Amazonas
Desmatamento na Amazônia cai 61% de janeiro a outubro, mas ainda é o 6º maior em 16 anos, informa Imazon
Área desmatada nos primeiros 10 meses de 2023 chegou a 3.806 km², o equivalente a 1,2 mil campos de futebol por dia.
O ritmo de desmatamento segue em queda na Amazônia, com outubro sendo o sétimo mês consecutivo de redução na devastação. Com isso, a destruição acumulada de janeiro a outubro fechou em 3.806 km², o que representa uma queda de 61% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa foi a menor área desmatada desde 2018.
Porém, esse acumulado de 2023 ainda é o sexto maior em 16 anos, desde 2008, quando o instituto de pesquisa implantou seu monitoramento por satélites. E equivale à destruição de três vezes a cidade do Rio de Janeiro ou 1,2 mil campos de futebol por dia.
“Essa redução de 61% no desmatamento acumulado no ano é motivo de comemoração, mas precisamos intensificar ainda mais as ações de fiscalização e punição aos desmatadores ilegais para voltarmos aos patamares de anos como 2012 e atingirmos o prometido e necessário desmatamento zero em 2030”, comenta o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr.
Apenas em outubro, foram derrubados 290 km², 54% a menos do que no mesmo mês de 2022. Esse foi o menor desmatamento no mês desde 2019, mas ainda o sexto maior da série histórica, iniciada em 2008.
Pará lidera com 31% da derrubada entre janeiro e outubro
Com 1.159 km² (31%) de floresta derrubados de janeiro a outubro, o Pará foi o estado que mais devastou a Amazônia, apesar de ter tido a segunda maior redução no desmate. No mesmo período do ano passado, foram destruídos 3.512 km² no estado, 67% a menos.
Em outubro, além do desmatamento avançar em cidades já famosas pela perda de floresta, como Portel, no Marajó; e Pacajá, Uruará e Senador José Porfírio, no Sudoeste, na microrregião de Altamira; houve destaque também para municípios como Santarém, que apareceu pela primeira vez no ano no ranking dos 10 que mais devastaram a Amazônia, e Mojuí dos Campos, ambos no Baixo Amazonas. Além de Tomé-Açu, no Nordeste.
“É no Baixo Amazonas, no norte do Pará, que fica o maior bloco de áreas protegidas do mundo e também a maior árvore da América Latina, que é a quarta mais alta do mundo. Por isso, é extremamente grave que a derrubada esteja avançando sobre essa região. Precisamos de medidas urgentes para protegê-la ”, alerta a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
Além disso, o Pará segue como destaque negativo no desmatamento dentro de áreas protegidas e de assentamentos. Em outubro, das 20 unidades de conservação e terras indígenas mais devastadas da Amazônia, nove ficam no estado. As mais destruídas foram a APA Triunfo do Xingu e as TIs Cachoeira Seca e Apyterewa. Essa última, inclusive, que passa por um processo de retirada dos invasores. Mesmo com a operação em vigor em outubro, o território perdeu 100 campos de futebol de floresta.
Já em relação aos assentamentos, dos 10 mais desmatados da Amazônia em outubro, sete ficam em solo paraense. Juntos, eles perderam 20 km² de floresta apenas no mês, o que equivale a 2 mil campos de futebol. Devastação que alerta sobre a necessidade de ações específicas para esse tipo de território.
O segundo e o terceiro estados com as maiores áreas devastadas entre janeiro e outubro foram Amazonas, com 854 km² (23%), e Mato Grosso, com 821 km² (22%). Ambos também apresentaram redução no desmate em relação ao mesmo período em 2022, que foi de 2.476 km² no Amazonas, 66% a menos, e de 1.438 em Mato Grosso, 43% inferior.
Em solo amazonense, a destruição da floresta vem avançando pelo sul, na divisa com Acre e Rondônia, região chamada de Amacro. Além disso, o estado também tem problemas com a derrubada dentro de áreas protegidas, como as terras indígenas Yanomami (que também fica em Roraima) e Alto Rio Negro, e em assentamentos, como o PAE Antimary.
Já em Mato Grosso, a situação mais crítica está ocorrendo na metade norte, principalmente em municípios como Juara, o segundo com maior desmatamento na Amazônia em outubro, e São Félix do Araguaia, o décimo. Em outubro, Mato Grosso também teve uma de suas terras indígenas entre as dez mais devastadas da Amazônia, o território Arara do Rio Branco.
Amapá, Tocantins e Roraima apresentaram aumento na derrubada
Apesar de seis dos nove estados da Amazônia Legal terem apresentado queda na área desmatada entre janeiro e outubro em relação ao mesmo período de 2022, três deles viram a destruição da floresta aumentar: Amapá, Tocantins e Roraima. O campeão no crescimento foi Amapá, onde a devastação triplicou: passou de 5 km² nos dez primeiros meses do ano passado para 17 km² no mesmo período de 2023. Além disso, em outubro, a área protegida amapaense Resex do Rio Cajari foi a terceira unidade de conservação mais destruída da Amazônia.
O segundo maior aumento no desmate foi registrado no Tocantins. No estado, a derrubada passou de 12 km² entre janeiro e outubro de de 2022 para 16 km² no mesmo período deste ano, uma alta de 33%Já em Roraima, o desmatamento passou de 133 km² nos dez primeiros meses do ano passado para 169 km² nesse período em 2023, uma alta de 27%. Em outubro, o município de Rorainópolis foi o nono mais desmatado da Amazônia. Além disso, o estado também teve no mês duas terras entre as dez mais destruídas da região: o território Yanomami (que também fica no Amazonas) e o WaiWai.
Acre, Maranhão e Rondônia têm áreas protegidas entre as mais desmatadas
Responsável por 8% do desmatamento da Amazônia entre janeiro e outubro, 320 km 2, o Acre foi destaque negativo no último mês em relação à proteção de suas unidades de conservação. Três delas ficaram entre as 10 mais devastadas da Amazônia: a líder Resex Chico Mendes, que perdeu 200 campos de futebol de mata nativa; e as florestas estaduais do Antimary e do Rio Gregório, cada uma com 100 campos de futebol de vegetação primária postos abaixo.
Já o Maranhão, que destruiu 141 km 2 nos dez primeiros meses do ano, 4% do total, também teve áreas protegidas entre as mais devastadas em outubro. Foram a unidade de conservação Rebio do Gurupi e a terra indígena Alto Turiaçu.
Rondônia, o quinto estado que mais destruiu a floresta entre janeiro e outubro, com 309 km 2, também teve uma terra indígena entre as mais devastadas. Foi o território Karipuna, que fica nos municípios de Nova Mamoré e Porto Velho.
Queimadas aumentaram degradação florestal
Além do desmatamento, quando há a remoção completa da vegetação nativa, o Imazon também monitora a degradação florestal causada pelas queimadas ou pela extração madeireira, que causam danos parciais nas áreas afetadas. Em outubro, foram detectados 1.554 km² de florestas degradadas na Amazônia Legal, um aumento de 2% em relação ao mesmo mês de 2022.
“Essa degradação se concentrou principalmente no Pará (55%) e no Amazonas (27%), estados onde estão tendo queimadas recorrentes. Cidades como Manaus e Santarém, inclusive, foram afetadas pela fumaça”, exemplifica Larissa.
Clique aqui para ver os dados de desmatamento em outubro
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