Representante de motoristas de app chama de engodo programa de gás veicular anunciado por Wilson Lima

O presidente da Associação de Motoristas por Aplicativo de Manaus (AMAM), Alexandre Matias, classificou como “engodo político” a campanha anunciada, nesta quinta-feira (16/09), pelo governador Wilson Lima (PSC), de incentivo à conversão de veículos para uso de Gás Natural Veicular (GNV) como combustível. Pela proposta, será concedido um benefício no valor de R$ 4 mil para 250 taxistas, motoristas de aplicativo e frotistas que exerçam a atividade.

Alexandre Matias disse que a campanha não beneficia os associados e que o governador Wilson Lima pegou carona em um projeto que já era executado pela Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). “Na verdade, essa não é uma bonificação do governo. Simplesmente é um engodo político que nós estamos vendo aí porque o governo estadual não está dando nada. Simplesmente a Cigás é quem está fazendo o papel dela, de aumentar o índice de motoristas que tenham kits GNV para ela poder vender o gás que já está estocado no Amazonas”, afirmou.

Segundo Alexandre Matias, o governador Wilson Lima “pegou uma carona na bonificação que a Cigás faz anualmente”. Ele lembrou que a Cigás, anualmente, faz a doação de 250 ‘vouchers’ para motoristas em geral. “Então, com a pandemia, eles deram uma parada, nesses últimos dois anos, e reiniciaram agora. E o governador Wilson Lima pegou essa situação como uma causa deles. É uma causa da Cigás”, disse.

Alexandre Matias ressaltou conversou com representantes da Cigás no último dia 15, antes do anúncio da campanha. E afirmou que o governo “entrou, mas entrou de gaiato, não dando nada a ninguém, só colocando o nome dele lá”.

O presidente da Associação reiterou que, se a campanha não incentivar o motorista para que o financiamento, viabilizado junto à Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) antes da instalação no veículo, 90% dos motoristas, de um universo de aproximadamente 70 mil, em Manaus, não terão acesso à proposta do governo. Pelo projeto anunciado por Wilson Lima, o profissional primeiro instala o kit GNV para, depois, saber se será contemplado ou não com o incentivo de R$ 4 mil.

“Se não for aberto para o motorista conseguir esse voucher, antes da instalação, passando o voucher para a instaladora, não é viável para o motorista. Porque ele vai desembolsar cerca de R$ 5 mil entre instalação e legalização desse kit GNV, perante à Afeam, que já é uma dificuldade. A associação tentou, via Afeam, sendo que poucos cadastros foram aprovados, devido à situação dos motoristas com nomes no SPC e Serasa”, disse.

Alexandre Matias acredita “que em um mundo de quase 70 mil motoristas, 250 kits GNV não vão representar nada”. Não adianta ele abrir sete postos de combustíveis (com GNV) se o governo não deu incentivo do IPVA para quem instala GNV, que é o que estamos pedindo. A maioria, 90% dos motoristas de app não têm cinco mil reais guardados em qualquer lugar, linha de crédito para fazer isso ”, afirmou.

Alexandre Matias informou também que em Manaus cerca de 2,3 mil motoristas por aplicativo estão regularizados com kits GNV junto ao Departamento Estadual de Transito (Detran) e que o projeto de 250 incentivos não atinge nem 1% dos condutores da categoria.

“O Detran acena que nós temos 2,3 mil motoristas regularizados pagando anualmente a taxa de até 600 reais, a taxa de vistoria e regularização do Detran. Temos pelas instaladoras quase 20 mil motoristas com kit GNV no carro,e por falta de fiscalização, não é possível o cara ficar regularizado. Se não fiscaliza o cara não vai pagar. Então, hoje, esse percentual já está fechado. tem um monte de gente que não regularizou. A pessoa vai aproveitar , regularizar, pagar a taxa de 600 reais e mais vistoria, colocar documentação na Cigás e não vai acrescentar em nada, não tem um percentual, é abaixo de 1% dos motoristas que podem ser beneficiados, em relação a isso”, declarou Matias.

Taxistas

O presidente do Sindicato dos Taxistas e Condutores Autônomos de Manaus, José Carlos Augusto de Sousa, também disse que 250 incentivos não são suficientes para beneficiar a categoria, que só em Manaus, tem 4.032 profissionais regularizados. Ele informou que, durante a audiência pública que será realizada na próxima segunda-feira (20), às 13h, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE), na Comissão de Minas e Energia, irá propor que seja um quantitativo estipulado para cada categoria: “250 para atender todas as categorias não são suficientes. Vamos propor para cada categoria direcionada um quantitativo”.

José Carlos declarou, ainda, que é inviável para o taxista custear do próprio bolso o kit GNV para depois ser contemplado ou não com o incentivo dos R$ 4 mil proposto pelo governo.

“A proposta é que esse financiamento venha da Afeam. Se a Afeam financiar esse valor do kit gás, para que depois o taxsta comece a pagar. Mas se for para que o taxista desembolsar o valor, vai continuar inviável. Estamos praticamente um ano parado (por conta da pandemia). A ideia que quero propor é que não seja só financimento. Vou propor que o governo possa subsidiar essa transformação, essa convenção do carro de gasolina para gás. Subsídio para que seja feita a conversão”, disse.

Segundo ele, atualmente 200 taxistas em Manaus têm carros com o kit GNV. O presidente do sindicato informou que o projeto inicial do governo deveria contemplar ao menos 500 taxistas.