulgadas, nesta última sexta-feira (31), pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), com base em dados gerados a partir do Sistema de Alerta Hidrológico (SAH) do Amazonas. São monitoradas áreas que abrangem os municípios de Manaus, Manacapuru e Itacoatiara, onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas.

De acordo com a engenheira Jussara Cury Maciel, pesquisadora responsável pelo SAH do Amazonas, a previsão é que, em Manaus, o Rio Negro chegue a aproximadamente 28,64 metros, com intervalo provável entre 27,89 m e 29,40 m (intervalo de confiança de 80%). Esse nível corresponde à cota de inundação, em que o primeiro dano é registrado no município. A probabilidade de alcançar a cota de inundação severa (29 m) é de 27,07%, e a de chegar à máxima (30,02 m registrados em 2021) é de 0,87%.

Para Manacapuru, a previsão é de que o Rio Solimões atinja aproximadamente 19,39 m, com intervalo provável entre 18,56 m e 20,21 m. A probabilidade de ultrapassar a cota de inundação é de 97,35%. “Isso indica que é uma cheia de grande magnitude, mas não de inundação severa”, explicou a pesquisadora do SGB. Segundo os dados, a probabilidade de alcançar a cota severa (19,60 m) é de 36,59%, e a cota máxima (20,86 m em 2021) é de 0,84%.

A previsão para o Rio Amazonas, que passa por Itacoatiara, é de aproximadamente 14,2 m, nível considerado de inundação severa, em que são causados danos graves no município. O intervalo provável está entre 13,73 m e 14,67 m. “Em Itacoatiara, a média da previsão aponta um nível próximo ao início do intervalo da inundação severa. É grande a probabilidade de superar a cota de inundação (14 m), mas de superar a máxima (15,20 m em 2021), a probabilidade é pequena, de 0,15%”, informou Maciel.

A diretora de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT) do SGB, Alice Castilho, ressaltou que esse é o primeiro alerta de uma série de três, divulgados anualmente. “Temos um alerta com 75 dias de antecedência, outro com 45 e mais um com 15 dias. Então, é possível se planejar para o enfrentamento da cheia, para a cota máxima prevista para daqui a 75 dias”. As próximas previsões serão divulgadas em 28 de abril e 26 de maio.

Preservação de vidas

As previsões divulgadas pelo SGB auxiliam gestores públicos e defesas civis (estaduais e municipais) no planejamento de ações direcionadas à redução dos impactos provocados por eventos hidrológicos, como chuvas e enchentes. Desse modo, é um importante instrumento para prevenir desastres, garantir assistência à população e salvar vidas.

“Essas informações são construídas pelas mãos de pesquisadores que se dedicam a esse trabalho árduo, de contribuir para que a autoridades possam agir em prol da população que tanto necessita, principalmente as que habitam as margens de igarapés e de rios”, afirmou o Superintendente da Unidade Regional do SGB em Manaus, Marcelo Motta, durante a abertura do evento.

O secretário adjunto da Defesa Civil Estadual, Clovis Araújo, destacou que as cheias são eventos sazonais, ou seja, sempre ocorrem no mesmo período, com menor ou maior intensidade. Portanto, já é realizado um planejamento para lidar com os impactos, e os dados produzidos pelo SGB são fundamentais nesse processo. “Nosso Centro de Monitoramento acompanha diretamente essas informações para verificar as condições hidrológicas e meteorológicas e, com isso, elaborar informativos e alertas para que as defesas civis dos municípios possam ter resposta imediata aos desastres”, pontuou.

Segundo o secretário da Defesa Civil Municipal de Manaus, Gladiston Alves da Silva, a divulgação do 1º Alerta pelo SGB contribuirá para o desenvolvimento de ações mais pontuais e estratégicas. “Levamos daqui muitos dados para que possamos nos reunir com nossos técnicos, passar as informações e conseguir cada vez mais nos antecipar a essa grave situação de enchente em Manaus”.

Condições climatológicas

Além dos dados sobre os níveis dos rios, durante o evento também foram divulgadas previsões climatológicas. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Renato Senna apresentou dados que chamam atenção para o comportamento do Rio Purus, que passa pelo Acre e deságua no Solimões – rio que mais contribui para a Bacia do Amazonas. “O Purus começa a dar uma resposta diferente. A gente já sabe de relatos de áreas inundadas na cidade de Rio Branco, as quais que nunca tinham sido inundadas ou que há mais de 15 anos não apresentavam registros de inundação”, detalhou.

As previsões de chuva apresentadas pelo pesquisador do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) Gustavo Ribeiro reforçam o alerta do INPA. “Aqui no Amazonas, essa região que abrange o Rio Purus terá chuva acima da normalidade no trimestre de abril a junho”.

Sistemas de Alerta Hidrológico no Brasil – O SAH do Amazonas está em operação desde 1989. Em todo o país, o SGB opera Sistemas de Alerta Hidrológico em 67 cidades. Com as informações, é possível planejar medidas que impactam a vida de 7 milhões de pessoas.

Por meio de sensores e pluviômetros instalados nas estações da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), é medida a variação nos níveis das águas com alta precisão e a quantidade de chuva em intervalos de segundos. A RHN é de responsabilidade da Agência Nacional de Águas (ANA)


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