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Amazonas

Filhos de Amazonino, criador do Festival de Ópera do Amazonas, criticam decisão do governador do Estado de cancelar o evento

O empresário, radiodifusor e produtor musical, formado em artes, Armando Mendes e sua irmã, a jornalista, empresária e produtora cultural Lívia Mendes, lamentaram a decisão de Wilson Lima de cancelar o evento.

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O empresário, radiodifusor e produtor musical, formado em artes, Armando Mendes e sua irmã, a jornalista, empresária e produtora cultural Lívia Mendes, lamentaram e criticaram a decisão do governador do Amazonas, Wilson Lima (UB) de cancelar o Festival Amazonas de Opera (FAO) deste ano, sob a alegação da “falta de verba”. Os dois são filhos do ex-governador do Estado, Amazonino Mendes, criador do evento, em 1997.

Fazendo uma crítica como técnica, Lívia disse que deixar de realizar o FAO, um evento reconhecido internacionalmente, mesmo que seja por um ano, banaliza e põe em risco um processo de desenvolvimento da cultura no Estado de quase 30 anos. Ela lembrou que a cidade de Manaus cresceu junto com o Teatro Amazonas, construído como uma casa de ópera, restaurada também na gestão de Amazonino Mendes

“Quando da restauração do Teatro, houve um processo também de restauro de toda a cultura no Estado, o folclore, as manifestações indígenas e também a parte que veio da Europa”, afirmou, lembrando que seu pai também foi o responsável pelo processo de transformação do Festival de Parintins, com a construção do ‘Bumbódromo’.

Lívia também atua no setor cultural do Estado, há mais de 25 anos. Atuou nas fundações de cultura Villa-Lobos e ManausCult, foi responsável pelos projetos ‘Valores da Terra’ e, mais recentemente, a Virada Cultural de Manaus. Assinou o Plano Municipal de cultura da cidade e o Plano Nacional de Cultura. Atua como produtora e técnica da área de publicidade e propaganda e assessoria de marketing político, turístico e cultural.

Ela lembrou que o Festival de Ópera é parte de uma estrutura desenvolvida por Amazonino com grande impacto cultural, educacional e econômico, que inclui o Liceu Claudio Santoro, a Orquestra Amazonas Filarmônica, o Coral do Amazonas, a Amazonas Band, o Corpo de Dança do Teatro Amazonas e a Central Técnica de Produção (CTP), que hoje atende diversos eventos culturais do estado e que são exemplos para teatros de ópera brasileiros.

Ela lamentou a decisão do governador que virou notícia negativa para o Amazonas, pela importância que o evento tem no calendário mundial da ópera. Para ela, foi uma decisão equivocada que pode causar danos irreversíveis para o Estado, por conta da falta de planejamento, mas que, segundo disse, ainda podem ser revertidos.

Armando

Armando Mendes, que foi secretário particular do governador no período da criação do festival, disse ter consciência do grande esforço de Amazonino para conseguir viabilizar o FAO. Ele considerou que a decisão de suspender o evento é um rebaixamento para a autoestima da população do Estado. “É um evento que destacava o Amazonas mundialmente que o governo simplesmente evaporou”, afirmou.

Para ele, se o governo não tem competência para planejar R$ 5 milhões para um evento tão importante, não vai ter também para outras ações muito mais dispendiosas. “Não vou ficar calado… se não estão percebendo, a decisão significa a perda de conquista do povo do Amazonas. Não é surpreendente, diante do conjunto das ações do governo nos últimos anos em todas as áreas da administração”, disse.

Armando disse, ainda, que há incapacidade do governo de gerir o estado. “Evidente que, para essa gestão, é impossível construir. Nem mantém… só destrói. Há uma perda de conquistas…É uma falta de respeito ao povo inteiro, à identidade cultural do estado. O Festival foi uma conquista e seu cancelamento mostra mais uma vez o retrocesso em todas as áreas”, afirmou

Ele citou que o repasse para o FAO, considerado o maior evento do gênero na América Latina e um dos principais motores do segmento no Brasil, de R$ 5 milhões, representa menos de 2% do orçamento autorizado deste ano, de R$ 290,3 milhões, para gastar com autopromoção na Secretaria de Comunicação (Secom), que é o maior da história do Estado e 2,13 vezes maior do que o do ano passado.

Para Armando, o governador não deve governar só para os políticos de plantão, pois, dessa forma, disse, o Estado está regredindo com ações “medíocres” que trazem danos irreversíveis.

Ele perguntou: Se o ano só está começando, como já acabaram os recursos do governo? Não há planejamento? Para onde foram os recursos? Os parlamentares e os meios de comunicação vão ficar em silêncio?

Armando considera que é importante que a população exponha a curiosidade de tentar entender o porquê do cancelamento do Festival. E afirmou que, se houver respeito, ainda há tempo de reverter a decisão e realizar o FAO neste ano.


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