Amazonas
Guerra na Ucrânia coloca potássio em terra indígena do Amazonas no centro das atenções nacionais
A exploração de potássio com altos riscos ambientais e humanos no Amazonas pode triplicar ou quadruplicar a capacidade nacional em médio prazo.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu durante entrevista coletiva neste domingo (27/02), a exploração de fertilizantes e produção de energia nos municípios de Autazes e Itacoatiara, no Amazonas, que está em terras indígenas. Segundo o presidente, com o conflito no leste europeu, cai a produtividade de fertilizantes no País, e regiões como a foz do Rio Madeira, no Amazonas, uma reserva indígena, poderia suprir essa demanda.
As únicas reservas de potássio plenamente exploradas no Brasil estão à serviço da Vale do Rio Doce, em Sergipe, nas regiões de Taquari/Vassouras e Santa Rosa de Lima, e alcançam 478 milhões de toneladas. Por ano, garantem menos de 5% das necessidades locais.
Canadá, Rússia e Belarus garantem, nessa ordem, 66% do potássio que vem para o Brasil: os três são os grandes fornecedores de NPKs no mundo, representando mais de 60% dos embarques globais.
Só a Rússia atendeu cerca de 22% das necessidades brasileiras de fertilizantes no ano passado – o país é também grande produtor e exportador dos insumos nitrogenados e à base de fósforo. Embora seja detentor de reservas gigantes, o Canadá, que supriu 32% das importações brasileiras, não é capaz de compensar o inevitável corte de oferta do Leste Europeu.
O presidente criticou a quantidade de demarcações de terras indígenas existem no país ele “o Brasil foi em parte inviabilizado no passado com a indústria da demarcação de terras indígenas”.
“Nós temos fertilizante no Brasil, na foz do Rio Madeira, temos potássio em abundância, mas é uma reserva indígena, porque não exploramos isso daí”, disse. O presidente defendeu então o novo marco temporal, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
A exploração com altos riscos ambientais e humanos no Amazonas pode triplicar ou quadruplicar essa capacidade nacional em médio prazo. Mas os projetos, que tentam sair do papel, afetam áreas de proteção ambiental e humana. A Potássio do Brasil, subsidiária do banco canadense Forbes & Manhattan, com forte lobby militar dentro do Planalto, começou, a perfurar poços em Autazes, dentro da Terra Indígena Jauary, do povo Mura, em 2015, e teve seu empreendimento paralisado. O que ela tenta, neste momento, aproveitando a onda da guerra, é destravá-lo. Para isso, porém, precisará de autorização do grupo Mura, que ganhou direito de consulta sobre o destino do negócio.
Durante a coletiva de imprensa, ao comentar sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o presidente afirmou que não entraria no mérito sobre os motivos que levaram ao embate na Ucrânica e disse que busca apenas a paz nessa questão. Bolsonaro declarou ainda que quase a totalidade da população da região da Ucrânia era favorável à independência das regiões de Donetsk e Luhansk.
Cautela
O presidente também afirmou que a posição do Brasil deve ser de “cautela” em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
“Nossa posição tem que ser de bastante cautela. Não podemos, ao tentar solucionar um caso,que é grave, ninguém é favorável a guerra em nenhum lugar do mundo, trazer problemas gravíssimos para toda a humanidade e para nosso País também, que está nesse contexto”, afirmou.
Ao ser questionado sobre os impactos do conflito sobre os preços dos combustíveis, Bolsonaro afirmou que o aumento no barril do petróleo afeta todos os países. “A paz é o melhor caminho para que nós fiquemos livre de uma alta considerada no preço dos combustíveis. Nós e o mundo todo.”
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