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Amazonas

Em novo artigo, cientistas afirmam que negligência de governos deixou população de Manaus exposta à Covid-19

Artigo científico servirá de base jurídica no Tribunal de Haia por crime de genocídio cometido na pandemia.

Na CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello transferiu as responsabilidades da crise do oxigênio para Wilson Lima (à dir)

Quanto da população já foi exposta e é vulnerável à Covid-19 em Manaus, epicentro da doença no Brasil? Essa é a pergunta e o título do artigo assinado pelo pesquisadores Lucas Ferrante, Luiz Henrique Duczmal, Wilhelm Alexander Steinmetz, Alexandre Celestino Leite Almeida, Jeremias Leão, Ruth Camargo Vassão, Unaí Tupinambás e Philip Martin Fearnside, publicado nesta semana, no periódico científico Journal of Racial and Ethnic Health Disparities.

O artigo apresenta um modelo epidemiológico que mostra que Manaus nunca esteve perto de chegar a imunidade de rebanho, como tentaram fazer acontecer os governos federal e estadual. E as medidas tomadas na busca da imunidade de rebanho ajudaram a causar a segunda onda na cidade e o surgimento da variante gama, deixando, até hoje, a população à mercê de Covid-19.

Lucas Ferrante, que é doutorando do Programa em Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), disse que o artigo mede, em diferentes pontos, em Manaus, o número de pessoas que foram expostas ao vírus e também o número das que continuam suscetíveis ao vírus. Segundo ele, os números mostram que a segunda onda da pandemia na cidade foi consequência do retorno das aulas presenciais, “estratégia do governo Bolsonaro, com o ministro Pazuello e o governador do Amazonas, Wilson Lima, para tentar alcançar a imunidade de rebanho”.

Ferrante afirmou que o artigo expõe a culpabilidade e a negligência do governador, do presidente e do ex-ministro da Saúde pelo caos sanitário ocorrido em Manaus na segunda onda da pandemia da Covid-19. “Esses agentes públicos são responsáveis. Esta foi uma ação do governo federal e governo do Amazonas para tentar promover este retorno precoce que desencadeou tanto a segunda onda quanto o aparecimento da variante Gama, que foi responsável por ⅔ das mortes do país”, disse.

O pesquisador informou que o artigo científico está nas mãos de juristas internacionais que vão leva-lo ao Tribunal de Haia, que fará o julgamento de denúncia de genocídio no Brasil durante a pandemia. “Este artigo desencadeará mais uma denúncia no Tribunal de Haia. Eles precisam ser julgados pelos seus crimes”, disse Ferrante.

O artigo concluiu que menos de 50% da população de Manaus teve contato com SARS- CoV-2 até meados de outubro de 2020, ou seja, que a imunidade de rebanho jamais foi alcançada na capital. “Nossos resultados também indicam que a segunda onda da Covid-19 em Manaus teve início em outubro de 2020, sendo gerada pelo retorno às aulas presenciais, em setembro, e não pela variante Gama, que apareceu apenas em novembro”, diz a publicação.

Os pesquisadores apontam que houve negligência dos governos no combate à pandemia no Amazonas, que afrouxaram medidas de isolamento social que culminaram para o descontrole da Covid-19. E diz que correligionários do presidente defenderam a redução do isolamento social com base na imunidade de rebanho e ainda se engajaram no lobby contra a vacinação.

Em agosto de 2020, quatro meses antes do pico, em janeiro de 2021, Ferrante e outros cientistas previram, em entrevistas ao 18horas, a segunda onda da Covid-19 em Manaus, ao comentar que as medidas políticas adotadas tanto pelo governador Wilson Lima quanto pelo presidente Jair Bolsonaro e sua equipe culminaram para o descontrole sanitário da pandemia no Estado.


2 Comentários

2 Comentários

  1. sidney 02/10/21 - 09:57

    criticar o governo e fácil vocês sabem resolver a solução do problema não sou da esquerda e nem da direita só penas analiso a situação dos problemas que nosso país estar passando.

  2. Michel 02/10/21 - 18:27

    isso é falta de ciencia ou mal caratismo, associar ao governo federal a culpa disso enquanto o stf tirava o poder do presidente.

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