Amazonas
Com Wilson Lima, devastação no Amazonas subiu 55% e fica em segundo lugar na Amazônia Legal, diz Observatório do Clima
De acordo com o estudo, embasado por dados do PRODES, a devastação se concentra no sul do Estado, por onde passa a BR-319.
Em 2021, terceiro ano do governo Wilson Lima (PSC), o desmatamento no Amazonas subiu 55%, com 2.347 km² de florestas derrubadas. Os dados informam que o estado ultrapassa Mato Grosso (2.263 km²) e assume a segunda posição no ranking da devastação na Amazônia Legal liderado pelo Pará (5.257 km²). Os números fazem parte do relatório “A conta chegou: o terceiro ano da destruição ambiental sob Jair Bolsonaro” divulgado pelo Observatório do Clima (OC) nesta terça-feira (1º/2).
De acordo com o estudo, embasado por dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), a devastação se concentra no sul do Estado, por onde passa a BR-319, estrada que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, defende a pavimentação. O relatório afirma que o desmatamento na região pode indicar um surto de grilagem e especulação fundiária em antecipação à obra – uma tendência histórica na Amazônia, como vem ocorrendo no entorno da BR-163, no Estado do Pará, que lidera o desmatamento, com 5.257 km² (39,7% do total).
O relatório destaca, ainda, a interrupção de ações contra o desmatamento no Amazonas e lembra o caso do então superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, que em abril do ano passado havia sido exonerado do cargo e transferido para o interior do Rio de Janeiro dias após ter enviado ao STF uma notícia-crime contra o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles por interceder em favor de madeireiros investigados por desmatamento ilegal.
Outros fatos relacionados à crimes ambientais registrados no Amazonas referem-se às invasões da Terra Indígena Yanomami, entre os Estados de Roraima e Amazonas, por mais de 20 mil garimpeiros. Em maio, a comunidade yanomami Palimiú foi atacada a tiros por garimpeiros a bordo de uma lancha. A Polícia Federal foi até a área apurar o ataque e também trocou tiros com os garimpeiros, no dia seguinte. O STF determinou ao governo que retirasse os garimpeiros do território indígena.
Fiscalização
Relatório produzido pelo Observatório do Clima destacou que dos R$ 219 milhões de recursos recebidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2021, apenas R$ 88 milhões foram utilizados para a fiscalização ambiental. Uma das conclusões do levantamento é de que “faltou vontade” na atual gestão do governo federal.
Em comparação a governos anteriores, o Ibama gastou menos da metade do repasse com operações de campo, 41%. Anteriormente, a porcentagem anual ficava entre 86% e 92% para a fiscalização.
“Como a liquidação reflete serviço realizado, esse número baixo mostra que o governo não aproveitou a verba extra para a fiscalização que obteve do Congresso em 2021 para ampliar o número de operações de campo. Só deverá gastar grande parte dos recursos em 2022”, concluiu.
O número de autos de infração por desmatamento ficou em 40% abaixo da média do governo anterior, o menor em duas décadas. Desde 2018, as autuações por embargos de propriedade — importante instrumento para combater o desmatamento — caíram em 70%.
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