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Brasil

Plano prevê dividir Amazônia em 5 áreas de desenvolvimento, informa Valor Econômico

“A Amazônia é um continente e as pessoas que olham para a região de longe tendem a vê-la como homogênea, o que ela não é”, diz Adalberto Veríssimo, cofundador do Imazon.

Amazônia desperta interesse na União Europeia, diz banco. (Foto:Reprodução))

Um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia Legal, que abrange 59% do território brasileiro com 772 municípios, deve olhar para sua complexidade e as diversas trajetórias de uso da terra. Pesquisadores do “Amazônia 2030”, um amplo projetos de estudos da região, propõem dividir a Amazônia em cinco macrozonas, com base na cobertura florestal remanescente. A partir do reconhecimento das diferenças, visualizam políticas públicas de conservação, avanços sociais e estímulo à economia da floresta em pé. As informações são do jornal Valor Econômico.

“A Amazônia é um continente e as pessoas que olham para a região de longe tendem a vê-la como homogênea, o que ela não é”, diz Adalberto Veríssimo, cofundador do Imazon, um dos principais centros de pesquisa da Amazônia. “Entender as diferenças é pré-condição para qualquer plano de desenvolvimento e conservação ter resultado”, diz ele, um dos coordenadores do “Amazônia 2030”.

O relatório “As Cinco Amazônias: bases para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal” divide a região em cinco zonas. Uma é a “Amazônia florestal”, onde há mais floresta e baixa densidade demográfica; na “Amazônia sob pressão” as taxas de desmatamento são as mais elevadas; na “Amazônia desmatada” há potencial para aumento da produtividade agropecuária e restauração.

Na “Amazônia não florestal” predomina a vegetação de Cerrado. A “Amazônia urbana” concentra 76% da população e onde há que se melhorar saneamento, moradia, mobilidade e até arborização. “Cada macroregião tem agenda distinta. Pensamos que isso pode ajudar a organizar o debate”, diz Veríssimo, que escreveu a abordagem com o economista Juliano Assunção, o outro coordenador do “Amazônia 2030”.

“Combater o desmatamento é pré-condição para o desenvolvimento econômico da Amazônia”, diz Veríssimo. “O combate do desmatamento é uma agenda econômica. É pré- requisito para se melhorar o ambiente de negócios e investimento na região.”

A “Amazônia Florestal” está principalmente no Amazonas e norte do Pará. Ocupa 39% da Amazônia Legal e é onde estão as áreas mais conservadas. O desmatamento só afetou 4% e 96% da macroregião tem floresta em pé. “Aqui o esforço é não permitir desmatamento e pensar em bioeconomia, serviços ambientais, mercado de carbono, produtos não-madeireiros como açaí e castanha”, diz. “O desafio nessa região é de infraestrutura, que tem que ser baseada nos rios. Temos a maior bacia fluvial do planeta, quase totalmente navegável e perene. Tem que se melhorar o transporte fluvial e colocar internet banda larga, para permitir que as populações consigam se comunicar com o mercado”, sugere.

A estratégia na “Amazônia Florestal sob pressão” é outra – ali o desmatamento já atingiu 19% do território, que responde por 29% da Amazônia Legal. “Tem muita floresta, mas a estamos perdendo rápido para a grilagem, garimpo, exploração ilegal de madeira”, diz. São duas agendas na região: de combate ao desmatamento com comando, controle e fiscalização intensiva, criar unidades de conservação e combater a grilagem. “Aqui é o coração da grilagem. É preciso evitar mudanças no marco legal das terras com projetos que irão anistiar grileiros”, sugere.

Na “Amazônia desmatada” (11% do território da AL e 66% já desmatado) existem 34% de florestas, que têm que ser protegidas. “É uma região com muitas áreas privadas e de ocupação antiga. É importante aqui priorizar a regularização fundiária respeitando o rito legal. Assim vai se atrair, por exemplo, a restauração florestal.”

“É uma área importante para melhorar a infraestrutura porque já se tem nessa região muitos troncos rodoviários importantes como a Belém-Brasília e a Cuiabá-Porto Velho e milhares de quilômetros de estradas vicinais e rodovias secundárias. É preciso melhorar a qualidade dessa infraestrutura. Aqui, nessa região, faz sentido. Não faz sentido fazer o asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, e pegaria o coração da Amazônia Florestal. Ali não faz sentido nenhum”, diz.

A Amazônia do Cerrado corresponde à região da produção de soja. “Aqui é respeitar o Código Florestal e recuperar terras abandonadas” diz. Por fim, é nas cidades que vivem 76% das pessoas da Amazônia – é preciso boa internet, coleta de lixo, rede de esgoto, mobilidade, arborização, qualificar mão de obra, saúde e educação.


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