Amazonas
Ministro da Venezuela pede ‘punição exemplar’ por assassinato de artista no Amazonas
A mulher de 38 anos foi encontrada morta e enterrada às margens de um rio no município de Presidente Figueiredo.
O ministro da cultura da Venezuela, Ernesto Villegas Poljak, pediu, nesta terça-feira (9) uma ‘punição exemplar’ pelo assassinato da artista venezuelana Julieta Hernández Martínez. A mulher de 38 anos foi encontrada morta e enterrada às margens de um rio no município de Presidente Figueiredo, a 117 quilômetros de Manaus, nesta última sexta-feira (5).
“O Ministério do Poder Popular para a Cultura da República Bolivariana da #Venezuela, repudia o feminicídio cometido contra a artista venezuelana Julieta Hernández no território da República Federativa do #Brasil e solicita punição exemplar para este crime abominável”, escreveu Ernesto no X (antigo Twitter).
Um casal foi preso pela Polícia Civil suspeito de envolvimento no crime. O ministro prezou os esforços de investigação do Brasil e a colaboração do país com a Venezuela.
“Da mesma forma, expressa o seu reconhecimento ao Governo brasileiro, tanto ao nível nacional como as autoridades do estado do Amazonas, por sua colaboração na repatriação dos restos mortais e na atenção aos seus familiares”, continuou o ministro venezuelano.
Quem era Julieta Hernández?
Migrante, nômade, palhaça, bonequeira e cicloviajante. É desta forma que Julieta se definia nas redes sociais. A artista, de 38 anos, chegou ao Brasil em 2015. Ela compartilhava registros de suas viagens e um pouco do seu trabalho como palhaça.
— Julieta era uma atriz incrível e uma palhaça inteligente. Ela foi uma militante feminista e viajava pelo país desde 2015 levando sua arte. Nunca vi ela ser violenta com ninguém. Este crime ocorreu por crueldade — afirmou ao GLOBO Luciana Serpa, amiga da venezuelana desde 2016.
No início do mês de dezembro, a venezuelana publicou nas redes sociais que estava a caminho de Manaus, capital do Amazonas. Julieta fez apresentações e conheceu a cidade durante o período. Amigos da artista afirmaram ao GLOBO que ela pedalava em direção à casa da mãe, na Venezuela, quando desapareceu.
— Como pode uma mulher feminista achar que pode rodar o Brasil todo em uma bicicleta? Ela foi morta porque era forte, corajosa e justa — disse Serpa.
Julieta fazia parte do grupo de cicloviajantes “Pé Vermêi”. Entre os dias 22 e 23 de dezembro, a artista disse que passava por Presidente Figueiredo, no interior do estado. Essa foi a última vez que os membros da comunidade tiveram informações sobre a venezuelana.
Em sua última publicação, Julieta gravou um vídeo fazendo uma brincadeira com as sílabas da palavra “gratidão”, enquanto mostrava as etapas do processo de montagem de sua bicicleta. Na legenda do post, ela comenta sobre o trabalho de montar o equipamento de viagem e agradece a uma amiga pela estadia. Nos comentários do vídeo, amigos lamentam a morte da artista e multiplicam palavras de carinho sobre Julieta.
“Temos certeza que hoje estás num céu azul tão lindo com um arco-íris em volta de ti e com todos os anjos celestiais te guardando e te guiando! Na certeza que diante do Pai Maior nenhum mal existe e nenhuma injustiça passa despercebida! Siga seu brilhante caminho rumo aos mais profundos céus e infinitos, você merece e está nos braços do Criador do universo, de tudo e de todos. No melhor lugar que poderia e aproveitando toda a liberdade sem a maldade humana rondando! Voe com suas próprias asas, querida Julieta”, escreveu uma amiga.
“Muito difícil entender por que uma pessoa perde a vida assim. Porque uma pessoa que não oferece risco a ninguém, não possa andar livre pelo nosso país. Qual o intuito de matar alguém totalmente indefesa? Tinham o que para tirar dela? Era uma viajante apenas. Que inaceitável isso”, comentou um outro perfil.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que os policiais localizaram inicialmente partes da bicicleta que Julieta Hernández utilizava. Segundo as autoridades, o equipamento estava perto de onde o corpo foi localizado. O local é próximo de um refúgio onde a mulher estava hospedada. A corporação esclareceu ainda que os suspeitos passarão por oitivas na delegacia local.
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