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Amazonas

Morre o escritor amazonense Márcio Souza, um dos maiores ícones da literatura brasileira

Márcio Souza esteve preso em 1966 , perseguido pela ditadura militar no Brasil, pela exibição da peça francesa A idade do ouro; em 1969 e 1972, em virtude de sua militância política. Além disso, teve censurada a sua peça Zona Franca, Meu Amor.

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O governo do Amazonas e Academia Amazonense de Letras confirmara, em notas de pesar, na manhã desta segunda-feira (12/08), a morte do jornalista, dramaturgo, editor, roteirista e romancista Marcio Souza, um dos maiores ícones da literatura do país. Segundo as primeiras informações, ele sofreu um infartou em casa. O velório será no Palácio Rio negro, em Manaus, a partir das 16h e o sepultamento, na tarde desta terça-feira, a partir das 15h. O governo do Amazonas decretou luto oficial de três dias no estado.

Márcio Souza nasceu em Manaus (AM), em 1946. É romancista, diretor de teatro e ópera. Estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e escreveu críticas de cinema e artigos em diversos jornais e revistas brasileiras, como Senhor, Status, Folha de S.Paulo e A Crítica. Marcio Souza deixa um imenso e rico legado para a literatura brasileira, sendo um dos grandes nomes da Cultura do Amazonas e do Brasil.

Em 1976, lançou seu primeiro romance, Galvez: imperador do Acre, sucesso de crítica e de vendas. Como administrador, foi diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas, diretor da Biblioteca Nacional e presidente da Funarte. Foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como palestrante, foi convidado pela Universidad de San Marcos, Sorbonne, Toulouse, Aix-en-Provence, Heidelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlim, Harvard e Santiago de Compostela. Dirigiu o Teatro Experimental do Sesc (Tesc) do Amazonas, hoje extinto.

Era membro da Academia Amazonense de Letras e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural. Escreveu, entre outras, as peças As folias do látex, A paixão de Ajuricaba e Carnaval Rabelais, e os romances Mad Maria, Operação Silêncio e O fim do Terceiro Mundo. No momento, trabalha no último volume da tetralogia Crônicas do Grão-Pará e Rio Negro, precedido por Lealdade, Desordem e Revolta. Pela Editora Record, publicou também o livro Amazônia indígena.

Márcio Souza é autor de várias obras sobre a região amazônica. Filho mais velho de um operário gráfico e de uma dona de casa, desde cedo se mostra apaixonado por literatura, paixão herdada do pai que gostava de ler e incentivava o filho.

Tal incentivo foi determinante para que já adolescente, aos 14 anos, escrevesse críticas nos jornais de Manaus e aos 17 anos se mudasse para São Paulo para estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP).

Na Faculdade, passou a escrever roteiros e trabalhou como assistente de produção e direção em curtas e médias para a Boca do Lixo. Em 1967, aos 21 anos publicou o primeiro livro: “O mostrador de sombras”.

Na época, sai do Brasil e viaja por várias cidades do mundo: Nova York, Paris, Londres, Amsterdã, Bogotá e Lima. A experiência de conhecer outros países foi fundamental para o amadurecimento do jovem que volta ao Brasil em 1973 e passa a dirigir o teatro experimental do Sesc. Produz o filme “Selva” e trabalha ao mesmo tempo na pesquisa e escrita de um livro que se tornaria um sucesso na sua carreira literária: “Galvez, o imperador do Acre”, lançado em 1976.

Depois, escreveu outras obras importantes no cenário nacional e internacional tais como “Mad Maria”, “A ordem do dia” e “A condolência”. Em mais de 40 anos dedicados à cultura amazonense, Márcio Souza reacende a história de um lugar sagrado por natureza. Em um de seus livros, “Amazônia Indígena” reverencia os que vivem na terra há séculos, através de seus ancestrais. Márcio Souza nos mostra as polêmicas ambientais e aponta a força de um povo que vê a Amazônia como vida e tem no território sua casa, no tempo sua história e nas crenças, sua fé.

Esteve preso em 1966 , perseguido pela ditadura militar no Brasil, pela exibição da peça francesa A idade do ouro; em 1969 e 1972, em virtude de sua militância política. Além disso, teve censurada a sua peça Zona Franca, Meu Amor. Regressou a Manaus em 1972, onde passou a integrar o Teatro Experimental do Serviço Social do Comércio – Tesc/Sesc, grupo que discutia temas ligados à cultura local.

Em 1976, assumiu o cargo de diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas.No ano de 1990, exerceu o cargo de diretor do Departamento Nacional do Livro e foi também presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) entre 1995 e 2003, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ocupou ainda a presidência do Conselho Municipal de Política Cultural da cidade de Manaus.
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Foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como palestrante foi convidado pela Sorbonne, Heldelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlin, Harvard University e Santiago de Compostela. Era acadêmico titular da Academia Amazonense de Letras, na cadeira nº 25, eleito em 11 de setembro de 2004 e recebido em 25 de outubro do mesmo ano.[6]

O seu primeiro livro, uma obra de crítica cinematográfica, data de 1967, O mostrador de sombras.
Em 1970, dirigiu o filme A Selva, baseado no romance do escrito português Ferreira de Castro. Trata-se de um drama, produzido pela L.M.Produções Cinematográficas Ltda, com locações em Manaus.

Com a obra Galvez – Imperador do Acre, iniciou sua carreira literária, em 1976. A obra foi perseguida pelas autoridades da região que a consideraram um desrespeito à História oficial, não observando, porém, que, na nota introdutória, o seu autor alertava para a ficcionalidade da narrativa. O livro despertou forte reação adversa nos meios oficiais amazonenses, que viram nessa narrativa uma forma injusta de revelar a narrativa.

Escreveu diversas obras inseridas no ambiente sociocultural da Amazônia, tais como Mad Maria, Plácido de Castro contra o Bolivian Syndicate, Zona Franca, meu amor e Silvino Santos: o cineasta do ciclo da borracha, entre outras. Entre 1981 e 1982, publicou em folhetins, no jornal Folha de S.Paulo, o romance A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi, uma referência ao ex-governador Gilberto Mestrinho. Mad Maria foi adaptada como minissérie e exibida em rede nacional de televisão, fato que popularizou a obra do autor.

Destacou-se também como cineasta e ensaísta (A selva; A expressão amazonense do neolítico à sociedade de consumo). Mais recentemente, tem se dedicado a uma teatrologia sobre os anos em que a antiga Província do Grão-Pará,[23] que fora durante todo o período colonial um estado separado, atravessou a séria crise de sua anexação ao Brasil e de revoltas contra o poder do Rio de Janeiro e/ou contra a desigualdade social, de que padeciam sobretudo os negros e os indígenas.

A sua experiência com o cinema e a censura política parece ter rendido o romance Operação silêncio, em que o protagonista Paulo Conti tenciona realizar um filme sobre a violência – política – entre os colonizadores, como forma de denúncia, mas se valendo do financiamento do governo nacional para os custos de sua produção. O romance discute ainda a relação entre a arte, sobretudo o cinema, e a revolução, o papel social do escritor e do cineasta no auge do regime militar e a necessidade de diminuir a distância entre o artista e sua época.
As obras
• Mostrador de Sombras, UBE/Amazonas e Editora Sérgio Cardoso. 1969
• Galvez – Imperador do Acre, Edições Governo do Estado do Amazonas. 1976
• A Expressão Amazonense, Editora Alfa-ômega, São Paulo. 1977
• Operação Silêncio, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. 1978
• Teatro Indígena do Amazonas, Editora Codecri, Rio de Janeiro. 1979
• Feira Brasileira de Opinião, Editora Global, São Paulo. 1979
• Malditos Escritores, Movimento, São Paulo. 1979
• Mad Maria, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. 1980
• Tem Piranha no Pacu, Editora Codecri, Rio de Janeiro. 1980
• A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi, Editora Marco Zero, Rio de Janeiro. 1982
• A Ordem do Dia, Editora Marco Zero, Rio de Janeiro. 1983
• O Palco Verde, Editora Marco Zero, São Paulo. 1983
• A Condolência, Editora Marco Zero, São Paulo. 1984
• O Brasileiro Voador, Editora Marco Zero, São Paulo. 1985
• O Empate Contra Chico Mendes, Editora Marco Zero, São Paulo. 1986
• O Fim do Terceiro Mundo, Editora Marco Zero, São Paulo;1989
• Breve História da Amazônia, Editora Marco Zero, São Paulo. 1992
• A Caligrafia de Deus, Editora Marco Zero, São Paulo. 1993
• Anavilhanas, o Jardim do Rio Negro Editora Agir, Rio de Janeiro. 1996
• Lealdade, Editora Marco Zero, São Paulo. 1997
• Teatro Completo – Volumes I, II e III, Editora Marco Zero, São Paulo. 1997
• Um Olhar sobre a Cultura Brasileira, com Francisco Weffort. Edição do Ministério da Cultura, Brasília. 1998
• Silvino Santos, o cineasta do ciclo da borracha, Edições Funarte, Rio de Janeiro. 1996
• Parque do Jaú, Editora Agir, Rio de Janeiro. 2000
• Fascínio e Repulsa, Edições do Fundo Nacional de Cultura, Rio de Janeiro. 2000
• Entre Moisés e Macunaíma, com Moacyr Scliar, Editora Garamond, Rio de Janeiro. 2000
• Desordem, Editora Record Rio de Janeiro. 2001
• Pico da Neblina, Editora Agir, Rio de Janeiro. 2001
• Breve História da Amazônia, Editora Agir, Rio de Janeiro. 2001
• Políticas Culturais Brasileiras, Editora Manole, São Paulo. 2002
• A Expressão Amazonense, edição revista, Editora Valer, Manaus. 2002
• Galvez, Imperador do Acre, versão em quadrinhos. Secult-Pará, Belém. 2004
• A paixão de Ajuricaba, Editora Valer, 2005
• Ajuricaba, o Caudilho das Selvas, Editora Callis, 2006
• O Nascimento do Rio Amazonas, Editora Lazuli, 2006
• História da Amazônia, Editora Valer, 2009
• A Substância das Sombras, Cinema Arte do Nosso Tempo, Editora Valer, 2010
• Amazônia Indígena, Editora Record, 2015


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