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Covid-19 dispara nos EUA, mundo atinge 1 milhão de casos diários e países apertam cerco

Média de mortes, porém, é menor que a registrada em ondas anteriores devido à eficiência da vacinação.

Profissional coleta amostra para teste de Covid-19 em centro de saúde de Baltimore, nos EUA. (Foto: Al Drago/The New York Times)

Os Estados Unidos ultrapassaram pela primeira vez desde o início da pandemia a média de 300 mil casos diários de Covid-19 com o avanço da variante ômicron. O país registrou a marca de 300.886 contaminações na quarta-feira (29) considerando os últimos sete dias —a chamada média móvel.

O índice elevado de contágios contribuiu para que o mundo batesse outro recorde ao registrar média móvel de 1.047.995 casos, segundo dados do Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford.

Em ascensão desde o fim de outubro, o total de infecções cresceu mais de 80% desde 1º de dezembro, em meio à disseminação da variante ômicron do coronavírus, muito mais transmissível.

Os números também estão muito acima da onda mais grave que o planeta já havia enfrentado, em abril deste ano, quando o pico da média móvel havia chegado a ​​827 mil casos. Em escalada desde o fim de outubro, o número de infecções em âmbito global cresceu 46% na última semana em relação à anterior.

O diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, descreveu a atual onda de infecções como “um tsunami de casos”. “Isso está e continuará colocando uma pressão imensa sobre os esgotados trabalhadores da saúde, e os sistemas de saúde estão à beira do colapso”, afirmou.

A média de mortes, porém, continua abaixo da registrada em ondas anteriores da doença —o que, segundo especialistas, pode ser creditado à eficiência da vacinação. Nesta quarta, a média móvel de mortes registradas em todo o mundo foi de cerca de 6.357 óbitos. O índice equivale a 43% do pico registrado em janeiro, quando a imunização em âmbito global estava apenas no início.

Situação semelhante se dá nos EUA, onde os óbitos correspondem a cerca de metade do registrado no período de pico da pandemia no país, com média de 1.546 mortes, contra mais de 3.000 em janeiro deste ano. Desde o começo da pandemia, o país soma mais de 822 mil óbitos provocados pelo vírus.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano anunciou na terça-feira (28) que a variante ômicron já responde por 58,6% dos casos de Covid-19 no país.

Mesmo com o nível de mortes abaixo de outras ondas, o país tem visto crescer o nível de hospitalização de crianças. Entre 21 e 27 de dezembro, as hospitalizações de crianças cresceram 58% no país, enquanto em outras faixas etárias o aumento foi de 19%, de acordo com dados do CDC. Menos de 25% dos 74 milhões de americanos com menos de 18 anos estão vacinados.

Para os especialistas, a expectativa é a de que a ômicron avance ainda mais com a reabertura das escolas na próxima semana após as festas de fim de ano. Médicos afirmam que ainda é cedo para determinar se a variante causa doenças mais graves nos mais jovens, mas apontam que a alta transmissibilidade é um fator-chave para entender o aumento das hospitalizações.

“O que estamos vendo é que as crianças menores de cinco anos não foram vacinadas, então ainda há uma população relativamente grande de crianças desprotegidas, de modo que não têm imunidade preexistente a esse vírus”, diz Jennifer Nayak, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Rochester.

Mesmo em Nova York, que tem uma das taxas de vacinação mais altas dos EUA, apenas cerca de 40% das crianças de 5 a 17 anos estão totalmente vacinadas, em comparação com mais de 80% dos adultos. Não há vacina autorizada no país para crianças com menos de 5 anos de idade.

Médicos têm observado sintomas como dificuldade para respirar, febre alta e desidratação entre os mais jovens. “Eles precisam de ajuda para respirar, precisam de ajuda para obter oxigênio, precisam de hidratação extra. Eles estão doentes o suficiente para acabar no hospital, e isso é assustador para os médicos e para os pais”, disse Rebecca Madan, especialista em doenças infecciosas pediátricas da New York University.

RECORDE DE CASOS FAZ PAÍSES RETOMAREM RESTRIÇÕES

Vários países têm ampliado as restrições para tentar conter o avanço da Covid-19, como a Grécia, que registrou novo recorde nesta quarta-feira. O país proibiu música em bares e restaurantes, além de limitar seu funcionamento a até no máximo meia-noite —no Ano Novo, a autorização se estende até as 2h, mas sempre sem música.

A França também determinou que os bares fechem até as 2h e decidiu proibir as boates. Além disso, limitou as aglomerações, proibiu público em pé em shows, restringiu o serviço em restaurantes a consumidores sentados e voltou a incentivar trabalho remoto e uso de máscaras em ambientes externos.

A Holanda anunciou um novo lockdown até 14 de janeiro, com fechamento de serviços não essenciais. Portugal, uma das nações mais vacinadas do mundo, mandou fechar bares e casas noturnas até 9 de janeiro, período em que o trabalho remoto também será obrigatório, e limitou reuniões públicas a no máximo dez pessoas.

A Alemanha também anunciou limite de dez pessoas para reuniões e o fechamento de casas noturnas, além de suspender o público em partidas de futebol.

Em meio ao avanço da doença na Europa, o papa Francisco cancelou sua tradicional visita de Ano-Novo ao presépio da praça de São Pedro devido à preocupação de propagação do vírus entre a multidão reunida, segundo comunicado do Vaticano.

O pontífice costuma ser recebido pelos fiéis quando visita o local em 31 de dezembro. Mas o Vaticano informou em uma nota de sua agenda que “o evento não acontecerá, para evitar aglomerações e os riscos de contágio”.

Outros continentes também estão endurecendo as restrições. Na Indonésia, com mais de 4,2 milhões de casos confirmados, o governo advertiu que turistas estrangeiros serão deportados da ilha de Bali se forem pegos violando as regras sanitárias no período de festas.

Na Arábia Saudita, as autoridades voltaram a impor medidas de distanciamento social na Grande Mesquita de Meca, cidade sagrada para os muçulmanos, após registrar o maior número de casos de coronavírus em meses.

A informação é da Folha de São Paulo.


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