Amazonas
Brasil Potash, que vai extrair potássio no Amazonas, estreia na bolsa de NY com baixa atração de investidores
A empresa que vai extrair potássio no município de Autazes, no Amazonas, pretendia captar US$ 150 milhões, mas acabou levantando apenas US$ 30 milhões.
Primeiro IPO de uma companhia de operação brasileira desde dezembro de 2021, a Brazil Potash , no município de Autazes (AM), amargou uma dura estreia na bolsa de Nova York ao decidir seguir com sua listagem mesmo diante de baixo apetite dos investidores. A ação chegou a cair mais de 13% e fechou em queda de 7,8%, a US$ 13,82. As informações foram divulgadas no site Valor Econômico.
IPO é a sigla para Initial Public Offering, que em português significa “Oferta Pública Inicial”. É um processo que permite a uma empresa emitir ações para serem negociadas na bolsa de valores, ou seja, abrir o seu capital social.
A Brazil Potash, que vai extrair potássio na região amazônica, pretendia captar US$ 150 milhões, mas acabou levantando apenas US$ 30 milhões. Não é uma oferta típica, que possa exatamente servir de parâmetro para outras operações – é por definição mais restrita a um perfil de investidor acostumado com empresas pré-operacionais.
Tecnicamente, a Brazil Potash é canadense, mas seu único negócio é a controlada brasileira Brasil Potássio. A abertura de capital na bolsa americana acontece depois de sete anos de embates com os reguladores brasileiros para obter as licenças ambientais necessárias para erguer um megaprojeto de mineração na cidade de Autazes, no Amazonas – o que vinha levantando dúvidas de investidores sobre a viabilidade do empreendimento. “Depois de sete anos, a novela acabou”, disse o CEO da Potássio do Brasil, Adriano Espechit, em entrevista ao Pipeline antes da listagem.
A oferta visa financiar o Projeto Autazes, orçado em US$ 2 bilhões. A expectativa era levantar dívida para 60% disso, mas com a menor captação em equity essa fatia vai ter que aumentar já de saída. A Potássio do Brasil quer ser a principal fornecedora nacional do cloreto de potássio utilizado no país, atingindo o percentual de 20%. Atualmente, o país importa mais de 80% desse insumo, fertilizante essencial para o enriquecimento de solo na agricultura, junto do nitrogênio e do fósforo.
A área do projeto abrange cerca de 350 hectares, que devem abrigar usinas de extração, refinamento, descarte e escoamento do minério. A projeção é que, ao longo dos 23 anos de vida útil das minas, sejam retirados do solo cerca de 2 milhões toneladas de cloreto de potássio por ano, ultrapassando as 50 milhões de toneladas nas duas décadas.
O empreendimento começou a ser construído neste segundo semestre, depois que a companhia conseguiu 24 das 39 licenças de construção e ambientais necessárias, concedidas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) – ou seja, a companhia partiu para o IPO antes mesmo de ter todas as licenças aprovadas, o que aumenta o risco para o investidor.
Espechit argumenta que o processo de licenciamento atrasou não só os planos da companhia canadense como também encareceu o agronegócio brasileiro. A Brazil Potash estima a venda da tonelada de potássio “made in Brazil” por US$ 151, segundo o prospecto. Em comparação, a Rússia e a Belarus vendem por cerca de de US$ 245/tonelada; Israel, por US$ 276; o Canadá, por US$ 318; e a Alemanha, por US$ 361/tonelada.
A companhia foi criada pelo investidor canadense da área de mineração Stan Bharti, CEO da holding. Enquanto buscava aporte financeiro, também lidava com alguns processos na Justiça brasileira, que começaram em 2016. Foram quatro processos, movidos pelo Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) e procuradorias o estado, que iam desde cooptação a coação da comunidade indígena à suposta cessão irregular de terra. A Brazil Potash conseguiu reverter três em recurso, o único que ainda tramitava foi aberto pouco antes de a companhia protocolar a abertura de capital na Nyse, em agosto deste ano.
Em fase de investimento, a companhia teve prejuízo de US$ 8,3 milhões em 2023, ante US$ 28,7 milhões de 2022. O IPO foi coordenado pela Cantor Fitzgerald, Bradesco BBI, Freedom Capital Markets, Roth Capital Partners e Clarksons Securities.
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