Amazonas
Refinaria privatizada por Bolsonaro no Amazonas está paralisada, diz sindicato
Sindicato alerta para risco de desabastecimento e pede que Petrobras intervenha junto à empresa responsável.
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo e Derivados do Estado do Amazonas (Sindipetro-AM) denuncia que a Refinaria da Amazônia (Ream), privatizada durante pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), paralisou suas atividades e está operando apenas como estrutura para a distribuição de derivados importados.
Localizada no estado do Amazonas, a refinaria, antes chamada de antiga Refinaria Isaac Sabbá (Reman), é controlada pelo grupo Atem, que informou parada de manutenção intensiva em toda a unidade e, por isso, teria sido necessário paralisar temporariamente as atividades de refino.
Para o coordenador-geral do Sindipetro-AM, Marcus Ribeiro, a explicação da empresa não coincide com os fatos. “Muito estranho, pois não se vê ritmo e movimentação de parada de manutenção, processo que exige contratação de empregados para acompanhar e fazer o serviço. O que estamos vendo é a demissão de trabalhadores, mais de 40 deles foram desligados nos últimos dias”, afirmou. Segundo ele, “a refinaria não está produzindo nada e se transformou, na prática, em terminal logístico”.
A denúncia foi encaminhada à Federação Única dos Petroleiros (FUP), que sugere junto ao sindicato que a Petrobrás intervenha na Ream e constate se o grupo Atem quer se desfazer do ativo ou realizar parceria com a estatal.
O sindicato ainda acrescenta que o cenário gera dúvidas sobre a continuidade do refino na unidade, além de levar a incertezas sobre o fornecimento local e a riscos de desabastecimento.
“O refino é uma atividade de caráter de interesse público; a empresa precisa informar aos órgãos competentes ao interromper a produção. Se a empresa deixar de refinar, diminui empregos, arrecadação de imposto e investimento”, destaca Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
Reincidência
Não é a primeira vez que a Ream gera desconfianças e desrespeito a regras. Em maio, o Sindipetro-AM entrou com uma ação civil pública contra o grupo Atem por não ter divulgado informações obrigatórias sobre a produção de combustíveis. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) também abriu processo de infração sobre o caso.
A Reman foi vendida por US$ 257,2 milhões, incluindo um terminal aquaviário. A refinaria tem capacidade de processamento de 46 mil barris/dia e atende sobretudo ao mercado da região Norte. Desde que foi privatizada, a refinaria passou a ter o combustível mais caro do que a média nacional, lembra Bacelar. “Com isso, a Ream é considerada a recordista da gasolina mais cara do país, superando até mesmo o valor cobrado pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, também privatizada”, afirma ele, baseado em levantamentos da ANP.
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