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Amazonas: morre criança que foi anestesiada e teve cirurgia adiada por falta de equipamento em hospital

Segundo a Susam, o quadro de Ícaro era de insuficiência cardíaca causada por uma cardiopatia congênita complexa grave, de desvio de septo atrioventricular forma total.

Ícaro Davi de Castro Ferreira, de 3 anos, morreu no início desta quarta-feira (18), no Hospital Francisca Mendes (HUFM), em Manaus. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), após seis horas de operação, já ao fim do procedimento cirúrgico, o bebê ofreu colapso, decorrente de um quadro de hipertensão pulmonar, e não resistiu. Ícaro foi a criança que, depois de ser anestesiado, teve uma cirurgia adiada devido à falta de equipamento adequado para operação. As informações são do G1 Amazonas.

De acordo com a equipe médica que fez a cirurgia, o procedimento em Ícaro correu bem e o coração artificial – utilizado em cirurgias que exigem a abertura do coração – ao fim, foi desligado. Ainda na sala cirúrgica, pouco tempo depois, o bebê começou a apresentar um quadro de insuficiência pulmonar. A informação também foi confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam).

Segundo a Susam, o quadro de Ícaro era de insuficiência cardíaca causada por uma cardiopatia congênita complexa grave, de desvio de septo atrioventricular forma total. Dentro da patologia, a complicação pulmonar pode ser bastante comum, segundo especialistas.

“A cirurgia do bebê já tinha terminado, tudo estava bem, estavam fechando o bebê. Eram dois cirurgiões de extrema confiança, que operam muitos bebês e são especializados em cirurgias cardíacas congênitas. A parte cirúrgica correu bem, não teve problema nenhum no procedimento. Mas a cardiopatia era complexa. É uma má formação das válvulas. Esses bebês, geralmente, têm um problema pulmonar associado”, informou o cirurgião cardíaco Mariano Terrazas, chefe do setor de Cirurgia Cardiovascular do HUFM.

Ícaro era uma das mais de 200 crianças na fila por uma cirurgia no HUFM. Na segunda-feira (16), ele foi totalmente anestesiado, mas não pôde ser submetido ao procedimento por conta de uma máquina de anestesia usada em um dos centros cirúrgicos estar danificada. A situação, na avaliação dos médicos, não teve reflexo nas complicações cirúrgicas e óbito.

Em nota, a Susam afirmou que o bebê estava na unidade desde o dia 5 de novembro. Desde então, ele foi preparado para ganho de peso que possibilitasse, assim, o submetimento à cirurgia.

No HUFM – único do Amazonas que faz cirurgias cardíacas e é especializado em bebês e crianças – há apenas um centro cirúrgico, com cinco salas de cirurgia – apenas três delas funcionam. Uma está desativada por falta de aparelhagem e outra é usada como depósito.

Das seis salas de UTI, duas também estão paradas. De acordo com denúncias de funcionários, dois aparelhos de anestesia estão sem funcionar por falta de manutenção.

Há também a falta de leitos na unidade, que já causou a morte de um bebê que também teve a cirurgia em maio deste ano.


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