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Amazonas é o estado com a maior taxa de mortalidade por tuberculose do Brasil, aponta Ministério da Saúde

Os altos números, de acordo com a pesquisa, são explicados pelas condições de vida da população, associadas a um cenário de pós-pandemia.

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O Amazonas é o estado com o maior coeficiente de mortalidade por tuberculose no país: em 2022, foram 5,1 mortes/100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Quase o dobro da média nacional, que foi de 2,72 mortes/100 mil. O estudo indica que o estado teve 3.548 novos casos da doença em 2023 e 218 mortes pela doença em 2022. Além disso, em 2023 a incidência da tuberculose no estado foi segunda maior do país, — 81,6 casos/100 mil habitantes — atrás apenas de Roraima.

Os altos números, de acordo com a pesquisa, são explicados pelas condições de vida da população, associadas a um cenário de pós-pandemia. “No período de pandemia as pessoas ficaram em casa e houve interrupção de diversas ações de controle da TB, quando houve a retomada dos serviços, aumentou a identificação desses casos de tuberculose, que acabaram — mais tardiamente — evoluindo para a morte”, explica Lara Bezerra, coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose no Amazonas.

A gestora ainda acrescenta que “não podemos deixar de falar que a tuberculose também está associada a questões socioeconômicas, de desigualdade, onde a moradia muitas vezes é pequena, sem janela, o que contribui para novas infecções e adoecimento”.

A principal forma de contágio da doença é aérea — quando uma pessoa doente, sem tratamento, tosse, espirra ou fala. O principal sintoma ainda é a tosse persistente, chamada tosse prolongada, que costuma durar três semanas ou mais. E as condições sociais ainda são fatores que perpetuam a existência da tuberculose no país, como explica a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn.

“A tuberculose está ligada muito ao ambiente onde a pessoa vive, às condições de vida da população. Então, as populações (que vivem) onde há muita pobreza, (onde) têm muitos aglomerados, o ar não circula tão bem e a tuberculose está presente ali. As pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes, têm dificuldade de acesso a serviços e (o) diagnóstico (acaba sendo) tardio”.

E foi na policlínica Cardoso Fontes — referência no atendimento a de pessoas com tuberculose em tratamentos especiais no estado —, em Manaus (AM), que a assistente social Marklise Siqueira, de 40 anos, recebeu o diagnóstico da infecção latente pelo bacilo causador da tuberculose. O exame, realizada em todos os funcionários, é importante para o seguimento dos profissionais de saúde, que possuem um risco maior de se expor ao bacilo, e adoecer. A infecção latente não causa sintomas e não transmite o bacilo. Uma pessoa com infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis tem o bacilo “adormecido” no pulmão, mas não tem a doença (que ocorre quando a imunidade não consegue manter o bacilo nessa forma latente, e o bacilo fica ativo, se multiplica, e a doença se instala).

A assistente social se surpreendeu ao receber o resultado positivo. Para não desenvolver a tuberculose, ela teria que manter a imunidade alta. Mas em 2020, durante a pandemia de Covid-19, as coisas mudaram. “Comecei a emagrecer muito — eu perdi 5 quilos, em 6 dias — daí, fiz um exame de escarro e um raio-x e meu exame deu positivo”, conta a assistente social. A doença apareceu por conta da baixa na imunidade. O tratamento durou seis meses e ela ficou curada.

No Amazonas e em todo o país, a Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o tratamento da tuberculose, como explica Fernanda Dockhorn. “Mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde é sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença. Todo medicamento é fornecido pelo SUS, de forma gratuita”. A adesão total ao tratamento — com duração de seis meses — é fundamental para que a pessoa fique curada.

Criado em fevereiro como um programa de governo, o Brasil Saudável é uma estratégia coordenada pelo Ministério da Saúde com a participação de outros 13 ministérios. Juntos, desenvolvem ações frente às populações e territórios prioritários – tanto para combater a tuberculose quanto para outras 10 doenças e cinco infecções consideradas problemas de saúde pública.

As diretrizes do programa estão voltadas para o enfrentamento à fome e à pobreza, a promoção da proteção social e dos direitos humanos, o fortalecimento da capacitação de agentes sociais, o estímulo à ciência, tecnologia e inovação e a expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente.

A meta do programa é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e fazer cair o número de mortes pela doença para menos de 230 por ano, até 2030. O que para a coordenadora Fernanda Dockhorn, é uma meta possível, mas depende de um esforço coletivo. “O Brasil está no caminho, a gente tem o Brasil Saudável nessa tentativa de ampliar as ações interministeriais para dar uma proteção social para as pessoas, para dar atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”.

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