Amazonas
Covid-19: rios Negro e Solimões superam Manaus e já têm maior de mortalidade do País
A proliferação do novo coronavírus em grande escala em cidades da região Amazônica jogou por terra a hipótese inicialmente levantada de que a covid-19 poderia perder força ao chegar a regiões mais quentes do planeta.
As regiões dos rios Negro e Solimões, no Amazonas, já ultrapassaram a capital, Manaus, e são as que apresentam o maior coeficiente de mortalidade no país, com índice de 251,7 por 1 milhão de habitantes. Em números absolutos, foram confirmadas 75 mortes por covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
O estado do Amazonas é o que apresenta o maior índice de mortalidade no país (232), o dobro em
comparação ao Ceará, em 2º lugar no ranking (116). Em números absolutos, o estado registrou 962
mortes. O levantamento foi feito pelo UOL com base em dados divulgados ontem (9) pelo
Ministério da Saúde, que confirmou mais de 10 mil mortes por covid-19.
No ranking das dez regiões com maior índice de mortalidade, quatro delas são do Amazonas. Manaus, capital do estado, aparece em 3º lugar, com índice de 238 casos por 1 milhão de habitantes. O Baixo Amazonas (6º lugar) e o Alto Solimões (8º lugar) completam a lista.
Fortaleza, capital cearense, está em 2º lugar no ranking do índice de mortalidade, com 249,9 óbitos por 1 milhão de pessoas. Outras duas capitais completam a lista das cinco regiões com maior índice: São Luís (MA), com 180,1; e Recife (PE), com 167,1.
Com 3.608 óbitos, o maior número de mortes entre as cidades do país, São Paulo está em 7º lugar
no índice de mortalidade, com 162,1.
No coeficiente de maior incidência de pessoas infectadas pela covid-19 por 1 milhão de habitantes, Fortaleza figura em 1º lugar, com índice de 3.523, seguida das regiões do Alto Solimões (3.470,1) e Rio Negro e Solimões (3.366,3).
Calor X coronavírus
A proliferação do novo coronavírus em grande escala em cidades da região Amazônica jogou por terra a hipótese inicialmente levantada de que a covid-19 poderia perder força ao chegar a regiões mais quentes do planeta. Amazonas e Amapá, estados que registram altas temperaturas, lideram os rankings proporcionais de mortes e casos no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
Segundo Felipe Naveca, pesquisador de virologia e biologia molecular da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, o calor pode até reduzir, mas “não é suficiente para parar uma pandemia como essa”. “Em Manaus, por exemplo, é sempre quente. São poucos os dias em que você sente um tempo mais ameno por aqui, e isso não foi o suficiente para impedir a transmissão. Inclusive nós tivemos muitos dias quentes agora no início do ano, e mesmo assim estamos com uma transmissão lá no alto”, comenta Naveca.
Segundo Luiz Goes, pesquisador do departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas e da Plataforma Científica Pasteur da USP (Universidade de São Paulo), o avanço do novo coronavírus sob o calor amazônico não causa surpresa.
Góes alega que os vírus da mesma família já tinham se adaptado e proliferado em áreas bem mais quentes do que a Amazônia, e havia forte indício de que isso ocorreria novamente com o novo coronavírus. “A MERS [Síndrome Respiratória do Oriente Médio] provinda de eventos de spillover [termo usado para definir quando um vírus consegue migrar de uma espécie hospedeira para outra] de camelos para humanos ocorre principalmente na Arábia Saudita. Mais quente que isso, impossível”, afirma.
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