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Países decidem por corredor de fuga para civis e cessar-fogo temporário entre Rússia e Ucrânia

Segundo o conselheiro ucraniano, uma terceira rodada de negociações será feita nos próximos — datas ainda não foram divulgadas.

Refugiados da Ucrânia chegam a abrigo temporário em Korczowa, na Polônia. (Foto: Crédito: Sean Gallup/Getty Images)

A Rússia e a Ucrânia terminaram a segunda rodada de negociações sobre o conflito que teve início na última quinta-feira (24). Diferente da primeira conversa, hoje, os países decidiram conjuntamente sobre um corredor de fuga para os civis, segundo informações da agência de notícias russa Tass.

“As partes chegaram a um entendimento sobre a criação conjunta de corredores humanitários com um cessar-fogo temporário”, disse o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak.

Os representantes da Rússia e da Ucrânia se reuniram por volta das 11h50 (horário de Brasília), em Gomel, em Belarus. A conversa durou quase três horas. Segundo o conselheiro ucraniano, uma terceira rodada de negociações será feita nos próximos — datas ainda não foram divulgadas.

Nas redes sociais Podolyak lamentou que a segunda rodada “não teve os resultados que a Ucrânia precisa”. “Há decisões apenas sobre a organização de corredores humanitários”, escreveu.

Putin acusa ucranianos e Zelensky pede conversa direta Em entrevista ao vivo hoje à tarde, o presidente russo Vladimir Putin disse que a invasão na Ucrânia acontece “de acordo com o plano” e se referiu aos soldados do seu país como “verdadeiros heróis”. Putin também fez uma homenagem a um soldado morto que, segundo ele, morreu ao detonar uma granada para evitar a própria captura e se referiu a russos e ucranianos como “um só povo”.

Contudo, disse que a população do país vizinho é “vítima de lavagem cerebral por governantes neonazistas”. Ele também acusou os soldados ucranianos de usar civis como escudo humano no conflito.

Já Zelensky, em entrevista para jornalistas, ainda disse que apenas uma conversa diretamente com Putin será capaz de parar a guerra.

O presidente ucraniano também voltou a cobrar que países ocidentais criem uma “zona de exclusão aérea” militarizada nos céus da Ucrânia. “Já dissemos muitas vezes que a Ucrânia precisa de garantias de segurança. E qual foi a resposta da aliança (Otan, a Organização do Tratado Atlântico Norte)? Esperar. Esperar pelo início da guerra”, afirmou.

Início da segunda rodada Nas redes sociais, Podolyak havia dito que os principais temas da segunda conversa seriam o cessar-fogo imediato, armistício e corredores humanitários para saída de civis que estão em “aldeias/cidades destruídas ou constantemente bombardeadas”.

Em um vídeo divulgado pela agência russa Tass após o início da reunião, é possível ver a delegação da Ucrânia entrando em uma sala e apertando as mãos dos russos.

Na última segunda-feira (28), a primeira reunião terminou sem um acordo após cinco horas de conversa. Hoje, antes de chegar para as negociações, David Arajamia, do lado da Ucrânia, publicou nas suas redes sociais que é preciso estabelecer os “corredores humanitários” para retirar de forma segura os civis de áreas de conflito.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky já havia dito anteriormente que a Rússia precisa parar de bombardear seu país se quiser negociar.

Os ataques, entretanto, continuaram nos últimos dias. Hoje, tropas russas voltaram a atacar a cidade de Enerhodar, no sul da Ucrânia. Ontem, moradores da cidade tentaram impedir a entrada das tropas — a região abriga a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior unidade energética da Europa.

Segundo o prefeito da cidade, Dmytro Orlov, os russos dispararam contra o posto de controle e estão usando armas contra civis.A Ucrânia descarta uma rendição e exige o cessar-fogo, assim como a retirada das forças invasoras de seu território. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que o país está pronto para as negociações “para evitar derramamento de sangue” —a informação foi divulgada pela agência russa Tass.

Ligação com Macron

Segundo o jornal norte-americano New York Times e o site Sky News, o presidente russo Vladimir Putin falou por telefone com Emmanuel Macron, presidente da França. O chefe da Rússia teria afirmado que “a desmilitarização e o status neutro da Ucrânia” são seus objetivos e eles seriam alcançados “não importa” como.

Na conversa, segundo o próprio presidente francês, Macron disse que a ideia de Putin de que a Ucrânia faz parte de um regime nazista “era ilusão” do russo. “Você está mentindo para si mesmo”, teria afirmado.

Em comunicado, o governo russo repetiu as declarações dadas por Putin ao presidente francês hoje. Segundo a agência Reuters, Putin afirmou ao presidente da França que quaisquer tentativas de Kiev de atrasar as negociações resultariam em Moscou acrescentando mais itens à lista de exigências.

Macron também falou com Zelensky. O presidente ucraniano teria deixado claro que não vai se render e não pode negociar com uma arma apontada para sua cabeça. No início do dia, o secretário de imprensa da Rússia, Dmitry Peskov, disse que o Kremlin está aberto às tratativas com o país vizinho. Ele não antecipou, porém, quais assuntos seriam discutidos na reunião.

Rússia avança pelo sul da Ucrânia

O oitavo dia da invasão da Rússia à Ucrânia começou com uma nova onda de ataques, atingindo áreas civis pelo país. O foco de atenção está no sul ucraniano. Após os russos tomarem a cidade de Kherson ontem, as cidades portuárias de Mariupol e Odessa são hoje alvo de avanços das forças de Putin. A ONU (Organização das Nações Unidas) já estima em 1 milhão o número de pessoas que fugiram da Ucrânia em razão dos ataques no país.

A Rússia reconhece ter perdido cerca de 500 soldados no conflito, número menor do que os quase 9.000 russos mortos contabilizados pelos ucranianos. Não é possível confirmar a veracidade dos números. A Ucrânia diz ter perdido mais de 2.800 de seus soldados.

A informação é do UOL.


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