Amazonas
Doença da urina preta está associada a toxina presente em peixes e resistente ao cozimento, diz estudo
Pesquisa da Fiocruz indica que as substâncias tóxicas são produzidas por microalgas consumidas pelos animais aquáticos; surtos da enfermidade foram registrados neste ano no Amazonas e na Bahia.
Um estudo realizado pela Fiocruz Bahia identificou a provável causa da doença de Haff, popularmente conhecida como “doença da urina preta”. A pesquisa foi publicada na revista científica Lancet Regional Health – Americas e conclui que a enfermidade é causada por toxinas encontradas em peixes e crustáceos.
De acordo com o estudo, as toxinas que causam a urina preta ainda são desconhecidas, mas já se sabe que elas suportam o calor do cozimento. Casos da doença ocorrem logo após o consumo de certos peixes e crustáceos cozidos, sugerindo que toxinas são estáveis ao calor.
No artigo, os pesquisadores destacam que as toxinas não são produzidas pelos próprio peixes e crustáceos. A teoria mais aceita, segundo o estudo, é de que as toxinas são provenientes de microalgas ingeridas pelos peixes e crustáceos e que ficam acumuladas nos seus corpos.
Neste ano, surtos da doença de Haff ocorreram nos estados do Amazonas e na Bahia. Também foram registrados casos no Pará. A enfermidade tem como principal característica o escurecimento da urina. A coloração se modifica por causa da rabdomiólise: lesões musculares que liberam substâncias tóxicas na corrente sanguínea.
O estudo consistiu nas análises laboratoriais de amostras de peixes que foram consumidos por pacientes diagnosticados com a doença da urina preta. Também foram analisadas amostras frescas obtidas em uma peixaria onde alguns pacientes haviam comprado peixes.
Os pesquisadores também realizaram análise de sangue, fezes e urina dos participantes e coletaram uma série de informações: dados demográficos, se tiveram contato com animais e água da chuva, se fizeram refeição em restaurantes, uso de drogas ilícitas e medicamentos, se viajaram na semana anterior ao início dos sintomas.
Também foram analisados indivíduos que comeram o mesmo peixe suspeito e não apresentaram sintomas.
Os pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram o estudo com apoio de colaboradores da Universidade do Paraná e do Instituto Federal de Santa Catarina.
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