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Amazonas

Covid: indígenas pedem socorro na região com mais grupos isolados do mundo, na Amazônia

Os piores temores dos indígenas e indigenistas começaram a se confirmar na região, com a chegada do novo coronavírus e o medo de contaminações em massa de grupos que ainda vivem sem contato na Amazônia.

Indígenas que vivem na região com o maior número de grupos isolados e de recente contato do mundo, o Vale do Javari, no Amazonas, fizeram um pedido de socorro às autoridades neste domingo (7), depois que foram confirmados pelo menos quatro casos entre profissionais de saúde e sete entre indígenas. As informações são do UOL.

Os números do governo federal conflitam com os da prefeitura de Atalaia do Norte (AM), que já fala em 12 casos confirmados entre indígenas na sua jurisdição. Segundo os indígenas, faltam testes para a Covid-19 em todas as aldeias, meios de remoção rápida dos doentes, quarentena mais rígida entre os profissionais da saúde e uma barreira sanitária nas principais entradas da terra indígena.

As denúncias já foram confirmadas por um analista pericial em antropologia do Ministério Público Federal, Walter Coutinho Jr., que emitiu uma informação nesta sexta-feira (5) para a 6ª Câmara da PGR (Procuradoria Geral da República), em Brasília, a fim de alertar sobre “a aproximação de uma grave crise sanitária no Distrito Sanitário Vale do Javari em decorrência da possível contaminação das comunidades indígenas pelo novo coronavírus”. Ele também apontou a “pouca transparência” sobre os números reais da pandemia na região.

Na tarde deste domingo (7), os procuradores da República em Tabatinga (AM) Aline Morais Martinez dos Santos e Leonardo Gomes Lins Pastl enviaram uma recomendação de 30 páginas a ser observada num prazo de cinco dias em caráter de urgência à Sesai, a secretaria especial de saúde indígena do Ministério da Saúde, à Funai, ao governo do Amazonas e à prefeitura de Tabatinga.

Os procuradores advertiram sobre “o contínuo desaparelhamento da Funai, inclusive da CR/Vale do Javari (Coordenação Regional), com estrutura física e de pessoal deficiente” e avisaram que “há risco de propagação exponencial da doença” na região.

A partir do início deste mês os piores temores dos indígenas e indigenistas começaram a se confirmar na região, com a chegada do novo coronavírus e o medo de contaminações em massa entre mayorunas, matís, kanamaris, kulinas, korubos e tsohom-djapás, além uma sombra que se projeta sobre os grupos que ainda vivem sem contato no meio da floresta amazônica.

Na informação enviada à PGR em Brasília, o perito Walter Coutinho Jr. sugere a proibição de qualquer pessoa dentro da terra indígena Vale do Javari que não consiga comprovar que cumpriu a quarentena de 14 dias, a prorrogação das equipes de profissionais de saúde no campo, de modo a reduzir a rotatividade, o rastreamento e a testagem imediatos da população indígena de todas as aldeias que tiveram contato com as equipes contaminadas e a instalação imediata de barreiras sanitárias em pontos estratégicos de acesso a todos os pólos-base do Vale do Javari, entre outras medidas.


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