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No Amazonas, comissão de parlamentares recebe de indígenas carta sobre crimes na região

Aos congressistas, as etnias do Vale do Javari pediram proteção e afirmaram que há presença ostensiva de criminosos na região, mesmo após o reforço do governo.

Comissão de parlamentares está coletando informações sobre crimes na região. (Foto: Reprodução)

Em reunião com as comissões da Câmara dos Deputados e do Senado, lideranças indígenas denunciaram ameaças e pediram proteção aos parlamentares. O encontro aconteceu nesta quinta-feira (30), na sede da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) em Atalaia do Norte, no Amazonas.

A etnia Matis elaborou uma carta que foi entregue aos congressistas com um inventário da criminalidade na região.

Lideranças da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) denunciaram, nesta quinta-feira (30), ameaças e pediram proteção aos parlamentares que visitaram a sede da instituição, em Atalaia do Norte, no Amazonas.

“Não suportamos mais sermos constantemente ameaçados por pescadores ilegais, caçadores, garimpeiros e madeireiros”, diz trecho do documento.

O encontro com os parlamentares foi pedido pelos indígenas na semana passada, que estiveram em Brasília para pressionar pela ampla investigação das mortes do jornalista Dom Philips e o indigenista Bruno Araújo Pereira.

Aos congressistas, as etnias do Vale do Javari afirmaram ainda que há presença ostensiva de criminosos na região, mesmo após o reforço do governo.

“Todos nós que atuamos aqui na região estamos com um alvo marcado nas costas”, afirmou um dos líderes.

Para a reunião foi montado um forte esquema de segurança, com agentes da Polícia Federal, Polícia Legislativa e integrantes das Forças Armadas. Um general acompanhou toda as falas das lideranças indígenas, que incluiu um tom crítico à atuação dos militares na região, mas não respondeu aos questionamentos. E antes de começar, os indígenas solicitaram que vereadores e membros das prefeituras de Atalaia do Norte e da vizinha Benjamin Constant deixassem o evento.

Durante o encontro, diversas etnias indígenas manifestaram preocupação com o crescimento de atividades criminosas no Vale do Javari ao mesmo tempo em que notam um enfraquecimento da atuação da Funai. “A região está completamente abandonada” , afirmou Clóvis Marubo, representante da Unijava.

Sandra Mayuruna, cacique de uma das etnias de recente contato no Brasil e que não fala português, precisou de um tradutor para explicar aos parlamentares a importância do trabalho de Bruno Pereira, indigenista que há anos atuava no Vale do Javari até ser morto.

“Ele era a nossa garantia de ir e vir. Nos ensinava a ter segurança de transitar da aldeia para a cidade. Era como um filho para minha e todas as etnias”, declarou.

Após a reunião, os senadores aprovaram recomendação pelo afastamento do Presidente da Funai, em virtude das denúncias de sucateamento do órgão. E o deputado Zé Ricardo, do PT DO Amazonas, reforçou o pedido feito pela Câmara para que seja garantida proteção da Polícia Federal aos Indígenas.


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