Amazonas
Cartografia da Violência aponta facções Piratas do Solimões e ex-Farc atuando no Amazonas, junto com PCC e CV
O estudo apontou que no estado do Amazonas foram identificados 21 municípios com presença de facções.
A 3ª Edição do estudo Cartografias da Violência na Amazônia aponta que, além do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC), outras duas fações criminosas atuam no interior do Amazonas: a Piratas do Solimões e as ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Acácio Medina.
O estudo apontou que no estado do Amazonas foram identificados 21 municípios com presença de facções, sendo que em 13 destes havia apenas um grupo criminoso e em 8 foi observada a coexistência de duas ou mais facções. O CV está presente em dez municípios de forma hegemônica, e os Piratas dos Solimões dominam outros três municípios. O CV está presente em todos os municípios, mesmo naqueles em que há mais de uma facção. Já o PCC está em três deles, que são a capital Manaus, Rio Preto da Eva e São Paulo da Olivença107. Em Manaus e Rio Preto da Eva já podem ser observados intensos confrontos entre CV e PCC.
Os Piratas dos Solimões são representados por um grupo de criminosos originários de comunidades ribeirinhas do rio Solimões e afluentes. Tal característica lhes confere um grande conhecimento empírico acerca da dinâmica dos rios amazônicos. Desde 2022, o setor de inteligência da Policia Federal (PF) intensificou a fiscalização contra piratas que atacavam narcotraficantes e garimpeiros ilegais, em que eram registrados confrontos entre esses criminosos que contavam com o uso até de granadas e levavam pânico aos rios amazônicos. O grupo até se passava por agentes da corporação, com lanchas que possuíam a inscrição da PF.
Os dois outros municípios com presença de duas facções estão localizados na Zona de Fronteira Setentrional, especificamente na sub-região da Cabeça do Cachorro, que corresponde aos municípios de Japurá e São Gabriel da Cachoeira. Nesses municípios, há indícios da presença das facções estrangeiras colombianas, como a Ex-Farc Acácio Medina, que atuam como aliadas do CV no abastecimento de maconha e cocaína, transportadas pelos rios Japurá, Iça e Negro, que atravessam os municípios.
Os ex-guerrilheiros colombianos citados pertencem ao mesmo grupo que abrigou Fernandinho Beira-Mar na Colômbia. Na época, as Farc eram chefiadas por Tomás Medina Caracas, conhecido como Negro Acacio, morto em uma operação do Exército colombiano em setembro de 2007.
Ele foi o mentor da Frente Acacio Medina, grupo de ex-guerrilheiros que hoje atua em território brasileiro e é chefiado por Géner Garcia Molina, conhecido como Jhon 40, segundo documentos do Ministério Público colombiano.
Aiala Couto, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que conduz um estudo sobre o tráfico na fronteira, diz que há evidências indicando a presença de ex-guerrilheiros das Farc no Brasil há mais de 15 anos.
As facções colombianas entregam drogas na região da fronteira a membros do CV nesses municípios, que a partir daí passam a ser responsáveis pela distribuição dos produtos até as principais cidades, onde são divididas entre a parte que será consumida na própria região e o que será destinado para os mercados doméstico e exterior.
Assim, o Amazonas é um estado muito estratégico para a circulação e o escoamento de drogas oriundas dos países andinos, por onde passam grandes volumes. Por isso, é considerado por muitos analistas como o estado da Amazônia que abriga a principal rota do narcotráfico, através dos rios Solimões, Japurá e Iça, que se conectam através de vários afluentes, furos e igarapés.
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