Covid-19: Amazonas teve 40 mortes a mais em fevereiro, na comparação com janeiro mostram números da Vigilância em Saúde

Em 27 dias de fevereiro, o Amazonas contabilizou 154 mortes por Covid-19, 40 a mais que o registrado no mês de janeiro, conforme os boletins divulgados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Foram somados 38.923‬ novos casos em fevereiro, uma redução de 59,47% se comparado com o mês de janeiro (96.026).

Para o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, as aglomerações típicas do período Carnaval, mesmo sem os grandes eventos, podem contribuir para um aumento de novos casos, mas nada comparado ao ocorrido no primeiro mês de 2022, com transmissão comunitária da ômicron.

“Qualquer tipo de aglomeração, mesmo com três pessoas sempre será uma oportunidade para contágio. No entanto, como muitas pessoas já estão vacinadas e tivemos uma inédita disseminação viral há uns 40 dias, não é muito provável que essas aglomerações gerem outro caos de contágios novos, mas as pessoas deveriam manter todos os cuidados, mesmo vacinados contra COVID-19”, analisou o cientista, ressaltando que os desfiles das escolas de samba, em Manaus, previstos para os dias 17,18, 19 de março, no sambódromo, sem público, também podem contribuir para a transmissão do novo coronavírus. “Certamente o número de contágios irá aumentar, mas muito provavelmente sem explosões e aumento substancial no número de mortos”, completou Jesem.

O cientista Jesem Orellana destacou que a pandemia no Amazonas pode alcançar cenário positivo em breve ante ao cumprimento das medidas não farmacológicas e imunização da população. “Certamente, mas muito em função da vacinação em massa. Por isso, é fundamental não apenas que as pessoas se vacinem o máximo possível, como também mantenham precauções básicas, como uso de máscara, distanciamento físico e higienização das mãos, ao menos até a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a pandemia como esgotada”, disse.

Mortes

Perguntando sobre o que motivou o aumento de mortes no mês de fevereiro, o cientista explicou que os óbitos eram evitáveis e que ao aumento provavelmente não se repetirá neste mês de março.

“O indicador de mortalidade é um sinal tardio da circulação viral. Portanto, como lamentavelmente tivemos descontrolada transmissão comunitária do novo coronavírus em janeiro é esperado esse resíduo epidêmico em fevereiro, traduzido pelo aumento no número de mortes, algo que não vai ocorrer em março de 2022. Sem dúvida essas centenas de casos novos e, sobretudo de mortes, eram plenamente evitáveis, mas tanto o Governo do Amazonas como a Prefeitura de Manaus, por exemplo, já deixaram claro, por três vezes seguidas, que preferem contar mortos, ao invés de salvar vidas, certos de impunidade”, analisou o pesquisador da Fiocruz Amazônia.