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Amazonas

Pesquisadores temem a crescente e “apavorante” destruição da floresta e invasão de grileiros no Amazonas

Especialistas dizem que o momento de agir para impedir a pulverização dos danos na área é agora.

O avanço da devastação no Amazonas preocupa pesquisadores. Eles apontam que o momento de agir para impedir a pulverização dos danos na área é agora. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

A situação é apavorante, diz Marco Lentini, coordenador-sênior de projetos do Imaflora. “Pode virar uma tragédia.” Ele aponta a baixa quantidade de pesquisas científicas desenvolvidas no estado e, consequentemente, a biodiversidade local que nem sequer é conhecida.

“Ali tem um estoque de vegetação florestal que não tem nos outros estados”, afirma Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon. “Preocupa porque está adentrando o maior remanescente florestal da Amazônia legal.”

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), agosto de 2021 foi o mês com o maior número de queimadas já registrado no Amazonas. Com 8.588 focos de calor, agosto deste ano superou o recorde anterior, agosto de 2020, que, por sua vez, tinha superado agosto de 2019.

Nos últimos anos, o Amazonas sofreu uma maior devastação, superou Rondônia e se isolou como o terceiro estado com maior grau de desmatamento, segundo o sistema Prodes, do Inpe. O dado do Prodes que será divulgado nos próximos meses pode trazer uma nova mudança, com o Amazonas pulando para o segundo lugar no ranking de desmate, preveem cientistas.

A ultrapassagem provável já foi apontada pelos dados do Deter (sistema do Inpe destinado a dar alertas de desmate e auxiliar na fiscalização ambiental) referentes ao período entre agosto de 2020 e julho de 2021.

“O Amazonas me assusta mais por ter uma área muito grande de terra pública que está ali, ao léu, sem governança”, diz Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). “É o coração da Amazônia.” “É uma área pouco ocupada, e há o medo de que seja invadida e perdida para grileiros”, afirma Alencar.

Os principais pontos de desmate no Amazonas ainda estão concentrados ao sul do estado, próximos a Mato Grosso, Rondônia e Acre, em regiões com forte presença de atividade madeireira.

Segundo o especialista do Imaflora, a extração madeireira funciona como “ponta de lança”. Estradas são abertas na floresta em busca de árvores com elevado valor comercial. A partir dessas vias, facilitado por elas, espalha-se o processo de ocupação, com desmatamento, queimadas e grilagem.

No sul do Amazonas, a atividade de exploração de madeira teve um crescimento expressivo nos últimos anos. Lentini ressalta que parte do processo é legal, mas que não se pode ignorar a atuação ilegal nesse tipo de atividade.

Os pesquisadores apontam ainda para a fragilidade da governança ambiental no estado e para uma menor presença de entidades organizadas da sociedade civil.

Quanto às soluções, eles apontam caminhos que já existem, principalmente o monitoramento por satélite. O problema, porém, é a perda de investimentos e a capacidade de ação nos órgãos ambientais, que nos últimos anos passaram por um processo de enfraquecimento.

Segundo Alencar, do Ipam, ações estratégicas e coordenadas de inteligência são cada vez mais necessárias para frear as quadrilhas envolvidas. “Se as pessoas tiverem a percepção de que os peixes grandes vão ser pegos, os peixes pequenos vão ficar mais cabreiros de invadir terra pública”, diz.

Segundo Fonseca, os esforços precisam ser direcionados para a região de fronteira do Amazonas, buscando evitar que o desmatamento se espalhe ainda mais para o interior do estado. “O momento para atuação é agora”, afirma.


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