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Amazonas

Pesquisa mostra que 70% defendem que preservar a Amazônia é importante para a economia

A pesquisa mostra que os planos para a Amazônia serão decisivos para a escolha de candidato nas eleições presidenciais.

A preservação da Amazônia, muito além de ser uma preocupação pelo meio ambiente, é também um fator relevante para o desenvolvimento do país para os brasileiros.

Sete em cada 10 acreditam que a proteção da floresta é importante para o crescimento econômico. Já 18% acham que não influencia e 12% não sabem.

O dado faz parte da pesquisa PoderData, realizada a pedido do iCS (Instituto Clima e Sociedade), que mapeou perspectivas e anseios da população com relação à região e sua defesa.

Segundo o levantamento, essa percepção também foi registrada ao serem questionados a respeito de uma série de argumentos sobre a importância da proteção da floresta: 48% concordaram com a citação “a defesa da Amazônia é necessária para o futuro da economia e do Brasil”. Além de a população estar muito atenta à relevância da preservação da região, a pesquisa mostra que os planos para a Amazônia serão decisivos para a escolha de candidato nas eleições presidenciais.

A professora associada do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão Arleth Borges avalia que está cada vez mais claro para as pessoas o peso no desenvolvimento e o potencial da floresta para o Brasil. Afinal, trata-se de um bioma que ocupa 49% do território brasileiro e que, hoje, é subaproveitado ou explorado com atividades que degradam a mata.

“As pessoas estão entendendo que não podemos fazer da exploração da Amazônia mais um fator de agravamento das questões climáticas, desse desequilíbrio que a gente já vem vivenciando. Além da biodiversidade, há muitos recursos minerais, hídricos, e tudo isso pode ser convertido em fator de alavancagem da economia, mas que não pode só visar o lucro. A gente vem de um processo de notório desgaste e até fracasso, em certo sentido, dessa ideia de desenvolvimento a todo custo, e a Amazônia tem sido muito vítima disso”, disse.

Os dados da pesquisa foram coletados entre 3 e 5 de junho de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3 mil entrevistas com pessoas acima de 16 anos, em 243 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.

Veja na imagem:

A floresta tem potencial de investimentos, mas que devem ser pensados de forma sustentável, como os muitos produtos da sociobioeconomia, que vão desde os alimentícios, como o açaí, aos cosméticos. “Não é preciso desmatar, degradar a floresta para florescer economicamente. Esse é um pensamento que ficou retrógrado, está no passado. Hoje, entende-se que floresta tem valor sendo bem manejada, tanto para a população que está dentro do bioma quanto para as cidades nos seus arredores e para o Brasil como um todo”, afirmou a diretora-executiva do Instituto Mapinguari e articuladora regional da Rede de Jovens Líderes em Áreas Protegidas e Conservadas da América Latina e Caribe, Hannah Balieiro.

Mas alinhar o desenvolvimento e a preservação da floresta, criando uma relação sustentável, é um desafio. Para que isso ocorra, são necessárias políticas públicas que promovam também a criação de emprego e renda para a população amazônida, além de garantir o cuidado com o meio ambiente, como explica Arleth Borges.

“Além de degradante para a natureza, o processo de exploração tem sido hostil com as populações originárias da região, que não têm se beneficiado dessa exploração. A ideia de desenvolvimento tem que ser repensada no sentido de uma inclusão de beneficiamento para povos amazônidas e todos os brasileiros. E tem que ter uma superpreocupação com a sustentabilidade, entender que esse bioma tem características específicas”, disse.

PLANOS PARA A FLORESTA E ELEIÇÕES

Como a população entende que a defesa da Amazônia é muito importante para o futuro do país (76%, de acordo com levantamento do PoderData), esse fator ganhou relevância para as eleições de 2022, em que haverá disputa para o cargo de presidente da República para os próximos 4 anos. De acordo com a pesquisa, 76% acreditam que a preservação da floresta deve ser uma prioridade para os candidatos a presidente. Já 62% dizem que a chance de voto aumentaria caso o candidato apresentasse um plano para proteger a Amazônia. Em 2021, a pesquisa mostrou que eram 58% os que alterariam a escolha por isso.

Além disso, há uma grande identificação com a Amazônia. Para 85%, ela faz parte da identidade nacional, 11% discordam e 4% não sabem. Isso porque, para a maioria, é uma questão de soberania (32%) e geopolítica (23%). Também há uma preocupação com a maneira como o Brasil é visto no exterior a partir desse tema. Pensando na imagem do país no exterior, 41% consideram muito importante a preservação, outros 25% acham mais ou menos importante, 12% dizem que é pouco importante e 9% avaliam que não tem importância.

Leia mais no infográfico.

“Quem assumir a Presidência precisará ver onde e como vai ser a exploração das riquezas. Pensar formas de incluir a própria população regional na definição das prioridades e das ações que são mais urgentes. E, no geral, precisa ser uma concepção de intervenção muito focada nessa questão da inclusão dos povos originários nas políticas públicas e de sustentabilidade”, afirmou Arleth Borges.

Uma questão importante para a próxima gestão nacional, para Hannah Balieiro, é a ratificação do Acordo Regional sobre o Acesso à Informação, à Participação Pública e o Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe, conhecido como Acordo de Escazú. O tratado foi firmado pelo Brasil e por outros países da região em 2018, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e busca promover os direitos de acesso à informação, à participação e à justiça em questões ambientais. Esse também é o primeiro acordo internacional a prever mecanismos específicos de proteção de defensores ambientais.

“Ainda não tem a ratificação do Acordo de Escazú. Falta que o Executivo federal faça isso para que se dê um encaminhamento em nível de Brasil. É algo que é muito importante que os candidatos olhem, para proteger as pessoas que estão dentro do território amazônico e que cuidam dessa biodiversidade, do bioma. É um olhar não só para a floresta, mas também para as pessoas do território”, disse.

FLORESTA NO COMBATE À FOME

Outro ponto mensurado pela pesquisa PoderData, realizada a pedido do iCS, é que a maioria dos brasileiros avalia que a defesa da floresta impacta positivamente a questão da fome. Os dados mostram que 65% acreditam nisso. No estrato por regiões, o Norte –onde a Amazônia brasileira está situada– tem a 2ª maior concordância (67%), atrás do Sudeste (71%). No geral, 18% acham que impacta negativamente e 17% não sabem.

Para Arleth Borges, a população entende que a capacidade produtiva sustentável e as riquezas da floresta podem contribuir com o combate à fome. Além disso, o potencial econômico da região está ligado a isso.

“Uma questão é que há uma percepção da imensidão dos recursos disponíveis no bioma que poderiam ter um aproveitamento melhor, que seja mais produtivo para o país e não para o enriquecimento de alguns. Direcionar esses recursos a favor do país seria muito importante, um aporte que se somaria aos projetos de combate à fome”, afirmou.

A informação é do site Poder Data. Leia mais no texto original: https://www.poder360.com.br/conteudo-patrocinado/70-dizem-que-preservar-a-amazonia-e-importante-para-a-economia/


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