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Amazonas

AM: Bolsonaro disse ter feito sua parte, mas teve alerta e não evitou crise, noticia o UOL

“A gente está sempre fazendo o que tem que fazer, né? Problema em Manaus: terrível o problema lá, agora nós fizemos a nossa parte, com recursos, meios”, disse o presidente.

Em janeiro, amazonenses morreram por falta de oxigênio hospitalar nos hospitais

O Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro teve uma semana para agir e evitar o colapso no fornecimento de oxigênio em Manaus, mas tomou medidas de pouco alcance frente ao tamanho da crise. A pasta foi comunicada sobre a situação em 7 de janeiro, no mesmo dia que a Secretaria de Saúde do Amazonas. Uma semana depois, em 14 de janeiro, o oxigênio começou a faltar.

O déficit de Manaus chegou a 46,5 mil metros cúbicos de oxigênio por dia —ou 4.650 cilindros. Para lidar com essa escassez, o governo federal enviou “nesta semana 5 mil metros cúbicos [de oxigênio gasoso foram transportados na forma] de oxigênio líquido para auxiliar no combate à covid-19 na região”, informou o Ministério da Saúde. Pode soar muito, mas isso equivale a somente 11% do oxigênio extra que Manaus precisa em um único dia.

Quatro dias depois de o Ministério da Saúde ser alertado sobre o problema do oxigênio, o ministro Eduardo Pazuello visitou Manaus e discursou: “É importante que ninguém tenha dúvida de como é o planejamento e quais são as alternativas que nós temos. Sim, o ministério tem e terá capacidade de atender qualquer demanda que falhe em nível menor, município ou estado, ministério está preparado para isso”.

Pazuello, no entanto, não estava se referindo ao oxigênio, mas às seringas usadas na vacinação. Durante a visita, não foi anunciado nenhum plano de suplementação de oxigênio capaz de suprir toda a demanda extra de Manaus. Em vez disso, o Ministério da Saúde fez pressão pelo chamado “tratamento precoce”, composto por medicamentos que não têm comprovação científica.

Já Bolsonaro procurou isentar o governo federal em discurso na sexta-feira (15): “A gente está sempre fazendo o que tem que fazer, né? Problema em Manaus: terrível o problema lá, agora nós fizemos a nossa parte, com recursos, meios”. Covid-19: Saúde recruta 2,5 mil profissionais para atuar em Manaus Com crise em Manaus, governo recua e volta a isentar imposto para cilindro de oxigênio O que os governos federal, estadual e municipal fizeram de errado em Manaus Governo falhou

“A situação em Manaus mostra como temos conduzido as coisas sem nenhuma estratégia, sem olhar para os números. É fundamental haver uma coordenação central pelo Ministério da Saúde”, diz Ederlon Rezende, do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).

“A partir do momento que o governo federal é alertado de uma situação como essa, ele é obrigado a agir. Está na Lei Orgânica da Saúde. Nos casos emergenciais, o governo federal tem que complementar, suplementar ou mesmo assumir a frente da situação. Não é o que aconteceu”, comenta Arthur Chioro, professor de medicina na Universidade Federal de São Paulo, ministro da Saúde de 2014 a 2015.

“Eu nunca antes ouvi falar de falta de oxigênio em hospital. É algo tão essencial e básico como eletricidade”, compara o pneumologista Fred Fernandes, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por isso, um alerta sobre uma possível falta de oxigênio deveria ter acionado uma operação de guerra imediata, para evitar um colapso como o que ocorreu em Manaus.

“A falta do oxigênio leva à morte muitas pessoas que poderiam sobreviver. Em outras, causa dano celular agudo”, diz Fernandes.

Ações do governo federal

A empresa White Martins, principal fornecedora de oxigênio hospitalar do Brasil, tem uma unidade de produção em Manaus. Na primeira onda da pandemia, a oferta local deu conta do consumo. Mas, em 2021, a situação saiu do controle. Por isso, em 7 de janeiro, a empresa comunicou a Secretaria de Saúde do Amazonas sobre a baixa de estoque. A pasta, por sua vez, notificou o Ministério da Saúde no mesmo dia, segundo informou ao UOL. O crescimento da demanda de oxigênio no Amazonas explodiu em poucos dias.

No segundo semestre de 2020, era de cerca de 15 mil metros cúbicos por dia. Já nos últimos dias de 2020, igualou a capacidade máxima de produção da White Martins no Estado —30 mil metros cúbicos. Até 8 de janeiro, dobrou. E, atualmente, está em 76,5 mil metros cúbicos diários, “com indicação de demanda crescente”, diz o governo estadual.


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