Brasil
Estelionato: Saiba como proteger seu cartão por aproximação de golpes
Nos últimos três anos, a tecnologia teve crescimento exponencial de mais de 9.000%, segundo Abecs
Desde a pandemia, o pagamento por aproximação, também conhecido como contactless, tem se popularizado no Brasil. A estimativa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) é que, até o fim de 2023, mais da metade das transações presenciais com cartões de crédito sejam feitas por meio dessa tecnologia. A modalidade traz comodidade e agilidade na hora das compras, mas também pode abrir brechas para golpes.
O pagamento por aproximação é uma tecnologia que permite transações financeiras sem a necessidade de inserir o cartão no terminal e digitar a senha, o que acontece pelo uso da tecnologia NFC (Near Field Communication, na sigla em inglês), presente também nos smartphones e smartwatches — relógios inteligentes. Por não precisar de confirmação, as maiores dores de cabeça mais comuns de quem tem o contactless ativado é ser roubado ou perder o cartão.
Esse foi o caso do assistente administrativo Carlos Braz, de 25 anos, que teve um prejuízo de R$ 600 após perder seu cartão de crédito. “Eram compras de R$ 100 em postos de gasolina, onde eu não costumo comprar, já que não tenho carro”, diz. Para Braz, houve uma falha no sistema. “Eu já trabalhei em banco digital e sei que eles possuem um sistema de segurança para quando ocorrer transações suspeitas e compras que não costumam ser feitas, ainda mais em um valor alto”, comenta. Ao tentar contato com o banco, Carlos não obteve resposta.
De acordo com a advogada especialista em direito do consumidor Cátia Vita, outra forma comum de golpe com o cartão por aproximação acontece quando a vítima está distraída. “São criminosos que aproximam a máquina e realizam o debito no cartão”, explica. Esse método ficou muito conhecido durante o carnaval de 2023. Uma das recomendações, para quem não queria desativar a modalidade, foi usar capas antipagamento por aproximação nos cartões.
A especialista também explica que é necessário ficar de olho no momento do pagamento. Segundo ela, “para evitar os golpes, o consumidor deve estar atento aos valores digitados na máquina”, pois o preço pode ser alterado de má-fé. Cátia também explica que é muito comum que os cartões já venham com o pagamento por aproximação ativado e que o titular não saiba. Por isso, é importante ficar atento.
Bloqueio do pagamento por aproximação
Um novo golpe que vem se popularizando é o de bloquear o pagamento por aproximação. O alerta foi feito pela empresa de segurança digital Kaspersky. De acordo com a empresa, o computador ao qual a máquina de pagamento fica ligada é infectado por um vírus, que possibilita controlar a comunicação entre os aparelhos.
A primeira tentativa de o cliente fazer o pagamento por aproximação é bloqueada, então ele é obrigado a inserir o cartão e digitar a senha. Novamente, o vírus impede que o pagamento seja feito e produz mais um aviso de erro. Nessa tentativa, os dados do chip do cartão e o código de transação já são capturados. Pela terceira vez, quando o cliente tenta realizar o pagamento, finalmente ele acontece e o valor é recebido pela loja, mas seus dados foram roubados.
Como se proteger
O pagamento por aproximação tem benefícios como a rapidez e a praticidade. A higiene também foi uma das principais responsáveis pela modalidade ter se popularizado durante a pandemia. Mas no dia a dia, a falta de cuidado pode se transformar em um problema.
Para evitar golpes por meio do pagamento por aproximação, os usuários precisam ficar atentos e tomar alguns cuidados. Entre eles, Emmanuel Belote, CFO da Future Law, destaca:
– Estar atento ao ambiente em que ocorrem as transações;
– Utilizar apenas dispositivos e aplicativos confiáveis;
– Manter o sistema operacional do dispositivo atualizado;
– Verificar os extratos bancários regularmente em busca de transações suspeitas;
– Proteger as informações pessoais, como senhas e códigos de acesso.
Além desses, outros pontos também são importantes:
– Conferir o valor da compra antes de aproximar o cartão;
– Nunca perder o cartão de vista e sempre guardá-lo em um local seguro;
– Não compartilhar informações confidenciais por telefone ou e-mail;
– Ajustar o valor máximo permitido de acordo com o necessário;
– Deixar as notificações do banco ativadas;
– Não clicar em links suspeitos em mensagens ou e-mails.
Fui roubado, e agora?
No caso de perda, furto ou roubo do cartão, explica Belote, é importante entrar em contato imediatamente com o banco para relatar o ocorrido e solicitar o reembolso do cartão. “Geralmente, os bancos possuem mecanismos de proteção e seguro contra fraudes, e o dinheiro gasto indevidamente pode ser devolvido ao cliente, desde que seja comprovada a ocorrência do furto ou roubo por meios legais”, explica.
Cátia Vita também explica que informar é um “dever” do consumidor. “O consumidor tem o dever de entrar em contato com o banco para informar perda ou roubo do cartão, anotar o protocolo para ter comprovação que tomou as providencias necessárias para evitar débitos indevidos na sua conta. Caso haja débitos, o consumidor deve tentar resolver administrativamente com o banco, e não sendo atendido distribuir ação judicial para resolver a questão”, ressalta.
Não foi reportado aumento de casos de fraude
Procurada pelo O Dia, a Abecs informou que nos últimos três anos, os pagamentos por aproximação tiveram crescimento exponencial de mais de 9.000%, mas, apesar disso, “não foi reportado pelos associados da Abecs aumento de casos de fraude ou reclamações sobre a modalidade”. A associação também garantiu que o método é seguro e já é usado em diversas partes do mundo.
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro informou que o Instituto de Segurança Pública não possui dados estatísticos específicos dos registros de ocorrência sobre golpes praticados por meio do pagamento por aproximação.
As informações são do ODia.
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