Amazonas
AM: presidente do Conselho de Secretários Municipais diz que governo perdeu o controle
Temos pouquíssimos EPIs (equipamentos de proteção individual) e teste rápidos. Além disso, temos dificuldade de logística de levar vacinas e imunoderivados”, afirma Januário Cunha.
“O estado perdeu o controle da situação”. A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems) do Amazonas, Januário Cunha, em notícia publicada hoje no UOL, informando que, sem UTI e agora sem insumos: interior do AM vive drama para tratar covid-19.
“Estamos com sérios problemas aqui no interior. Por exemplo, estamos sem saber quando vamos receber os insumos por parte do estado. Temos pouquíssimos EPIs (equipamentos de proteção individual) e teste rápidos. Além disso, temos dificuldade de logística de levar vacinas e imunoderivados”, afirma Cunha.
Por conta da dificuldade, o presidente do Cosems conta que pediu ajuda a políticos paraenses em Brasília, para que consigam apoio do Ministério da Defesa na entrega de insumos. “A gente precisa de mais celeridade. Por isso, estamos pedindo o auxílio das Forças Armadas para os municípios não ficarem desabastecidos.”
Entretanto, contatado pelo UOL, o Ministério da Defesa, que coordena a Operação Covid-19, informa que não recebeu solicitação de municípios do estado do Amazonas para transporte de insumos.
A pasta diz que, desde o dia 16 de março, foi instituído um “Gabinete de Crise” para articular e monitorar as ações interministeriais de enfrentamento ao novo coronavírus. “Todas as demandas recebidas pelo Ministério da Defesa, dentro da Operação Covid-19, são analisadas individualmente para planejamento e execução, sendo que, de acordo com a solicitação, podem ser encaminhadas ao Gabinete de Crise, que determina a melhor forma de atendimento”, explica.
O UOL informa que sem acessos por meio terrestre, municípios do Amazonas estão enfrentando uma série de dificuldades para receber materiais e insumos para a saúde pública, o que dificulta o enfrentamento da covid-19 em meio à pandemia. Além disso, as cidades sofrem pela falta de estrutura para tratar casos mais graves, e os pacientes precisam ser transferidos de avião
para Manaus.
Os relatos são dramáticos. “Aqui falta tudo, inclusive sangue para os demais procedimentos. As logísticas ficaram comprometidas pela falta de lancha”, diz o secretário de Saúde de Santo Antônio do Içá, Francisco Ferreira Azevedo. O município registrou o primeiro caso de um índio diagnosticado com o novo coronavírus, em 1º de abril.
A maioria das cidades do interior do Amazonas depende do transporte fluvial para o carregamento de insumos, mas agora ele está suspenso por determinação do governo do estado. Para conseguir enviar exames para análise em Manaus, é preciso fretar voos, que são caros — o valor aumentou nesse período de pandemia, informa a matéria.
Sem ajuda para logística, os municípios sofrem devido à ausência de uma série de produtos. Em Santo Antônio do Içá há um agravante, já que as tribos indígenas precisam de cuidados especiais, e não há leitos de terapia intensiva. “Não temos respiradores, bomba de infusão, entre outros equipamentos necessários para este momento. Já tivemos 12 casos confirmados de covid-19, inclusive em indígenas”, alega o secretário Azevedo.
Em Amaturá também há preocupação com os indígenas. “Estamos isolados em relação à logística, seja ela de barco, lancha ou avião. Estamos à mercê da sorte, sem vacina, sem insumos, sem equipamentos adequados para atendermos qualquer caso grave”, relata a secretária de Saúde do município, Nazaré Silva. “Aqui temos ainda 50% de população indígena altamente vulnerável. Agora está ficando sem oxigênio.”
Auxílio
Em nota ao UOL, o Governo do Amazonas afirma que “tem prestado todo o auxílio necessário aos prefeitos no enfrentamento da pandemia”. “Os municípios do Amazonas já receberam até aqui 389,5 mil itens de EPIs, como máscaras, luvas, álcool, aventais e gorros desde o final do mês passado. Além dos EPIs, foram enviados kits para coleta de amostra biológica de pacientes suspeitos.”
O governo diz, ainda, que a primeira parcela do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas do ano de 2020, no valor de R$ 23,4 milhões, também já começou a ser liberada aos municípios do interior, para que o dinheiro seja aplicado em ações de combate à pandemia do novo coronavírus.
“O Estado também dispõe de seis aeronaves para UTI Aérea, três delas exclusivas para atender casos de coronavírus. Cada aeronave está equipada com todo o aparato necessário para realizar os atendimentos e tem capacidade para transportar até dois pacientes. Além disso, nos municípios de acesso terrestre, foram colocadas ambulâncias exclusivas para a remoção desses pacientes de covid-19”, finaliza.
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