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Manifestantes contra o governo do Irã são levados para clínicas psiquiátricas, revela ministro

Segundo Yousef Nouri, os estabelecimentos que mantêm os jovens têm como objetivo corrigir e reeducar os alunos para evitar comportamentos “anti-sociais”.

Policiais da tropa de choque em uma rua em Teerã, no Irã, em 3 outubro de 2022 WANA (Foto: West Asia News Agency/ Reuters)

Enquanto as mulheres queimam lenços de cabeça e cortam os cabelos em protestos em todo o país, uma autoridade iraniana revelou nesta terça-feira (11) que estudantes de escolas que participam de manifestações de rua estão sendo detidos e levados para instituições de saúde mental.

Em entrevista a um jornal reformista iraniano independente, o ministro da Educação do Irã, Yousef Nouri, confirmou que alguns alunos foram de fato detidos e se referiu ao que ele chamou de “instituições psicológicas”.

Os estabelecimentos que mantêm os jovens, disse ele, têm como objetivo corrigir e reeducar os alunos para evitar comportamentos “anti-sociais”.

“É possível que esses alunos tenham se tornado ‘personagens anti-sociais’ e queremos corrigi-los”, afirmou ele ao jornal Shargh, acrescentando que os alunos “podem voltar às aulas depois de corrigidos”.

Há quase um mês, Mahsa Amini, de 22 anos, morreu após ser levada a um “centro de reeducação” pela “polícia moral” do Estado por não cumprir o código de vestimenta conservador do Irã. A morte de Amini provocou semanas de protestos contra o governo que se espalharam por todo o país.

O ministro da Educação não soube precisar o número de alunos detidos, apontando que “o número não é grande e que não há muitos”.

Meninas e mulheres em todo o Irã desempenharam um papel vital nas manifestações e, nas últimas semanas, fizeram atos em escolas, campos universitários e nas ruas.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram a população feminina do Irã cantando “morte ao ditador” enquanto tiram seus lenços. Em uma ocasião, a CNN testemunhou meninas de uma escola profissionalizante em Teerã protestando em uma rua perto de instituição e gritando: “mulher, vida, liberdade”.

As manifestações, às vezes, se tornaram perigosas. A polícia disparou gás lacrimogêneo contra a população em Teerã na quarta-feira (12), e livrarias e escritórios perto da Universidade de Teerã fecharam suas portas enquanto agentes antimotim perseguiam e disparavam balas de borracha, narrou uma testemunha ocular.

Na Praça Kaj, membros da organização paramilitar iraniana Basij ordenaram que as pessoas se deslocassem e impediram que outras ficassem nas ruas, de acordo com a fonte.

Vídeos obtidos pelo canal ativista pró-reforma IranWire mostraram manifestações em Teerã e outras cidades iranianas.

A polícia e os membros do Basij dispararam gás lacrimogêneo na reunião de advogados iranianos em Teerã, enquanto policiais uniformizados e à paisana foram vistos atirando armas para o ar no oeste de Teerã, dispersando as pessoas do local.

Em uma das ruas comerciais mais movimentadas da cidade, a tropa de choque foi vista se reunindo. Em outro, os manifestantes gritavam “Mulás, desapareçam”.

Imagens de Rasht, a noroeste de Teerã, mostraram a polícia usando equipamento anti-motim, batendo nas pessoas com cassetetes e puxando-as da calçada

Na terça-feira (11), a agência infantil das Nações Unidas, UNICEF, pediu a proteção de crianças e adolescentes em meio à agitação pública no Irã.

“Estamos extremamente preocupados com os contínuos relatos de crianças e adolescentes sendo mortos, feridos e detidos em meio à agitação pública em curso no Irã”, diz o comunicado do UNICEF.


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