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Amazonas

Em 16 dias, governo do Amazonas nega pedido e depois habilita OS citada em escândalo milionário no Rio de Janeiro

O Iabas foi proibido pela Prefeitura do Rio de Janeiro de participar das licitações por suspeita de irregularidades e ganhou contrato de R$ 836 milhões no governo Rio de Janeiro, de Wilson Witzel, mesmo partido de Wilson Lima.

Em um intervalo de 16 dias, o governo do Amazonas indeferiu o pedido de habilitação e depois habilitou o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) como Organização Social (OS), para firmar contrato com o Estado. No dia 13 de abril, o Diário Oficial do Estado (DOE) publicou Portaria da secretária de Saúde, Simone Papaiz, indeferindo a habilitação. No dia 29, publicou um Decreto do governador Wilson Lima (PSC) com a qualificação.

O Iabas, mesmo proibido pela Prefeitura do Rio de Janeiro de participar das licitações no âmbito do município por suspeita de irregularidades, foi contratado, este ano, pelo governo do Rio de Janeiro, por R$ 836 milhões para a implementação de 1.400 leitos em hospitais de campanha para pacientes de Covid-19. E foi envolvido nas denúncias que levaram à prisão do ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves, da gestão do governador Wilson Witzel (PSC), do mesmo partido do governador do Amazonas, Wilson Lima.

O deputado federal do Rio de Janeiro Otonio de Paula (PRTB) afirma, em vídeo postado na internet, a “mesma quadrilha formada para desviar recursos públicos se instalou no Rio de Janeiro e no Amazonas”. Segundo ele, “é a mesma quadrilha de contratos superfaturados na área da Saúde”, disse que o governador Wilson Lima é do mesmo partido de Wilson Witzel. E afirmou que “o mesmo grupo que comanda a Saúde no Amazonas – que também está superfaturando tudo lá – comanda a Saúde no Rio de Janeiro”. Para ele, “se a Policia Federal colocar a mão no grupo do Amazonas, vai colocar a mão do grupo no Rio de Janeiro”, disse.

O ex-subsecretário-executivo estadual de Saúde do Rio de Janeiro Gabriell Neves foi preso no último dia 7, em uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público estadual (MP). Ele e mais três pessoas, que também foram detidas, são suspeitos de corrupção na compra emergencial de respiradores para pacientes com coronavírus. Em entrevista exclusiva a VEJA, em 24 de abril, Neves responsabilizou seu ex-chefe, o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, por ter autorizado todos contratos de quase um bilhão de reais, mas negou irregularidades.

Gabriell Neves foi exonerado pelo governador Wilson Witzel (PSC) em dia 20 de abril exatamente por denúncias de vantagens indevidas. Gabriell Neves, que é advogado, centralizava todas as compras realizadas pela secretaria estadual de Saúde, pasta com influência de Pastor Everaldo Pereira, dono do PSC, partido de Witzel e de Wilson. Neves também fez parte da equipe do ex-governador Sérgio Cabral, outro preso na Lava Jato. Entre as ações do subsecretário, aparecem como suspeitas a montagem dos hospitais de campanha pelo Iabas.

Neves disse à revista Veja que nesse momento “há uma diferença de preços estratosférica”. “ Equipamentos que, antes da pandemia custavam 50 mil reais, hoje custa 220 mil reais no preço médio de mercado. Talvez isso dê a impressão de sobrepreço, o que não é verdade. Nunca houve tentativa de corrupção da parte de ninguém”, justificou.

Em junho de 2018, Luiz Eduardo e Simone Cruz foram detidos numa casa de luxo na Barra da Tijuca, no Rio, suspeitos de desviar quase R$ 6 milhões de um convênio com a Prefeitura. Luiz Eduardo fazia parte do conselho administrativo do Iabas , organização social que administrava várias unidades de saúde no Rio. Segundo os investigadores, essas empresas não estava envolvidas no desvio, mas os acusados usavam a estrutura delas para cometer os crimes.

O deputado estadual Wilker Barreto (Podemos) cobrou nesta terça-feira, 12, na Assembleia Legislativa do Amazonas, explicações do Governo do Estado sobre habilitação do Iabas. “É assombroso como este Governo brinca com o povo amazonense. Habilitaram uma Organização Social envolvida em desvio de R$ 836 milhões no Rio de Janeiro para cuidar da saúde no Estado. Pior, o governo desqualificou o Iabas no dia 13 de abril, mas habilitaram de novo no dia 29 de abril. Tudo na calada e isso é muito grave e perigoso”, disse.

 


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