Amazonas
Amazonas já registra mais casos novos de Covid-19 em dezembro do que em novembro, mostram dados da Vigilância em Saúde
Em dezembro, já foram registrados 2.711 novos casos de Covid-19 no Amazonas, mais do que o dobro dos primeiros 19 dias de novembro
O número de novos casos de Covid-19 no Amazonas teve um aumento de 25,74% nos primeiros 19 dias do mês de dezembro deste ano, se comparado com todo o mês de novembro. A dez dias do fim do ano, o estado já soma 2.711 novos casos, contra 2.156 novas infecções pelo vírus SarsCov-2 em novembro. Os dados constam nos boletins divulgados Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM).
Na comparação com os primeiros 19 dias de dezembro com o mesmo período de novembro, o aumento foi de 127,24%. Do dia 1 ao dia 19 de novembro foram registrados 1.193 novos casos no mês passado.
O epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana alertou que a tendência é que o número de novos casos aumente nos próximos dias em razão do crescimento das aglomerações. Apesar do crescimento, Jesem ressaltou que ainda não é um crescimento exponencial. “Não é possível declarar o crescimento exponencial com esses números, pois há grave subnotificação de casos novos no AM. É muito provável que o número de casos novos aumente expressivamente nas primeiras semanas de janeiro de 2022, o que pode refletir no número de internados e consequentemente de mortos, infelizmente”, alertou o cientista.
Inverno
Questionado se o aumento dos novos casos se dá em razão somente do período chuvoso que incide no Amazonas e sobre o motivo para um crescimento de novos casos de Covid-19, em meio à vacinação, disse que a situação climática amazonense é semelhante aos demais estados da Amazônia.
“O Amazonas tem um clima muito parecido ao do restante dos estados amazônicos. O que o diferencia em relação aos demais é a negligência sanitária das autoridades e de parte considerável da sua população. Não é honesto culpar exclusivamente a natureza. Na realidade, um conjunto de fatores determina o cenário atual, com destaque para o relaxamento generalizado, tanto das autoridades como das pessoas, especialmente àquelas que acham que vacina sozinha faz milagre ou que não aderem às medidas farmacológicas ou não-farmacológicas que visam conter a circulação viral”, disse o cientista.
Jesem Orellana salientou que o número de novos casos pode disparar com a variante Ômicron. “Muitos estudos têm mostrado que a reinfeção pelo novo coronavírus é um fato, desde 2020. Mas, esse número parece ser mais expressivo com a Ômicron, o que é algo muito preocupante e que liga o alerta vermelho de que o pior sempre é possível, em se tratando do novo coronavírus”, afirmou.
Suspeita
Indagado se a Fiocruz Amazônia recebeu material genético de casos suspeitos da variante Ômicron no Amazonas, Jesem Orellana respondeu que “caso suspeito sempre tem em um cenário de transmissão comunitária”. “Temos recebido amostras constantemente na Fiocruz/Amazônia, mas a divulgação fica a cargo da FVS, que muitas vezes demora semanas para avisar as vigilâncias e a população. Não há exemplo mais atual do que a confirmação do primeiro caso da variante Delta em Parintins, comunicado quase duas semanas depois da sua circulação e notificação pela Secretaria Municipal de Saúde”, acrescentou.
“Aqui, também poderíamos lembrar do vexame na tardia e extemporânea detecção da Gama (P.1). Infelizmente, temos extraído poucas lições positivas na pandemia, apesar de termos sido dupla e desumanamente castigados. Até hoje, não temos vigilância genômica com ampla cobertura e efetividade no interior do AM e jamais fizemos testagem em massa nas escolas ou em outros pontos estratégicos de cidades como Manaus, por exemplo. Um total descaso e parece que apenas se preocupam em abrir leitos e contar mortos”, disse.
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