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Economia

Coronavírus: paralisações na China já afetam a indústria eletroeletrônica no Brasil

Brasil é um dos países com maior risco de desabastecimento se o período de fechamento de indústrias se prolongar, diz estudo

A indústria brasileira começa a sofrer impactos concretos da epidemia de coronavírus. Depois de amargar uma desaceleração no ano passado, as fábricas instaladas no país podem ter o desempenho do primeiro trimestre afetado por problemas no recebimento de componentes e matérias-primas da China, o maior parceiro comercial do Brasil. Fabricantes de eletroeletrônicos já relatam problemas no recebimento de componentes. Montadoras de veículos e representantes do setor farmacêutico estão em alerta. O setor concentra grande parte da produção no Polo Industrial de Manaus (PIM), com utilização intensa de componentes chineses.

De acordo com sondagem da Abinee, associação brasileira de fabricantes de produtos eletroeletrônicos como celulares e TVs, 52% do setor já tiveram algum problema no recebimento de materiais vindos da China.

A pesquisa mostra que 22% dos associados, que participaram do levantamento, disseram que devem paralisar a produção em algum momento nas próximas semanas por falta de componentes. Essa situação foi observada principalmente entre as fabricantes de produtos de Tecnologia da Informação (celulares, computadores, entre outros). A pesquisa foi realizada no dia 05 de fevereiro de 2020, com a participação de cerca de 50 indústrias das diversas áreas do setor eletroeletrônico.

– Estamos avaliando a situação de perto – diz o presidente da Abinee, Humberto Barbato, lembrando que a China responde por 42% dos componentes eletrônicos importados pelo setor.

Segundo José Salvino, presidente do SindMetal (Sindicato dos Metalúrgicos) de Jaguariúna, em São Paulo, a empresa Flextronics, que fabrica celulares da Motorola, enviou uma carta alertando sobre o problema. De acordo com Salvino, o setor pode ter 80% das atividades paralisadas. “A medida afeta quase todas as linhas de produção. Desde a semana passada estamos aguardando parecer da multinacional chinesa para ver se há possibilidade de contágio através das peças importadas”, disse.

Do total de insumos importados – que servem de matéria-prima para os produtos que são feitos nas indústrias nacionais – 20% vêm da China. “A participação das importações chinesas é relevante. Se os embarques são interrompidos, pode haver atrasos ou pausas na produção brasileira”, diz Marcos Casarin, economista-chefe para América Latina na Oxford Economics.

Abinee

Conforme o levantamento da Abinee, caso essa situação persista, 22% das empresas pesquisadas sinalizam eventuais paralisações na produção nas próximas semanas, visto que a falta de materiais, componentes e insumos oriundos da China dificulta a continuidade da fabricação de bens do setor eletroeletrônico. Mesmo as entrevistadas que ainda não foram afetadas por esse problema citaram que se o abastecimento de componentes e insumos da China não se normalizar nos próximos 20 dias será muito difícil conseguir manter o mesmo ritmo de atividade nos próximos meses.

“Estamos muito preocupados com os impactos na produção do setor e continuamos avaliando a situação de perto”, afirma o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato.

Vale lembrar que a China é a principal origem das importações de componentes do Brasil, totalizando US$ 7,5 bilhões em 2019, o que representa 42% do total.

Destaca-se também que os demais países da Ásia foram responsáveis por 38% das importações de componentes elétricos e eletrônicos em 2019. Portanto, a região total da Ásia representou 80% da origem dos componentes elétricos e eletrônicos do País.


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