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Amazonas

Rio Negro completa uma semana de vazante atípica, aponta medição do Porto de Manaus

No ano passado, no dia 14 de novembro, o rio Negro, em Manaus, havia subido 13 centímetros e alcançado a marca de 18,01 metros.

A cota do rio Negro, em Manaus, baixou mais 3 centímetros nas últimas 24 horas e chegou a 13,01 metros, aponta medição do Porto de Manaus nesta terça-feira (14/11). O nível do rio retomou processo de vazante há uma semana, desde o último dia 8 de novembro, e baixou 23 centímetros, chegando a 31 centímetros da maior vazante já registrada, de 12,70 metros, no dia 27 de outubro de 2023.

No ano passado, no dia 14 de novembro, o rio Negro, em Manaus, havia subido 13 centímetros e alcançado a marca de 18,01 metros. A cota estava 5 metros acima da marca desta terça-feira.

De acordo com o 49º Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas, do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), da última sexta-feira, o rio Negro apresentou descidas em São Gabriel da Cachoeira ao longo da semana, mas voltou a subir no registro mais recente. Em Tapuruquara, o Negro em Manaus manteve o processo de recessão, com descidas médias diárias de 7 cm.

Em Barcelos, o rio iniciou a semana com estabilidade, mas voltou a descer nos últimos dias. Em Manaus, o rio Negro iniciou a semana com pequenas subidas e voltou a descer ao longo da semana. Os níveis desta calha são considerados baixos para esta época.

O rio Branco, um dos maiores afluentes do Negro, continua em processo de recessão, ao longo da semana apresentou pequenas descidas em Boa Vista e certa estabilidade em Caracaraí. Os níveis registrados em Boa Vista são considerados baixos para o período.

Condições climáticas muito diferentes que as observadas em outros anos estão por trás da seca extrema que castiga a Amazônia, alertam cientistas. A seca deve atingir uma área ainda maior e pode vir a se prolongar até o fim do primeiro semestre de 2024, causando uma tragédia humana e ambiental na região amazônica e com desdobramentos para o clima de outras partes do país.

Gilvan Sampaio, coordenador geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirma que o El Niño tem levado a culpa sozinho, mas não é ele o principal responsável neste momento pela estiagem severa no Sudoeste amazônico e sim aquecimento excepcional do Oceano Atlântico Tropical Norte. O El Niño, porém, deve intensificar seus efeitos já na primavera. Combinados, os efeitos dos dois fenômenos podem provocar uma seca longa e devastadora, talvez a pior dos registros.

— Temos a pior combinação possível. Se as condições atuais do Atlântico Tropical Norte permanecerem e o El Niño continuar a se intensificar, esta poderá ser a pior seca da Amazônia. E o mesmo pode acontecer no Semi-Árido nordestino em 2024 — enfatiza Sampaio.

A seca severa já fez o nível dos principais rios do Sul do Amazonas ficar abaixo da média histórica para esta época do ano, o período de estiagem.

O Atlântico superaquecido também foi a causa da devastadora seca de 2005, uma das piores registradas na Amazônia, só superada pela de 2010. Porém, diferentemente de 2023, 2005 não foi um ano de El Niño e em 2010 o Atlântico não estava tão quente quanto agora, diz Sampaio.

Por isso, este ano, com a combinação dos dois oceanos aquecidos a tendência é de uma seca generalizada no bioma.

— Este ano o Atlântico está ainda mais quente do que em 2005. Além disso, a combinação do Atlântico mais quente com o El Niño, que também reduz as chuvas na Amazônia, pode levar a uma seca de extensão e severidade ainda maior — frisa Sampaio.

À medida que o El Niño se fortalece, seus efeitos começam a ser sentidos com maior intensidade na Amazônia e a previsão é que as condições de seca avancem do Sudoeste para o Leste e o Norte da região ao longo da primavera e do verão. E perdurem pelo primeiro semestre de 2024.

Todo o Atlântico Norte e não apenas o Tropical tem estado excepcionalmente quente este ano. Anomalias de quase 2 graus Celsius na temperatura se manifestam em tempestades. Em setembro, o Atlântico Norte gerou o dobro do número de ciclones que o Pacífico, mesmo estando este em momento de El Niño. O Pacífico somou 37 ciclones contra 74 do Atlântico Norte.


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