Amazonas
IBGE aponta que Amazonas teve redução das Linhas de Pobreza em 2023
O estado tem um rendimento médio real de R$ 2.367, abaixo da média da Região Norte (R$ 2.416), superando apenas Pará e Acre
No Amazonas, o rendimento médio habitual é de R$ 2.367, abaixo da média regional (R$ 2.416), e o rendimento-hora médio de R$ 14,4 é o menor da Região Norte. Apesar disso, 47,5% da população ocupada possui ensino médio completo ou superior incompleto, superando a média regional (42,5%), e 19,9% têm ensino superior completo, acima da média do Norte (19,2%).
A taxa de analfabetismo do estado é de 5,1%, inferior à média regional (6,4%). Em 2023, 45,5% da população vivia abaixo da linha de pobreza de US$ 6,85 PPC, e o rendimento domiciliar per capita médio de R$ 1.166 ficou entre os mais baixos da região. No entanto, houve avanços na redução da extrema pobreza, que caiu de 16,2% para 6,6% entre 2021 e 2023.
Manaus apresenta indicadores mais favoráveis: rendimento médio habitual de R$ 2.834 e rendimento-hora médio de R$ 16,8, posicionando-se no meio das capitais da região.
A capital tem a menor taxa de analfabetismo da região (2,3%), com 52,6% da população ocupada no ensino médio completo ou superior incompleto e 27,6% com ensino superior completo. Em infraestrutura, Manaus destaca-se com 75,4% dos domicílios conectados a esgotamento adequado, 96,2% com acesso à Internet e 79,5% dos jovens de 18 a 29 anos com pelo menos 12 anos de estudo. Além disso, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de US$ 6,85 PPC caiu de 46% para 33% entre 2021 e 2023.
Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2024, divulgada hoje pelo IBGE.
Trabalho
No “Rendimento médio real habitual de todos os trabalhos”, o Amazonas apresenta um valor médio de R$ 2.367, inferior à média da Região Norte (R$ 2.416). Estados como Rondônia (R$ 2.695), Roraima (R$ 2.791), Amapá (R$ 2.828), e Tocantins (R$ 2.648) superam significativamente o Amazonas. Apenas Pará (R$ 2.265) e Acre (R$ 2.358) registram valores mais baixos ou similares, colocando o Amazonas na parte inferior do ranking regional.
Entre as capitais da Região Norte, Manaus registra um rendimento médio de R$ 2.834, acima da média do Amazonas como estado e superando Rio Branco (R$ 2.677) e Belém (R$ 3.519). Entretanto, fica abaixo de capitais como Palmas (R$ 3.855), Boa Vista (R$ 3.016), e Macapá (R$ 3.233). Em termos comparativos, Manaus ocupa uma posição intermediária no contexto das capitais da região.
Já no “Rendimento-hora médio real habitual de todos os trabalhos”, o Amazonas apresenta o menor valor da Região Norte, com R$ 14,4 por hora, abaixo da média regional de R$ 14,9. Os outros estados apresentam valores superiores, com destaque para Rondônia (R$ 18,0), Roraima (R$ 16,6), e Amapá (R$ 17,1). Tocantins também supera o Amazonas, com R$ 15,9, enquanto Acre e Pará registram valores um pouco acima de R$ 14,4, mas ainda abaixo de 16 reais.
Comparando Manaus com as demais capitais da Região Norte, observa-se que o rendimento-hora médio de todos os trabalhos na capital amazonense é de R$ 16,8, superior ao registrado em Rio Branco (R$ 16,4) e abaixo de Porto Velho (R$ 19,1), Boa Vista (R$ 17,9), Macapá (R$ 19,2), Belém (R$ 20,6) e Palmas, que apresenta o maior valor entre as capitais, com R$ 21,2. Manaus, portanto, posiciona-se no meio da tabela entre as capitais da região.
No Amazonas, 21,4% das pessoas ocupadas são “sem instrução ou fundamental incompleto”, valor abaixo da média do Norte (24,6%); e 11,2% possuem “ensino fundamental completo ou médio incompleto”, também inferior à média regional (13,7%). Por outro lado, o estado destaca-se positivamente na faixa de “ensino médio completo ou superior incompleto”, com 47,5% (superior à média do Norte de 42,5%) e apresenta 19,9% com “ensino superior completo”, acima da média regional de 19,2%. Comparado a outros estados, Pará e Rondônia têm maior concentração de pessoas com menor nível de instrução, enquanto Acre e Roraima mostram distribuição mais equilibrada entre as categorias.
Em Manaus, apenas 10,8% das pessoas ocupadas estão na categoria “sem instrução ou fundamental incompleto”, o menor valor entre as capitais do Norte, e 8,9% têm “ensino fundamental completo ou médio incompleto”, também abaixo da maioria das capitais. Manaus apresenta a maior proporção na faixa de “ensino médio completo ou superior incompleto” (52,6%) e destaca-se em “ensino superior completo” com 27,6%, similar a Rio Branco (27,7%) e Boa Vista (27,1%), mas abaixo de Macapá (38,2%) e Palmas (36,1%). Portanto, Manaus reflete uma população ocupada mais escolarizada comparada a grande parte da região.
Distribuição de renda
As linhas de pobreza administrativas são aquelas criadas com objetivo de identificação do público beneficiário de programas sociais. No caso brasileiro, os principais programas são o BPC e o Bolsa Família, mas o CadÚnico também tem grande relevância, pois é a base para identificação da população elegível para recebimento de programas sociais. Quando foi criado, o programa Bolsa Família baseou suas medidas para o recebimento de benefícios nos parâmetros adotados pelo BPC e o CadÚnico, mas por não contar com um fator definido para a correção em seus valores (como a inflação ou o salário mínimo), estes acabaram por descolar dos valores dos demais programas. Em novembro de 2021, o Bolsa Família foi substituído pelo Programa Auxílio Brasil, em que foram feitas modificações nos valores das linhas e critérios de elegibilidade. Em março de 2023 o Programa Bolsa Família foi retomado, com a definição de uma só linha de elegibilidade para participação no programa, no valor per capita de até R$ 218 mensais. Mesmo com as mudanças o valor da linha de elegibilidade ainda se encontra abaixo dos valores estabelecidos para o BPC e para o CadUnico.
No Amazonas, as principais linhas de pobreza, todas tendo por base o rendimento domiciliar per capita. O público-alvo potencial do Programa Bolsa Família (pessoas com rendimento abaixo de R$ 218) era de 331 mil pessoas em 2023.
Se tomarmos em consideração a linha recomendada internacionalmente para o Brasil (US$ 6,85 PPC), o total de pobres no Estado supera 1,9 milhão de pessoas no mesmo ano.
Cabe ressaltar que as linhas de extrema pobreza ainda apontavam, em 2023, para um contingente entre 279 mil pessoas pela linha de US$ 2,15. E de 720 mil pessoas pela medida do BPC. Por sua vez, a metade do valor do rendimento mediano remete ao Indicador 10.2.1 dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), que monitora a proporção da população que vive abaixo desse valor. Por essa medida, 1,7 milhão de pessoas estariam na pobreza em 2023, que é mais próximo do valor da linha de US$ 6,85 PPC (1,9 milhão).
Entre 2021 e 2023, o Amazonas apresentou uma expressiva redução na proporção de pessoas vivendo na extrema pobreza (US$ 2,15 PPC 2017), que caiu de 16,2% para 6,6%. Apesar do crescimento da população total de 4.103 milhões para 4.221 milhões nesse período, o número absoluto de pessoas nessa condição caiu de cerca de 665 mil em 2021 para aproximadamente 279 mil em 2023, indicando uma redução significativa na extrema pobreza. Paralelamente, as proporções de pessoas vivendo abaixo das linhas de US$ 3,65 e US$ 6,85 PPC 2017 também diminuíram, de 32,7% para 18,8% e de 58,4% para 45,5%, respectivamente, evidenciando uma melhoria nas condições gerais de renda da população no estado.
A análise da série histórica de Manaus entre 2021 e 2023 demonstra uma redução significativa na proporção de pessoas vivendo em extrema pobreza (rendimento domiciliar per capita inferior a US$ 2,15 PPC 2017), passando de 9,7% em 2021 para 3,9% em 2023, mesmo com o aumento do valor da linha mensal de extrema pobreza de R$181 para R$205. Essa tendência positiva também se reflete em níveis de pobreza mais amplos: a proporção de pessoas com rendimento inferior a US$ 3,65 caiu de 21,5% em 2021 para 10,3% em 2023, enquanto a proporção de pessoas abaixo de US$ 6,85 passou de 46,0% para 33,0%. Esses dados sugerem uma melhoria nas condições socioeconômicas em Manaus ao longo do período analisado.
Em 2023, o rendimento domiciliar per capita médio do Amazonas (R$ 1.166) ficou abaixo da média nacional (R$ 1.848) e da média da Região Norte (R$ 1.302), destacando a vulnerabilidade econômica relativa do estado. No contexto regional, o Amazonas superou apenas o Acre (R$ 1.074), ocupando a penúltima posição entre os estados da Região Norte. Rondônia (R$ 1.523), Tocantins (R$ 1.544), Roraima (R$ 1.428), Pará (R$ 1.273) e Amapá (R$ 1.492) apresentaram rendimentos superiores. Em comparação às capitais, Manaus (R$ 1.500) mostrou melhor desempenho em relação ao estado como um todo, mas ainda ficou abaixo de várias capitais da Região Norte, como Belém (R$ 2.262), Macapá (R$ 1.889), Boa Vista (R$ 1.620), e Palmas, que liderou com R$ 2.513. Esses dados refletem disparidades econômicas significativas entre o Amazonas e outras unidades da federação, tanto na média estadual quanto em sua capital.
Os cinco estados com maior rendimento domiciliar per capita em 2023 foram o Distrito Federal (R$ 3.215), São Paulo (R$ 2.414), Rio de Janeiro (R$ 2.305), Rio Grande do Sul (R$ 2.255) e Santa Catarina (R$ 2.224). Já entre as capitais, os maiores rendimentos foram registrados em Florianópolis (R$ 4.099), Vitória (R$ 3.703), Rio de Janeiro (R$ 3.386), São Paulo (R$ 3.266) e Brasília (R$ 3.215), destacando a concentração de renda nas regiões Sudeste e Sul, além da capital federal.
Educação
No Amazonas, a taxa de analfabetismo é de 5,1%, abaixo da média da Região Norte (6,4%) e igual à registrada em Rondônia. O estado apresenta melhor desempenho em relação ao Acre (9,4%), Pará (6,9%), Tocantins (7,8%) e Amapá (5,8%). Mas tem uma taxa maior que Roraima (4,2%). Isso coloca o Amazonas entre os estados com resultados intermediários no contexto da Região Norte.
Em Manaus, a taxa de analfabetismo é de apenas 2,3%, uma das menores entre as capitais da Região Norte e bem abaixo da média estadual e regional. Apenas Palmas (1,8%) e Belém (2,1%) apresentam taxas menores. Manaus também supera outras capitais como Rio Branco (5,2%), Macapá (4,7%), e Boa Vista (3,4%). Esses números indicam que Manaus está entre as capitais com melhor índice de alfabetização na região.
Estratos geográficos
Em Manaus, o nível de ocupação é de 56,2%, e a taxa de desocupação é relativamente alta, 11,7%. Apesar disso, a proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 é de 33,0%, a menor entre os estratos geográficos analisados. Manaus apresenta os melhores índices de infraestrutura e acesso a bens e serviços, com 75,4% das pessoas vivendo em domicílios com esgotamento por rede coletora ou pluvial, 83,2% com máquina de lavar roupa e 96,2% com acesso à Internet. Além disso, 79,5% das pessoas de 18 a 29 anos têm no mínimo 12 anos de estudo, indicando um desempenho educacional relativamente alto.
No Entorno Metropolitano de Manaus, o nível de ocupação é de 49,3%, e a taxa de desocupação é baixa, 3,6%. No entanto, a proporção de pessoas vivendo com rendimento abaixo de US$ 6,85 chega a 62,3%, uma das mais altas, refletindo vulnerabilidade econômica significativa. Apenas 19,2% dos domicílios têm esgotamento por rede coletora ou pluvial, e 73,3% possuem máquina de lavar roupa. O acesso à Internet é de 81,8%, enquanto 65,7% das pessoas de 18 a 29 anos têm no mínimo 12 anos de estudo, um índice menor que o de Manaus.
No Vale do Rio Madeira/Nhamundá, o nível de ocupação é de 54,4%, com uma taxa de desocupação de 9,0%. A proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 é de 54,2%. Apenas 6,2% dos domicílios possuem esgotamento por rede coletora ou pluvial, e 34,5% têm máquina de lavar roupa, revelando infraestrutura precária. O acesso à Internet é de 71,6%, e 67,5% das pessoas de 18 a 29 anos têm no mínimo 12 anos de estudo, demonstrando desafios em educação.
No Vale do Rio Juruá e Rio Negro, o nível de ocupação é o maior entre os estratos analisados, com 57,4%, e a taxa de desocupação é de 8,4%. A proporção de pessoas vivendo abaixo de US$ 6,85 é alta, 62,3%. Apenas 1,3% dos domicílios têm esgotamento por rede coletora ou pluvial, e 39,0% possuem máquina de lavar roupa, indicando condições de vida difíceis. O acesso à Internet é de 76,5%, e 56,8% das pessoas de 18 a 29 anos possuem no mínimo 12 anos de estudo, o índice mais baixo de todos os estratos.
No Vale do Rio Purus, o nível de ocupação é de 51,3%, e a taxa de desocupação é de 6,8%. A proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 é a maior entre os estratos, 66,6%, evidenciando extrema vulnerabilidade. Apenas 13,6% dos domicílios têm esgotamento por rede coletora ou pluvial, e 34,1% possuem máquina de lavar roupa. O acesso à Internet é de 74,6%, e 59,9% das pessoas de 18 a 29 anos têm no mínimo 12 anos de estudo, destacando desafios em infraestrutura e educação.
Mais sobre a pesquisa
A Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024, sistematiza informações sobre a realidade social e as condições de vida da população brasileira.
O estudo traz indicadores de 2012 a 2024 sobre a estrutura econômica e mercado de trabalho; padrão de vida e distribuição de rendimentos (incluindo linhas de pobreza), condições de moradia; educação; e condições de saúde. Os recortes geográficos incluem grandes regiões, unidades da federação e, em alguns indicadores, municípios das capitais.
Nesta edição, foram apresentadas novas análises, como a de indicadores de condições de vida segundo estratos geográficos, que os abordam de forma mais granular no território; a de condições de moradia segundo situação de pobreza monetária; entre outras.
Mais informações em https://tinyurl.com/22e228uz.
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