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Amazonas

Pandemia: defensores públicos denunciam abandono e mortes no interior do Amazonas

Defensoras e defensores públicos cobram fornecimento regular de oxigênio e plano efetivo de evacuação de pacientes graves de Covid-19.

A Defensoria Pública do Amazonas (DPE) informou, nesta quarta-feira (20/01) que, em cinco dias, pelo menos 30 mortes de pacientes com Covid-19 em estado grave foram contabilizadas em municípios do Amazonas por defensoras e defensores públicos que atuam no interior do Estado. As mortes, segundo a defensora Gabriela Gonçalves, ocorrem pelo “visível descaso dos governos estadual e federal, que até agora não apresentaram um plano efetivo de remoção de pacientes que vivem fora da capital”. O Amazonas tem 4,2 milhões de habitantes, metade no interior.

A defensora informou que não há um leito sequer de UTI no interior desse Estado, de modo que todos os pacientes dependem de uma remoção aérea, em UTI aérea, para Manaus, para conseguirem continuar lutando pela vida. Ocorre que agora os pacientes do interior enfrentam um paradoxo. Eles não vão para Manaus porque Manaus está colapsada, e eles também não vão para outros Estados porque não estão em Manaus”, diz Gabriela Gonçalves.

Ela relata que há municípios informando que muitos fornecedores de oxigênio estão com toda a produção voltada para atender a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), com sede em Manaus, deixando os municípios sem o fornecimento de oxigênio. A falta de oxigênio e a demora na remoção para locais com estrutura hospitalar adequada têm sido as principais causas do grande número de perdas de vidas no interior, segundo os defensores e defensoras.

Segundo os defensores, em Coari, foram sete mortes somente nesta segunda-feira (18). Manacapuru registrou 11 mortes até agora desde o início da crise no município. Em Parintins, duas pessoas morreram à espera de remoção, segunda-feira, e médicos avaliam que mais duas pessoas iriam a óbito nesta terça-feira (19).

Tefé contabilizou cinco mortes por tempo de espera de remoção. Em Itacoatiara, foram duas mortes especificamente por falta de oxigênio e três mortes de pacientes que estavam aguardando leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Maués registrou uma morte por ausência de remoção. As famílias de alguns desses pacientes tinham em mãos decisões judiciais favoráveis à remoção.

O defensor Lucas Matos, do Polo do Médio Solimões, com sede em Tefé, relata que a região tem no município um hospital de referência para o tratamento da Covid-19, que atende a população e de outros seis municípios, e onde já estão faltando insumos básicos. Ainda de acordo com o defensor, pelos cálculos feitos pela equipe da Defensoria, o oxigênio que está em estoque durará somente mais alguns dias.

“A situação de Itacoatiara hoje é muito crítica”, diz o defensor Murilo Monte, do Polo do Médio Amazonas, com sede em Itacoatiara. “No domingo havia 96 pacientes internados, num hospital que até dezembro tinha pouco mais de 20 leitos de Covid-19. Houve um aumento gritante da demanda. Essa demanda, todos os dias, aumenta entre 10 a 15 pacientes e muitos desses estão infelizmente indo a óbito pela falta de insumos, notadamente, o oxigênio”, acrescenta.

Apelo

Defensoras e defensores relatam a desassistência à população do interior, a falta de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) nos municípios, a destinação exclusiva do oxigênio para a Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM) e o desamparo em que estão os pacientes que precisam de transferência, que não conseguem ir para Manaus, nem para outros Estados. A Defensoria tem buscado medidas judiciais para assegurar atendimento adequado, enquanto há pacientes que morrem aguardando transferência.


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