Amazonas
Na ONU, estudo científico diz que desmatamento da floresta amazônica pode ter chegado a ponto irreversível
O documento foi publicado pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA), por ocasião da abertura, ontem, da 76ª Assembleia Geral da ONU.
Um estudo divulgado nesta terça-feira,21/9, por cientistas e ambientalistas lançou um “alerta vermelho” para a possibilidade de o desmatamento da Amazônia ter chegado a um ponto de não retorno. O estudo recomenda ainda uma moratória imediata na derrubada da floresta em áreas que já estão atingindo o ponto de inflexão. As informações são do Correio Braziliense.
O documento — Sumário Executivo do Relatório de Análise da Amazônia — foi publicado pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA), por ocasião da abertura, ontem, da 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Desenvolvido por mais de 200 cientistas, e inspirado no Pacto de Letícia pela Amazônia, o relatório é o mais aprofundado, abrangente e integrador estudo sobre a Amazônia, segundo seus formuladores.
Os autores afirmam que as recomendações e informações do estudo oferecem caminhos a formuladores de políticas e governos na busca do desenvolvimento sustentável da região. O documento destaca a importância da ciência, da tecnologia, da inovação, dos povos indígenas e do conhecimento local para orientar as tomadas de decisão e a formulação de políticas.
De acordo com o relatório, a Amazônia abriga 47 milhões de pessoas, incluindo 2,2 milhões de Indígenas, distribuídos em mais de 400 grupos que falam mais de 300 línguas. “Essas pessoas, populações indígenas e comunidades locais desempenham um papel fundamental na conservação e na gestão sustentável da diversidade agrícola e biológica da Amazônia, bem como dos ecossistemas. No entanto, os povos amazônicos, suas culturas e conhecimentos estão sob ameaça devido às múltiplas pressões e ao enfraquecimento da proteção de seus direitos”, afirma o documento.
“Salvar as florestas do desmatamento e degradação contínuos e restaurar os ecossistemas é uma das tarefas mais urgentes de nosso tempo para preservar a Amazônia e suas populações, e enfrentar o risco global e os impactos das mudanças climáticas”, afirmou Mercedes Bustamante, uma das autoras do estudo. “O mosaico de ecossistemas amazônicos se estende desde os altos Andes até a planície amazônica e abriga a biodiversidade mais extraordinária da Terra, com mais de 10% das espécies vegetais e animais em todo o mundo.”
De acordo com o trabalho, aproximadamente 17% das florestas amazônicas foram convertidas para outros usos da terra, e, pelo menos, outros 17% foram degradados. Os especialistas estimam que 366.300 km 2 de florestas foram degradados entre 1995 e 2017, e todos os anos milhares de hectares de florestas, a maioria degradadas, queimam em toda a Bacia Amazônica à medida que os incêndios escapam de pastagens próximas ou áreas recentemente desmatadas.
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