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Amazonas

Rio Negro para de vazar nesta segunda-feira, com cota de 6,47 metros acima da registrada em 2024, aponta Porto de Manaus

A estabilidade dos níveis dos rios é favorecida pelo cenário de neutralidade climática com condições próximas à média histórica, aponta SGB.

Com a cota de 18,90 metros (m), o Rio Negro parou de vazar nesta segunda-feira (10/11) de acordo com medição do Porto de Manaus. O nível do rio ficou parado, após descer 10,15 m desde o início da vazante, permanecendo 6,47 m acima da cota de 12,43 m, registrada na mesma data de 2024, ano da maior vazante já registrada.

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O Rio Negro teve a maior cheia já registrada na história em 2021. No dia 1o de junho, o nível das águas bateu o recorde de 2012, ano da cheia mais extrema desde que o comportamento do rio começou a ser monitorado, há 119 anos. Naquele ano, chuvas de intensidade muito acima do normal atingiram toda a Bacia do Rio Negro nesta temporada, contribuindo para que as águas subissem mais rapidamente – e muito mais cedo, em comparação a outros anos.

Em 1º de junho de 2021, o nível do rio chegou a 29,98 metros – um centímetro além da maior marca da História. No dia 5, a cheia alcançou a marca inédita de 30 metros e se mantinha nesse nível até o dia 9. A previsão dos especialistas é que o nível comece a baixar a partir daí – o que levará ainda várias semanas.

A maioria dos rios da região amazônica está em processo de vazante, mas com níveis próximos à normalidade após dois anos de seca severa. O cenário contrasta com o que foi observado no mesmo período em 2024, quando, no pico da estiagem, foram registradas mínimas históricas em estações dos rios Negro, Solimões, Acre, Purus, Madeira e Amazonas. Os dados são apresentados no 42º Boletim de Monitoramento Hidrológico da bacia, divulgado no último dia 21 de outubro.

A estabilidade dos níveis dos rios é favorecida pelo cenário de neutralidade climática com condições próximas à média histórica. Em 2023 e 2024, a seca extrema esteve associada a conjunção de um forte episódio de El Niño e de anomalias positivas nas temperaturas da superfície do mar no Atlântico tropical norte e sul. Esses fenômenos associados elevaram as temperaturas e causaram déficit nas chuvas de forma generalizada na bacia Amazônica. O prolongamento desta situação entre a seca de 2023 e a cheia de 2024 dificultou a recuperação dos rios, colaborando para um cenário de seca ainda mais crítico em 2024.
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“Neste ano, há um quadro de normalidade hidrológica, com cotas dentro da normalidade em praticamente todas as sub bacias monitoradas na região. Há pouquíssimas exceções na parte mais sul do Amazonas, onde os formadores do Juruá e do Purus apresentam níveis abaixo do esperado para a época”, explica o pesquisador em geociências Andre Martinelli, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Superintendência Regional de Manaus (SUREG-MA).

Os modelos climáticos internacionais indicam a consolidação do fenômeno La Niña para o próximo trimestre, o que normalmente contribui para o aumento de precipitação na região. Entretanto, ainda é cedo para afirmar se esse comportamento se confirmará de forma consistente ao longo dos próximos meses e se trará efeito na magnitude da enchente de 2026, observa Martinelli.

Cenário na bacia

Atualmente, os níveis dos rios ainda estão em processo de vazante na maior parte da bacia, com exceção do trecho mais à montante do rio Solimões, que já iniciou o processo de enchente. Em geral, o pico da estiagem ocorre entre outubro e novembro nesta parte da bacia. As projeções do SGB indicam que haverá uma seca dentro da normalidade na capital, ou mesmo de baixa intensidade, com níveis previstos entre 18 m e 19 m e duração de estiagem entre 60 e 85 dias. Em 2024, a cota mínima foi de 12,11 m.

Nos dias anteriores ao Boletim, foram registradas chuvas isoladas na região central da Bacia do Rio Negro, que abrange Manaus, o que gera a percepção de que o período chuvoso se iniciou antes do esperado. No entanto, foram episódios isolados e que não representam o início efetivo do regime de chuvas. Com base no acompanhamento hidrometeorológico da Bacia do Amazonas, os acumulados de precipitação do último mês indicam chuvas abaixo da média para o período em grande parte da bacia.


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