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Amazonas

Falta de material em centro cirúrgico coloca em risco a vida de pacientes no maior pronto socorro de Manaus

A informação está em um Memorando da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da unidade, a maior do Estado, com data do dia 14 de janeiro, ao qual o 18horas teve acesso.

A falta de material ventilatório no centro cirúrgico ameaça a disseminação de micro-organismos multirresistentes, as chamadas superbactérias, em todo o ambiente hospitalar e colocando em risco a vida de pacientes e funcionários do Hospital e Pronto Socorro João Lúcio Pereira Machado (HPSJL), em Manaus. A informação está explícita em um Memorando da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da unidade, a maior do Estado, com data do dia 14 de janeiro, ao qual o 18horas teve acesso.

O Memorando foi enviado ao Instituto de Cirurgia do Amazonas (ICEA) com cópia para a Coordenação Médica e de Enfermagem das Unidades de Terapia Intensiva, à Gerência de Enfermagem e à Gerência de Urgência e Emergência do João Lúcio e é assinado pelo médico André Patrício Ferreira de Almeida, do setor de infectologia e pela enfermeira Vanieli Regina Cappellesco, membros da CCIH. O documento pede a colaboração para controle da disseminação das superbactérias na unidade que é o maior pronto socorro do governo do Amazonas.

“Como já é de ciência de todos, não há disponibilidade suficiente de material ventilatório (circuitos de ventilação, traqueias e filtros de barreira) no Centro Cirúrgico de forma que vêm ocorrendo casos de infecção cruzada devido compartilhamento destes materiais entre diversos pacientes”, diz o Memorando 010/2020 – CCIH/HPSJLPM.

O documento também é uma tentativa dos profissionais para conter o processo de contaminação. “Dessa forma, até que haja compra de quantitativo suficiente destes materiais e como forma de reduzir o fluxo de procedimentos do Centro Cirúrgico esta CCIH optou por padronizar a realização de procedimentos de Traqueostomia no leito de origem (UTI ou Semi-Intensivas), a menos que a condição clínica do paciente contra-indique”, diz o Memorando, solicitando que “haja readequação dos setores para realização destes procedimentos em um prazo de 15 dias”.

O documento encerra dizendo que “a partir da compra dos materiais, já solicitada à direção-geral, será estudada a possibilidade de modificação do fluxo de realização de traqueostomias”.

De acordo com profissionais ouvidos pelo 18horas, os aparelhos de anestesia e ventiladores mecânicos usam um circuito (chamado de traqueia) para ser conectado ao paciente. No João Lúicio não há quantidade suficiente para trocar esses circuitos para cada paciente. Ou seja, entra um paciente para cirurgia geral e usa o ventilador mecânico porque precisa de anestesia. Ao final da cirurgia o hospital não tem um circuito limpo para o próximo paciente que entrar.

É nesse processo que ocorre o risco da chamada infecção cruzada, pois o primeiro paciente pode ter uma super bactéria ou outras doenças como tuberculose, influenza etc e pode contaminar o outro paciente pois o material não foi trocado por um limpo. Para evitar a proliferação das superbactérias, os membros da CCIH solicitaram que os pequenos procedimentos cirúrgicos nesses pacientes da UTI sejam feitos à beira do leito.

Esse tipo de decisão não é incomum e em alguns casos o procedimento é feito na UTI quando o paciente não tem condições de transporte devido à gravidade. Mas o que preocupa é que os demais pacientes que vão precisar de cirurgia de outros setores ou mesmo da emergência continuarão com risco de infecção cruzada pois a troca de circuito ou filtro de barreira pode não ser realizado.

O Amazonas tem uma alta incidência de tuberculose o que pode ser transmitido também por essa falta de troca. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), em 2016 foram diagnosticados 2.809 casos no Estado; em 2017 foram 3.059; e em 2018 foram 3.165. Neste ano, só no primeiro semestre, já foram diagnosticados 2.133 casos. A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa que ataca, principalmente, os pulmões, mas que pode afetar também outros órgãos, como os rins e o cérebro.

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