Amazonas
Caprichoso vence o 57º Festival de Parintins
Com o “Rito de Cura da Terra: Awa Guajá” o Caprichoso fechou a terceira noite de apresentação do boi Caprichoso na madrugada desta segunda-feira.
O Boi Caprichoso se consagra o tricampeão do 57º Festival de Parintins, com um décimo de vantagem do Boi Garantido com o total de 1.259,3 pontos. A nação azulada levou para o Bumbódromo de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus) o tema “Cultura: o Triunfo do Povo” e conquistou o 26º título da agremiação do Touro da Francesa.
Depois de 28 anos, o tricampeonato chegou para o Caprichoso na gestão do presidente Rossy Amoedo. Criado nos galpões de alegorias do Caprichoso, sendo o primeiro artista plástico da história a presidir o bumbá, Rossy dedicou o título, sobretudo, aos profissionais dos bastidores. “Eu dedico tudo isso aos nossos companheiros de trabalho. Eu vim do galpão, é muito orgulho pra mim ser artista, presidente do Boi, e dedico a todos esses trabalhadores, colaboradores, costureiras, soldadores, ao nosso Conselho de Arte, toda a nossa diretoria, todo mundo que nos ajudou a chegar até aqui”, declarou o presidente.
Ele disse ainda que foi um dia muito especial para toda família azul e branco, que brindaram com muita felicidade o título. “E vamos comemorar hoje, faz muito tempo, eu era criança quando nós fomos tricampeões. E essa criança hoje realiza um grande sonho, poder estar aqui neste momento”, destacou.
O troféu de campeão foi erguido pelo presidente e conduzido até o galpão do Caprichoso para dar início à festa da vitória azulada. “Valeu muito a pena aquela galera, desde as seis da manhã até a hora da entrada do Bumbódromo. É uma emoção muito grande!”, comemora a torcedora Flávia Guimarães.
Visitantes de Manaus e outros estados assíduos no Festival de Parintins, ou participando pela primeira vez, acompanharam o trajeto comemorando o tricampeonato. “Eu sou manauara, mas sou parintinense com a estrela que pulsa no meu peito! Eu venho todo ano! E isso aqui é toda expressão, todos os sentidos da minha vida, é o boi Caprichoso”, se declara Leandro Reis. “Eu sou de Maceió. Vim para cá pela primeira vez e acompanho o Caprichoso há muito tempo. É um sonho tá aqui. Caprichoso Tri”, revela Camila Cavalcante.
Apuração
A abertura da mesa foi realizada pelo secretário de Economia Criativa do Estado, Marcos Apolo Muniz e a apuração foi conduzida pelo presidente da comissão julgadora, Beto Brandão e representantes dos bumbás. Os bois Caprichoso e Garantido foram avaliados por nove jurados que atribuíram notas para 21 itens, divididos por blocos: Comum/Musical, Cênico Coreográfico e Artístico.
O 57º Festival de Parintins foi realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Nos dias 28, 29 e 30 de junho, os bumbás Caprichoso e Garantido levaram grandes espetáculos para a arena do Bumbódromo.
Com o “Rito de Cura da Terra: Awa Guajá” o Caprichoso fechou a terceira noite de apresentação do boi Caprichoso na madrugada desta segunda-feira (1º), e encerrou o 57º Festival Folclórico de Parintins. A noite foi marcada por tecnologia nas alegorias com luzes de led, projeções holográficas no chão da arena, assim como nas alegoria. O boi da Francesa apresentou a reedição do Ritual da Vida (1998).
Angela Mendes, filha do seringueiro, sindicalista e ativista político, Chico Mendes, ao lado de José Tupinambá entraram na arena com o relógio do clima que marcava 5 anos, 21 dias, e 11h59. “Em cinco anos se a gente não cuidar da nossa terra, pachamama, ela vai aquecer um grau e meio. A gente pode cuidar dela, salvar nossa terra, salvar nossas vidas. E adiar o final do mundo. Demarcação já”, disse Tupinambá.
O pajé Erick Beltrão cantou a toada Unankiê: um lamento amazônico (1994) para convocar os povos originários a dançar. A reedição do Ritual da Vida contou com uma imensa tarântula que desceu do céu e em uma teia pegou indígenas para completar o rito. Patrick Araújo, levantador de toadas, defendeu no item Toada Letra a Música, a toada Amazônia, nossa luta em poesia (2022), composição de Adriano Aguiar e Ronaldo Barbosa Jr.
Edmundo Oran, apresentador, surgiu como velho sacaca na Figura Típica Regiona “Sacacas, curadores/as da floresta” do artista Makoy Cardoso, 46 anos. A rainha do folclore, Cleise Cimas, surgiu dos altos de dentro de uma alegoria representando o espírito dos velhos sacacas. Em outro momento, a sinhazinha da fazenda, Valentina Cid, bailou ao som da toada Estrela Angelical (2018).
Na primeira noite (28), o Boi Caprichoso, proclamou o “Triunfo do Povo” com foco nas culturas: culturas plantadas, nascidas e sustentadas no meio da Amazônia Brasileira, magistralmente triunfal no entrelaçar de negros e negras, indígenas, ribeirinhos e ribeirinhas, mestres e mestras da cultura popular local.
Na segunda noite (29), em que a “tradição” foi o fio condutor da narrativa, o Boi Caprichoso pediu licença para falar daquilo que cultiva com todo o cuidado: as tradições que dão vida ao bumbá.
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