Brasil
Líder Guarani-Kaiowá é assassinado por pistoleiros em segundo atentado sofrido em um mês
O primeiro atentado contra Vitorino aconteceu no dia 1º de agosto, também na região de Amambai, em Mato Grosso do Sul.
O líder indígena Vitorino Sanches, de 60 anos, foi morto nesta terça-feira, 13/9, por pistoleiros em Amambai, no Mato Grosso do Sul. O atentado é o segundo que o indígena da etnia Guarani-Kaiowá sofreu em apenas um mês e treze dias. A informação é do jornal O Globo.
Segundo informações divulgadas pela Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani, 35 tiros foram disparados contra Vitorino. Desses, cinco atingiram as costas do indígena, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
“Não suportamos mais tanta dor e luto, precisamos de apoio e proteção, já são meses de ataques e assassinatos presentes em nossos territórios, pedimos apoio e que esse genocídio contra nossos irmãos e irmãs acabe, estamos cansados de tanta dor e perseguição”, escreveu a assembleia representante do povo Kaiowá e Guarani.
O primeiro atentado contra Vitorino aconteceu no dia 1º de agosto, também na região de Amambai. Na época, o carro do comerciante foi alvo de pelo menos 15 disparos de arma de fogo, sendo que dois deles atingiram a vítima no braço e na perna.
Menina de 13 anos assassinada
Na série de violências contra os Guarani-Kaiowá, uma indígena, de apenas 13 anos, foi encontrada morta no último dia 11, em uma propriedade próxima à reserva onde morava na aldeia Jaguapiru, uma das que formam a Reserva Indígena de Dourados (MS). Ariane Oliveira Canteiro havia desaparecido no sábado, 3 de setembro. Ela era neta do Nhanderu (rezador) Getúlio Oliveira, membro da Aty Guasu – a Grande Assembleia Guarani e Kaiowá – e que também tem sofrido ameaças há pelo menos um ano.
Um homem foi preso, suspeito de envolvimento no caso. Ele foi encaminhado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) da cidade. Com depoimento e investigações em andamento, a polícia ainda não forneceu mais detalhes sobre as circunstâncias da morte.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), regional do Mato Grosso do Sul, disse em nota que lamenta o ocorrido e que estão à “serviço do que necessitarem e que lutaremos para que esta violência seja superada”.
“Esperamos, em relação aos pequenos, que ao invés de estarmos indo levar solidariedade em seus precoces funerais, possamos encontrá-los adultos, felizes em seus territórios, celebrando a cultura e o futuro dos quais são sementes no hoje”, concluiu o comunicado.
Atentado contra povo Pataxó
Na última semana, indígenas da etnia Pataxó denunciaram novo ataque de pistoleiros na Aldeia Nova, que fica na cidade de Prado, extremo sul da Bahia. A situação aconteceu entre a noite de terça-feira (6) e a madrugada desta quarta (7), e foi motivada por disputa de terras.
De acordo com comunicado divulgado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o atentado tem ligação com o assassinato de um Pataxó de 14 anos, que foi morto a tiros na madrugada do dia de setembro, na mesma região. Gustavo Conceição da Silva foi morto em um atentado de pistoleiros e não resistiu aos ferimentos.
Ainda segundo a Apib, há mais de três meses os Pataxó vêm sendo aterrorizados com ameaças, coações, tocaias, tiroteios perpetrados por homens encapuzados e fortemente armados com gás lacrimogêneo, fuzis, escopetas calibre 12 e rifles 38.
“Drones sobrevoam as moradias constantemente e as notícias falsas também têm sido amplamente utilizadas, numa guerra de informação criada para difamar as lideranças e apoiadores históricos, a fim de deslegitimar o movimento indígena. A população da região também está aterrorizada e o turismo vem sendo afetado pela escalada de violência”, informou a Articulação em nota.
A Apib e outras entidades indigenistas fizeram uma denúncia junto ao Ministério Público Federal (MPF) para pedir proteção contra os invasores.
Em resposta, o MPF fez uma recomendação à Secretaria de Segurança Pública da Bahia exigindo que envie uma “força tarefa com policiais de fora do extremo sul da Bahia para atuar emergencialmente nas terras indígenas Comexatibá e Barra Velha”; adote medidas para “inibir vínculos contratuais formais ou informais entre policiais militares e fazendeiros”; e garanta uma tramitação “célere e efetiva de procedimentos administrativos para a apurar a participação indevida de policiais militares, ainda que fora de serviço, junto a fazendeiros nos ataques a comunidades indígenas das terras indígenas Comexatibá e Barra Velha.”
O GLOBO procurou a Polícia Militar e Civil da Bahia para saber mais informações sobre as investigações dos atentados, mas ainda não obteve resposta.
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