AM: sobe para 33 número de crianças mortas em fila de atendimento de cardiopatias

Subiu para 33 o número de crianças no Amazonas que morreram, nos últimos 12 meses, na fila de atendimento para doenças do coração. A última foi Sofia Vitória da Silva, de dois anos e sete meses, que estava internada no Hospital e Pronto-Socorro Infantil Dr. João Lúcio e aguardava uma cirurgia no Hospital Francisca Mendes, que é referência no Estado para tratamento de doenças do coração e passa por uma crise.

Sofia da Silva estava internada desde o dia 29 de dezembro, com um quadro de pneumonia grave e aguardava uma cirurgia no Francisca Mendes, onde era paciente desde 2018, e morreu na última quinta-feira. A Secretaria de Estado de Saúde informou que mesmo com indicação cirúrgica do médico, após realizar um ecocardiograma, a criança não foi classificada pelo Estado com o prioridade para realizar o procedimento e que, por isso, não foi transferida para o Francisca Mendes.

O presidente da Associação de Cardiopatas do Amazonas, Dione Carvalho, protestou e disse que vai cobrar mais ações do governo para melhorar o atendimento. O governo do Amazonas informou que está adotando medidas emergenciais para aumentar a capacidade do Francisca Mendes e autorizar tratamento fora do domicílio e que há 20 crianças na fila eletiva (não urgência) sendo preparadas para cirurgias no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP).

Em dezembro, Ícaro Davi de Castro Ferreira, de três meses, teve a cirurgia adiada no Hospital Francisca Mendes porque uma das máquinas de anestesia estava danificada, e morreu após passar por uma operação de seis horas. A Susam informou que a morte aconteceu logo no fim do procedimento cirúrgico, devido a um quadro de hipertensão pulmonar que levou a um colapso.

Em função da grave crise na saúde pública do Estado, os deputados estaduais Wilker Barreto (Podemos) e Dermilson Chagas (PP) protocolaram na Assembleia Legislativa pedido de impeachment do governador Wilson Lima e de seu vice, Carlos Almeida Filho, pela prática de crimes de responsabilidade e improbidade administrativa. Os parlamentares afirmam que a denúncia se baseia na “grave crise da saúde pública no Estado” e na “omissão do Governo em propor soluções para as problemáticas como a falta de medicamentos e insumos nas unidades hospitalares, ausência de equipamentos para exames e atraso de quase seis meses de salários para os profissionais terceirizados da saúde”.

De acordo com a assessoria de comunicação da Assembleia, o de impeachment seguiu para apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) e, se aprovado, será encaminhado para votação no Plenário.