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Amazonas

PF indicia ex-secretário de Segurança e coronel da PM por envolvimento em chacina no Amazonas

Chacina aconteceu na região do Rio Abacaxis, no interior do Amazonas, em 2020. Pelo menos oito pessoas foram assassinadas durante a operação, que ocorreu após a morte de dois PMs na região.

Ex-secretário de segurança do Amazonas, coronel Louismar Bonates. (Foto:Reprodução)

O ex-secretário de Segurança-Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o coronel da Polícia Miltiar, Airton Norte, foram indiciados pela Polícia Federal por envolvimento em uma chacina na região do Rio Abacaxis, no interior do Amazonas, em 2020. Na ocasião, pelo menos oito pessoas foram mortas durante a operação, após a morte de dois policiais militares na região.

Louismar Bonates era o secretário de Segurança Pública do Amazonas, quando a polícia militar fez a operação com mais de 50 homens na região de Nova Olinda do Norte, a 134 quilômetros de Manaus, em agosto de 2020.

A investigação da Polícia Federal concluiu que a tropa, sob o comando do coronel Airton Norte, invadiu casas sem ordem judicial, torturou moradores e assassinou cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos.

O grupo também seria responsável pelo desaparecimento de outras duas pessoas. Segundo a investigação, os corpos foram jogados no Rio Abacaxis, que corta o município.

O Jornal Nacional teve acesso ao teor do indiciamento de Bonates. A PF concluiu que o então secretário usou o cargo para ordenar e viabilizar uma operação de extermínio, que resultou na chacina, determinando o cometimento de execuções sumárias, torturas e outros crimes hediondos.

Bonates foi indiciado pelos crimes de homicídio, tortura, associação criminosa, cárcere privado, obstrução, entre outros delitos. A PF também indiciou Airton Norte pelos mesmos crimes.

O indiciamento dos dois foi o primeiro da investigação que já dura quase três anos. A PF ainda investiga cerca de 130 policiais, entre civis e militares, suspeitos de participar das ações e acobertar os suspeitos.

A defesa de Louismar Bonates e Ayrton Norte declarou que eles não cometeram nenhum crime e estão à disposição das autoridades policiais e da Justiça para esclarecer os fatos.

A SSP-AM afirmou que está colaborando com a investigação.

O caso

Segundo a Polícia Federal, em julho de 2020, o então secretário executivo do Governo do Amazonas, Saulo Rezende Costa, foi baleado no braço após tentar entrar com uma lancha particular em uma área proibida para pesca esportiva, em Nova Olinda do Norte.

Dias depois, quatro policiais militares à paisana foram até o local na mesma lancha para prender os atiradores. Houve confronto e dois policiais morreram.

Na época, o Governo do Amazonas anunciou uma grande operação na região. Bonates e Norte foram à Nova Olinda do Norte com o objetivo de desarticular a quadrilha que aterrorizava os moradores.

Ao menos cem famílias de onze comunidades relataram ter sofrido tortura para revelar o paradeiro dos assassinos dos policiais.

“Para nós é uma primeira vitória, mas nós queremos ainda que a investigação avance e que os demais responsáveis sejam também responsabilizados por esse massacre”, afirmou a representante da frente amazônica de mobilização e defesa dos direitos indígenas, Marcia Dias, sobre os indiciamentos.

PF investiga denúncias

Depois das mortes dos PMs, mais de 50 militares foram enviados à cidade para identificar e prender os responsáveis pelos crimes. Segundo o Ministério Público Federal, as denúncias sobre os abusos começaram em seguida. A Polícia Federal foi enviada ao município no último dia 10, após uma decisão judicial, para apurar os relatos e garantir a proteção de indígenas e povos tradicionais.

Um avião com agentes da Força Nacional também chegou à cidade de Nova Olinda do Norte. A medida atende determinação do Governo Federal, para apoio à ação da Polícia Federal na região do Rio Abacaxis.


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