Amazonas
Amazonas lidera índices de homicídio feminino e feminicídio, aponta Cartografia da Violência na Amazônia
Os números mostram que a taxa do Amazonas chega a 6,4 mortes por 100 mil mulheres, 69% superior à média nacional.
No Amazonas, os números da violência letal contra mulheres, que incluem feminicídio e homicídio doloso feminino, lideram os dados do estudo Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado nesta quarta-feira (11/12) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Mãe Crioula.
Os números mostram que a taxa do Amazonas chega a 6,4 mortes por 100 mil mulheres, 69% superior à média nacional, que é de 3,8 por 100 mil mulheres. Os dados do Amazonas também superam os índices da Amazônia Legal que apontaram a taxa de 1,7 por grupo de 100 mil mulheres, 21,4% acima da média nacional.
O relatório aponta como hipótese para os elevados índices de feminicídio e outras violências de gênero na Amazônia, o processo colonizador que moldou o desenvolvimento da região amazônica. Isto porque o processo de ocupação da Amazônia tem forte relação com a exploração de seringueiras e produção de borracha, o que levou milhares de homens para a região a partir de meados de 1870.
A população da época era formada majoritariamente por homens solteiros que foram para a Amazônia trabalhar nos seringais. Às mulheres, em minoria numérica na época, não cabiam nenhuma função produtiva, então tornavam-se propriedade de algum homem e podiam ser comercializadas como escravas, servas, prostitutas, podendo ser encomendadas ou até vendidas.
A ampliação da presença de facções criminosas na região da Amazônia brasileira, de acordo com a pesquisa, parece ter complexificado o fenômeno da violência de gênero, principalmente se considerarmos suas intersecções com as dinâmicas impostas por grupos criminosos armados no território.
O levantamento também não descarta que o narcotráfico, tido como um espaço masculino por excelência, passa a contar cada vez mais com mulheres em diferentes ocupações. A pesquisa identificou o uso de meninas, principalmente irmãs e mulheres de jovens envolvidos com grupos faccionados, como “iscas” para atrair representantes de facções rivais para emboscadas. Os dados mostram ainda que também não é possível ignorar o protagonismo que mulheres passaram a desempenhar nos negócios criminais, muitas vezes participando ativamente da lavagem de dinheiro do tráfico15 e ocupando posições de liderança nas facções.
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