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Amazonas

“Demoramos para reagir”, diz senador Eduardo Braga sobre colapso no Amazonas

O senador que integra a CPI da Covid-19 afirmou ao podcast EXAME/Política que falta de preparo e negacionismo quase um ano depois do início da pandemia levaram Estado e o Brasil a colapso em 2021.

O Amazonas, Estado que enfrentou de forma aguda o colapso do sistema de saúde e falta de oxigênio aos pacientes com covid-19 em 2021, foi o retrato da falta de preparo, que atingiu em maior ou menor escala também o restante do país, da administração pública para lidar com a pandemia mesmo quase um ano depois do surto inicial da doença no Brasil, avalia o senador Eduardo Braga, do MDB do Amazonas, em entrevista à revista Exame.

O parlamentar que integra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 foi o convidado do último episódio do podcast Exame  Política, disponível todas as sextas-feiras (ouça abaixo na íntegra).

Segundo o senador, que já foi prefeito de Manaus e governador do Amazonas, além das falhas de gestão relacionadas à logística, que causaram, por exemplo, a falta de suprimentos e oxigênio aos hospitais, o negacionismo também desempenhou um papel importante no curso que levou o Estado à crise enfrentada neste ano.

“Não basta repassar o recurso. É preciso que haja uma narrativa afirmativa com relação à mudança de comportamento”, disse. “Mas lamentavelmente nós passamos a ter uma narrativa negacionista em relação às formas de como nos comportar na pandemia”, afirmou. O parlamentar avalia que a mudança de narrativa das autoridades é central para o enfrentamento da crise da Covid-19 e defende que a CPI aponte novos caminhos e influencie líderes a repensarem o comportamento negacionista enquanto a pandemia segue grave no país.

Para o senador, durante a primeira onda da pandemia, em que a região já foi castigada com altos números de mortes e falta de leitos para a população doente, a falta de planejamento em relação à gestão de saúde no Estado, onde a já frágil infraestrutura é concentrada quase exclusivamente na capital, e erros relacionados a protocolos, já haviam prejudicado o combate à doença.

“Quando tivemos a segunda onda no Amazonas, percebemos que mesmo 11 meses depois da primeira, com tempo suficiente, portanto, para União, Estados e municípios terem se preparado, novamente estávamos despreparados, novamente estávamos sem estrutura”, afirmou. “Demoramos para reagir e nesse tempo de reação longo acabamos tendo no Amazonas entre janeiro, fevereiro e março mais mortos inclusive que em todo o ano de 2020. Mas a nível de Brasil o quadro não é muito diferente disso.”

Atuação da CPI

A comissão que investigará ações e omissões do governo no enfrentamento da pandemia no Congresso e iniciou os trabalhos na semana passada, já recebeu requerimentos para convocar tanto o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), quanto o governador do Amazonas, Wilson Lima (PTB), para depor sobre a situação que o Estado enfrentou neste ano.

As investigações da comissão, no entanto, se restringirão a fatos que tenham ligação com ações do governo federal, reafirma o parlamentar. Potenciais desvios de recursos enviados aos Estados para combater a pandemia, por exemplo, podem entrar no escopo das investigações.

Os pedidos de convocação de ambos têm como justificativa o esclarecimento de circunstâncias relativas ao colapso em Manaus e no Estado e o uso de verba federal na pandemia.

A CPI, afirmou o senador, objetiva, além de esclarecer a motivação das omissões e falhas do governo no enfrentamento à pandemia, ajudar a evitar novas tragédias no país.

“Esperamos não só entender o porquê de tantos desacertos, de tantos desencontros, o que faltou, mas o que pode ser feito para que a gente durante o que está acontecendo possa salvar vidas, evitar novas mortes. Isso é o mais importante”, afirmou.

Segundo o parlamentar que integra o mesmo partido de Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, um dos grandes desafios da CPI, é “apontar novos caminhos”.


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