Amazonas
Babá agredida em Manaus relembra caso no Fantástico: ‘Não tive chance de defesa. Me sinto humilhada’
Condomínio vai pedir na justiça o afastamento de casal que agrediu babá e atirou contra advogado: ‘comportamento agressivo e antissocial’.
As imagens de uma babá, Cláudia Gonzaga Lima, e do patrão dela, o advogado Ygor Colares, sendo espancados por moradores do condomínio onde ela trabalha em Manaus, gerou repercussão nacional. O advogado terminou baleado por um dos agressores quando tentou defender a funcionária. O caso foi destaque no programa Fantástico, da Rede Globo.
Os autores das agressões, a professora de educação física Jussana Machado e o marido dela, o policial civil Raimundo Nonato, estão presos.
“Eu só senti quando ela me empurrou. Quando eu me virei, eu já fui apanhando literalmente, né? Ela já foi me batendo, me dando socos. Eu não tive nem chance de defesa. Eu me sinto humilhada, é assim que eu me sinto”, emociona-se a babá ao relembrar o que sofreu.
Cláudia é babá do filho de 2 anos de Ygor, que se mudou para o condomínio onde tudo aconteceu com a família há três anos e é vizinho de porta do casal agressor. Ele afirma que, até o dia da primeira queixa dos vizinhos contra Cláudia, em julho, nunca tinha tido problemas.
“O Nonato e a Jussana me procuraram semanas antes de todo esse ocorrido, alegando que a Cláudia estava fazendo fofoca sobre eles no condomínio. A Cláudia negou veementemente qualquer ato de fofoca e eles ficaram irritados. Eles gostariam que eu demitisse a Cláudia”, conta.
Antes da agressão, dois episódios já haviam ocorrido entre o casal e a babá no condomínio. Após o segundo, Ygor foi à polícia com Cláudia e registrou queixa por ameaça, injúria e ofensas contra a babá. Ao saber pelo advogado disso, Jussana também registrou um B.O, alegando que teria sido ameaçada de morte por Ygor.
“Nunca a ameacei. Não faz parte da minha índole esse tipo de conduta”, garante ele, que se emociona ao relembrar o que passou: “Se eu não tivesse aparecido ali, eu não sei o que teria acontecido mais com a Cláudia. Eu me senti na obrigação de defender a Claudia naquele momento, mesmo sabendo que ele podia estar armado ali. Eu diria que foi o pior momento da minha vida”.
“A única hipótese que nós conseguimos enxergar diante do quadro, das testemunhas das situações anteriores, é que havia uma nítida discriminação contra a senhora Cláudia pela condição social, socioeconômica dela, em ser uma babá”, diz Josemar Berçot, advogado de Ygor e Cláudia.
A defesa dos agressores nega que a motivação tenha sido por preconceito e afirma que o tiro não foi proposital.
“O motivo dos fatos não tem nada a ver com discriminação. Foi a respeito dessa confusão que já havia entre as duas. A violência, nesse caso, ela é injustificável, não tem justificativa para a forma como eles agiram. Mas o disparo foi acidental”, afirma Arthur da Costa Ponte, advogado de Raimundo e Jussana.
Afastamento do condomínio
O condomínio Life Ponta Negra informou na última segunda-feira (21) que vai pedir na justiça o afastamento do investigador Raimundo Nonato Machado e a mulher dele, Jussana Machado, após a briga que deixou uma babá ferida e um advogado baleado em Manaus.
A decisão foi divulgada por meio de uma nota que cita que o casal já havia se envolvido em outras ocorrências e teve “comportamento agressivo e antissocial”. Veja o posicionamento do residencial abaixo.
“Até então, as reclamações tratavam-se de ofensas verbais, praticadas por moradores de uma unidade e por uma prestadora de serviço da outra unidade, destacando-se que o condomínio não possui qualquer prova dos fatos narrados pelas partes, a não ser as narrativas, que além de não confirmadas, foram negadas e que, conforme os moradores, o caso já estava sendo tratado na esfera penal, após os registros de boletins de ocorrência por ambas unidades”, diz a nota.
No dia 13 de julho, o condomínio informou que houve um princípio de confusão entre os moradores, que se ofenderam de forma verbal.
Após o episódio, uma reunião foi realizada na administração do condomínio, no dia 17 do mesmo mês, quando os envolvidos se explicaram, entenderam o posicionamento uns dos outros e se comprometeram a conviver respeitosa e pacificamente, adotando, cada qual, medidas para evitar novas reclamações.
Ainda conforme o condomínio, não havia registros de novas reclamações desde então, quando o conflito entre eles voltou a acontecer na sexta-feira (18). Após a repercussão do caso, eles foram afastados da unidade.
“Em virtude do comportamento agressivo e antissocial dos condôminos agressores, não resta outra alternativa a não ser se socorrer do poder judiciário para que os moradores agressores sejam liminarmente afastados do convívio social no âmbito do condomínio até decisão judicial definitiva, que será requerida após a realização da assembleia agendada para dia 31.08.2023, às 19h”, informou.
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