Amazonas
Amazonas: caso de médico com coronavírus foi escondido da sociedade por dias
Legislação diz que toda pessoa deve colaborar com as autoridades ao comunicar imediatamente possíveis contatos com agentes infecciosos do coronavírus e a circulação em áreas consideradas como regiões de contaminação.
O vice-reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o médico Jacob Cohen, informou ao Portal do Marcos Santos, que contraiu o novo coronavírus e informou à Fundação de Vigilância em Saúde do Estado (FVS), que negou e disse que tomou conhecimento do caso pela imprensa. O caso ficou escondido da sociedade por dias e não foi incluído na lista oficial do Ministério da Saúde (MS).
O médico informou que estava com colegas norte-americanos, paulistas e canadenses, num grupo de 25 pessoas, operando no interior do Amazonas. “Acho que foi lá que contraí”, disse. “Há oito dias. Fiz dois exames. Fiz os comunicados à FVS e fiquei em casa, de repouso. Em dois ou três dias estarei fora da cadeia de transmissão e volto à ativa”, informou o médico.
A FVS negou a informação de Jacob Cohen e afirmou que não foi notificada do resultado positivo nem pelo médico e nem pela Fiocruz, que realizou o exame. Para o órgão, a conduta foi de encontro a todas as diretrizes adotadas para enfrentamento da pandemia em âmbito estadual e municipal.
Segundo a FVS, apenas são contabilizados os exames realizados pelo Laboratório Central (Lacen). Mesmo os laboratórios particulares, quando identificam um caso positivo, devem encaminhar uma amostra ao Lacen para contraprova.
A FVS afirmou que o médico não estava sequer entre os casos monitorados. Nas estatísticas oficiais do órgão, até o momento, o Amazonas segue com um caso confirmado. O teste positivo do médico só deve ser incluído na estatística se for realizado exame em amostra pelo Lacen.
A Ufam contradisse as informações do médico publicadas no site e informou que ele testou positivo para coronavírus, ontem, dia 16 de março. Segundo a nota da Ufam, o médico esteve ausente de Manaus nas últimas 2 semanas, retornando de uma viagem a São Paulo, com os sintomas leves da síndrome, apresentando quadro brando da doença, “estando de quarentena domiciliar, devidamente orientado pelos especialistas que lhe atenderam e evoluindo bem”.
A lei aprovada pelo Congresso Nacional determina que, diante da situação de emergência provocada pelo coronavírus, as pessoas afetadas pelo surto terão assegurado seu direito de serem informados sobre seu estado de saúde, de receber tratamento gratuito e de serem afastados de suas atividades profissionais, sem perder a remuneração.
Ao mesmo tempo, toda pessoa deve colaborar com as autoridades ao comunicar imediatamente possíveis contatos com agentes infecciosos do coronavírus e a circulação em áreas consideradas como regiões de contaminação.
A lei prevê que quem descumprir as normas poderá ser responsabilizado “nos termos previstos”. Segundo João Gabbardo, secretário-executivo do Ministério da Saúde, ainda não existe uma previsão das possíveis punições que serão aplicadas.
Outros infectados
Jacob Cohen acredita que em mais três dias, segundo especialistas, estará fora do espectro de transmissibilidade do vírus. Informou que um médico paulista e outro canadense, que estavam no grupo com ele, deram positivo para coronavírus. O grupo tinha, de fora do Amazonas, quatro paulistas, dois norte-americanos, um canadense e um alemão.
“Fui infectado há oito dias, como ‘positivo baixo’. Fiquei recluso e já estou quase pronto para voltar à ativa”, disse Jacob ao site. Ele informou que estava trabalhando no programa “Oftalmologia humanitária”, que executa há 20 anos, no interior amazonense. “Foram operadas 82 pessoas em Parintins e 42 em Urucará. As chances de transmissão para elas é zero. A gente se esteriliza para operar e assim como não entra bactéria no campo cirúrgico, também não entra vírus”, afirmou.
“Voltei e senti sintomas leves, como dor de garganta e febre de 37 graus. Parecia um resfriado comum. Liguei para a Fiocruz e eles fizeram os exames. Deu “positivo fraco”. Parece que o bichinho está perdendo força”, disse. “Estamos atentos e não houve nenhum caso entre nossos pacientes”, acrescentou.
O projeto “Oftalmologia Humanitária”, segundo ele, é uma jornada de cirurgia de catarata com parcerias do mundo inteiro. Os médicos são voluntários e a Ufam e a Unifesp apoiam.
“Fiquei praticamente assintomático. Não tive falta de ar. Tive uma febrinha. Fiz o exame e deu positivo fraco. Os médicos me pediram para ficar quieto em casa e não fui internado. O tratamento é fortificar o sistema de defesa. Tomo dois gramas de vitamina C todos os dias. Como médico, daqui a três dias, segundo o professor Bernardino Albuquerque (infectologista), saio do grupo de transmissão. Aí vou começar a trabalhar para prestar assistência às pessoas”, ressaltou.
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